Logo ASBAI

Revista oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI
Revista oficial da Sociedad Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunología SLaai

Brazilian Journal of Allergy and Immunology (BJAI)

Março 2022 - Volume 6  - Número 1

Editorial

1 - Surfando a terceira onda

Surfing the third wave

Pedro Giavina-Bianchi

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):1-3

PDF Português PDF Inglês

ARTIGOS ESPECIAIS

2 - Diretriz Latino-americana sobre o Diagnóstico e Tratamento da Alergia Ocular - Em nome da Sociedade Latinoamericana de Alergia, Asma e Imunologia (SLAAI)

Latin American Guideline on the Diagnosis and Treatment of Ocular Allergy - On behalf of the Latin American Society of Allergy, Asthma and Immunology (SLAAI)

Herberto Jose Chong-Neto; Alfonso Cepeda; Ana Sofia Moreira; Andrea Leonardi; Cristine Rosário; Dirceu Solé; Elizabeth Maria Mercer Mourão; Fábio Chigres Kuschnir; Fábio Ejzembaum; Fausto Matsumoto; Francisco M. Vieira; Gennaro D'amato; German Dario Ramon; Gesmar Rodrigues Silva Segundo; Giorgio Walter Canonica; Gustavo Falbo Wandalsen; Hector Badelino; Ignácio Ansotegui; Ivan Oswaldo Tinoco; João Negreiros Tebyriçá; Jose E. Gereda; Juan Carlos Sisul Alvariza; Leonard Bielory; Luis Felipe Ensina; Maria Isabel Rojo Gutiérrez; Maria Susana Repka-Ramirez; Marilyn Urrutia Pereira; Marina Fernandes A. Cheik; Mario Sanchez Borges; Marylin Valentin Rostan; Patricia Latour Staffeld; Pedro Piraino; Raphael Coelho Figueredo; René Maximiliano Gomez; Rodrigo Rodrigues Alves; Rubén Horacio Pulido; Nelson Augusto Rosário

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):4-48

Resumo PDF Português PDF Inglês

A alergia ocular, também conhecida como conjuntivite alérgica (CA), é uma reação de hipersensibilidade mediada por imunoglobulina E (IgE) do olho desencadeada por aeroalérgenos, principalmente ácaros da poeira doméstica e pólen de gramíneas. Os sintomas geralmente consistem em prurido ocular ou periocular, lacrimejamento e olhos vermelhos que podem estar presentes durante todo o ano ou sazonalmente. A alergia ocular tem frequência elevada, é subdiagnosticada e pode ser debilitante para o paciente. É potencialmente danosa para a visão, nos casos em que ocasiona cicatrização corneana grave, e na maioria dos pacientes associa-se a outros quadros alérgicos, principalmente rinite, asma e dermatite atópica. É classificada em conjuntivite alérgica perene, conjuntivite alérgica sazonal, ceratoconjuntivite atópica e ceratoconjuntivite vernal. O diagnóstico procura evidenciar o agente etiológico e a confirmação se dá pela realização do teste de provocação conjuntival. O tratamento baseia-se em evitar o contato com os desencadeantes, lubrificação, anti-histamínicos tópicos, estabilizadores de mastócitos, imunossupressores e imunoterapia específica com o objetivo de obter o controle e prevenir as complicações da doença.

Descritores: Alergia ocular; conjuntivite alérgica; rinoconjuntivite.

3 - Introdução dos alimentos no primeiro ano de vida e prevenção da alergia alimentar: quais as evidências?

Introduction of food in the first year of life and food allergy prevention: what is the evidence?

Jackeline Motta Franco; Lucila Camargo Lopes de-Oliveira; Ana Paula Beltran Moschione Castro; Fabiane Pomiecinski; Ana Carolina Rozalem Reali; Ariana Campos Yang; Bárbara Luiza de Britto Cançado; Germana Pimentel Stefani; Ingrid Pimentel Cunha Magalhães Souza Lima; José Carlison Santos de-Oliveira; José Luiz Magalhães Rios; Nathalia Barroso Acatauassú Ferreira; Renata Rodrigues Cocco; Valéria Botan Gonçalves; Norma de Paula M. Rubini; Emanuel Sarinho

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):49-57

Resumo PDF Português PDF Inglês

OBJETIVO: A incidência das doenças alérgicas cresceu nas últimas décadas. Na tentativa de conter o aumento da alergia alimentar (AA) ao longo dos anos, estratégias de prevenção vêm sendo implementadas. Para promover um melhor entendimento dos dilemas que permeiam a introdução alimentar no primeiro ano de vida, esse artigo trata de uma revisão bibliográfica narrativa sobre a introdução dos alimentos complementares no primeiro ano de vida e possíveis associações com a prevenção primária da alergia alimentar.
FONTE DOS DADOS: Publicações relevantes foram pesquisadas nas bases de dados Cochrane Library, MEDLINE, PubMed, Guidelines International Network, National Guidelines Clearinghouse e revisadas recomendações do guia e do consenso nacional de alergia alimentar.
RESULTADOS: Estudos observacionais diversos e ensaios clínicos randomizados estão disponíveis, bem como recomendações publicadas por organizações científicas; no entanto, de qualidade variável. Foram consideradas as recomendações de diretrizes de prática clínica classificadas como de alta qualidade e publicações recentes ainda não categorizadas de forma sistemática em sua qualidade, mas internacionalmente reconhecidas como relevantes para a atenção primária.
CONCLUSÃO: Até o momento, não há evidências consistentes de que a introdução precoce, antes dos 6 meses, dos alimentos alergênicos, contribua para a prevenção de alergia a alimentos na população geral.

Descritores: Prevenção primária; hipersensibilidade alimentar; alimentos infantis; desenvolvimento infantil; ingestão de alimentos.

4 - Posicionamento da ASBAI sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a COVID-19 com a vacina Comirnaty/ Pfizer/BioNTech - 27/12/2021

ASBAI's position on vaccination of children aged 5 to 11 years against COVID-19 with the Comirnaty/Pfizer/BioNTech vaccine - 12/27/2021

Ana Karolina Barreto Berselli Marinho; Lorena de Castro Diniz; Bianca Noleto Ayres Guimarães; Clarissa Morais Busatto Gerhardt; Cláudia França Cavalcante Valente; Claudia Leiko Yonekura Anagusko; Fátima Rodrigues Fernandes; Gisele Feitosa Zuvanov Casado; Mônica de Araújo Álvares da Silva; Newton Bellesi; Ronney Correa Mendes; Dewton de Moraes Vasconcelos; Ekaterini Simões Goudouris; Pedro Giavina-Bianchi; Emanuel Savio Cavalcanti Sarinho

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):58-62

Resumo PDF Português PDF Inglês

A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) se manifesta totalmente favorável à imunização contra a COVID-19 em indivíduos entre 5 e 11 anos, para a proteção não somente deste grupo, mas também de seus conviventes. A vacinação de crianças, demonstrada sua eficácia e segurança, é fundamental para o controle da circulação do vírus e proteção de indivíduos cuja resposta vacinal pode não ocorrer de modo eficiente, como os imunocomprometidos e idosos. A imunização de pessoas entre 5 e 11 anos deve ser uma estratégia de saúde pública fundamental para o controle da pandemia que nos assola desde março de 2020 com todas as suas graves consequências para a saúde pública e a economia.

Descritores: Vacinas contra COVID-19; imunização; criança.

Artigos de Revisão

5 - Atualização em reações de hipersensibilidade aos anestésicos locais

Update on local anesthetics hypersensitivity reactions

Fernanda Casares Marcelino; Mara Morelo Rocha Felix; Maria Inês Perelló Lopes Ferreira; Maria Fernanda Malaman; Marcelo Vivolo Aun; Gladys Queiroz; Inês Cristina Camelo-Nunes; Ullissis Pádua Menezes; Adriana Teixeira Rodrigues; Denise Neiva de Aquino; Luiz Alexandre Ribeiro da Rocha; Ana Carolina D'Onofrio e Silva; Tânia Maria Gonçalves Gomes; Diogo Costa Lacerda

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):63-70

Resumo PDF Português PDF Inglês

Os anestésicos locais são essenciais em diversos procedimentos médicos e odontológicos. Funcionam estabilizando as membranas neuronais e inibindo a transmissão de impulsos neurais, o que permite a realização desses procedimentos com mais segurança e sem dor. As reações adversas a drogas são definidas pela Organização Mundial da Saúde como todos os efeitos nocivos, não intencionais e indesejáveis de uma medicação, que ocorrem em doses usadas para prevenção, diagnóstico e tratamento. As reações de hipersensibilidade são reações adversas do tipo B, imprevisíveis, que clinicamente se assemelham a reações alérgicas e podem ou não envolver um mecanismo imune. As reações de hipersensibilidade verdadeiras aos anestésicos locais são raras, apesar de superestimadas. Nesta revisão destacamos a necessidade de uma avaliação completa dos pacientes com suspeita de reação alérgica aos anestésicos locais, incluindo a investigação de outros possíveis alérgenos que tenham sido utilizados no procedimento, como analgésicos, antibióticos e látex. A estratégia de investigação e seleção de pacientes para testes deve se basear na história clínica. Dessa forma, poderemos fornecer orientações mais assertivas e seguras aos pacientes.

Descritores: Anestésicos locais; ésteres; amidas; hipersensibilidade a drogas; lidocaína.

6 - Alergia a frutos do mar: principais desafios na alimentação e soluções desenvolvidas por alunos do curso de nutrição e gastronomia

Seafood allergy: main challenges in their diet and solutions developed by students of the nutrition and gastronomy course

Maria Jaqueline Nenevê; Breno Matheus Barbosa; Felipe Davanço Messias; Carine Varela dos-Reis; João Victor Bini; Bruna Oliveira Linke; Carolina Quadros Camargo

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):71-83

Resumo PDF Português PDF Inglês

A alergia alimentar caracteriza-se por uma reação adversa a um determinado alimento, envolvendo um mecanismo imunológico. Uma das alergias mais comuns encontradas atualmente é a alergia a frutos do mar, a qual se baseia em uma hipersensibilidade a animais desse grupo. O objetivo desta pesquisa é identificar os desafios expostos na alimentação de alérgicos a frutos do mar e formular soluções para essa população baseadas em alimentos nutricionalmente substitutos. Sendo realizado em três etapas: investigação inicial, construção de conceitos e planejamento de uma ação com orientações nutricionais. De acordo com as dificuldades encontradas na alimentação dessa parcela populacional, realizaram-se diferentes preparações, com nutrientes como ômega-3, proteínas, vitaminas do complexo B, zinco, ferro, potássio, magnésio, iodo e selênio, os quais também são encontrados nos frutos do mar, a fim de evitar possíveis contaminações cruzadas e garantir seu aporte nutricional em alimentos substitutos. Foi possível concluir que os alérgicos aos frutos do mar não apresentam uma interferência significativa em sua qualidade de vida, tendo um impacto nutricional pequeno, visto que por meio da alimentação existem outras fontes, necessitando somente de alguns cuidados no dia a dia em virtude das consequências de uma possível contaminação.

Descritores: Hipersensibilidade alimentar; frutos do mar; alérgenos; nutrientes substitutos.

7 - Infecções graves por SARS-CoV-2 com uso de tocilizumabe

Severe infections by SARS-CoV-2 with the use of tocilizumab

Albervania Reis Paulino; Anne Caroline Matos dos Santos; Rubenrhaone Alberto Paulino; João Salviano Rosa Neto; Matheus Alves Jordão; Pedro Stefano Françoso; Cecilia Guimarães Barcelos; Renan Almeida e Silva; Webert Fernando Reis

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):84-90

Resumo PDF Português PDF Inglês

O SARS-CoV-2 é causador da doença infecciosa COVID-19. A infecção estimula o sistema imunológico a produzir citocinas pró-inflamatórias. A principal citocina envolvida é a IL-6, e está ligada à gravidade da doença. Devido à associação dos altos níveis de IL-6 com a mortalidade na COVID-19, investiga-se sobre o uso de tocilizumabe (TCZ), um anticorpo monoclonal humanizado antirreceptor de IL-6 humana. O objetivo desta revisão sistemática é avaliar a eficácia do uso do TCZ em pacientes com COVID-19 grave. As buscas foram feitas através das bases de dados Science Direct e PubMed em setembro de 2021. Foram incluídos os ensaios clínicos randomizados com pacientes em um único estágio de COVID-19, casos graves e sem restrição de idade, os quais receberam o TCZ como medicação de intervenção combinado a tratamentos protocolados por cada hospital e associado a corticosteroides. A análise desses estudos demonstrou resultados significantes sobre o uso de TCZ em casos severos de COVID-19. O uso de TCZ associado a glicocorticoides levou a uma redução no índice de mortalidade e de submissão a ventilações mecânicas e a uma melhora expressiva em relação à escala "WHO-endorsed 7-point ordinal scale". Entretanto, não houve melhora relevante quanto ao uso do TCZ de maneira isolada.

Descritores: COVID-19; anticorpos monoclonais; Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica.

8 - Poluição do ar e saúde respiratória

Air pollution and respiratory health

Faradiba Sarquis Serpa; Valderio Anselmo Reisen; Eliana Zandonade; Higor Cotta Aranda; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):91-99

Resumo PDF Português PDF Inglês

O aumento da prevalência de doenças respiratórias crônicas coincide com o da exposição aos poluentes atmosféricos pelo crescente processo de industrialização, aumento do tráfego veicular e migração da população para áreas urbanas. A poluição do ar é uma mistura complexa de poluentes e outros compostos químicos tóxicos e não tóxicos, e o efeito na saúde pode derivar dessa mistura e da interação com parâmetros meteorológicos. Apesar disso, busca-se estabelecer o papel de um poluente específico em separado e consideram-se os parâmetros meteorológicos como fatores de confusão. Há evidências de que a exposição aos poluentes contribui para maior morbidade e mortalidade por doenças respiratórias, especialmente nas crianças, mesmo em concentrações dentro dos padrões estabelecidos pela legislação. Identificar os efeitos dos poluentes no sistema respiratório, isoladamente e em associação, é um desafio, e os estudos têm limitações devido à variabilidade de resposta individual, a presença de doenças pré-existentes, aos fatores socioeconômicos, às exposições a poluentes intradomiciliares, ocupacionais e ao tabaco. A maioria das evidências sobre o efeito dos poluentes no sistema respiratório de crianças deriva de estudos que incluem desfechos de função pulmonar. Entretanto, esses estudos têm diferenças quanto ao desenho, ao método de avaliação de exposição aos poluentes, às medidas de função pulmonar, às covariáveis consideradas como capazes de alterar a resposta aos poluentes e aos tipos de modelos utilizados na análise dos dados. Considerar todas essas diferenças é fundamental na interpretação e comparação dos resultados dessas pesquisas com os dados já existentes na literatura.

Descritores: Poluição do ar; doenças respiratórias; material particulado; poluentes atmosféricos; criança.

9 - Asma tem cura?

Is asthma curable?

Hisbello da Silva Campos

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):100-107

Resumo PDF Português PDF Inglês

A asma é o produto de processos coordenados, interligados e complexos que têm origem nos genes/epigenética, microbioma e ambiente/estilo de vida. Os medicamentos atualmente disponíveis não são capazes de interferir com a inserção da asma no organismo. A abordagem terapêutica atual envolve fármacos que visam controlar os sintomas e antagonizar parte dos efeitos de algumas das citocinas envolvidas. Dessa forma, o tratamento atual visa o controle da asma e não a sua cura. Mecanismos epigenéticos traduzem os estímulos microbiômicos e ambientais em comportamento celular alterado. Por essa razão, a identificação de marcadores epigenéticos certamente apontará novos alvos terapêuticos e, idealmente, estratégias para reverter o comportamento celular alterado no trato respiratório. Aí, sim, poderíamos dizer que a asma tem cura.

Descritores: Asma; epigenômica; tratamento biológico.

Artigos Originais

10 - Avaliação da qualidade de vida de pacientes com urticária crônica em Aracaju - Sergipe

Analysis of the quality of life of patients with chronic urticaria in Aracaju - Sergipe

Catarina Fagundes Moreira; Juliana Monroy Leite; Julianne Alves Machado; Adriana de Oliveira Guimarães

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):108-115

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: A urticária crônica é uma doença com prevalência em pelo menos 0,1% da população, definida pela presença de pápulas pruriginosas, angioedema ou ambos por período superior a seis semanas. Os pacientes com urticária crônica têm um severo prejuízo na qualidade de vida.
OBJETIVO: Avaliar o impacto da urticária crônica na qualidade de vida dos portadores da doença dentro de um serviço especializado no estado de Sergipe.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo observacional a partir de dados coletados de 40 pacientes atendidos, em 2021, no Serviço de Alergia e Imunologia do Ambulatório de Alergia e Imunologia do Decós Day Hospital, através de dois questionários específicos para a avaliação da qualidade de vida na urticária crônica: o Chronic Urticaria Quality of Life Questionnaire e o Urticaria Control Test.
RESULTADOS: Foi possível identificar uma correlação positiva, através do questionário Urticaria Control Test, entre a intensidade dos sintomas e a piora da qualidade de vida (r = 0,774; p < 0,001). Também foi possível identificar uma correlação positiva entre a intensidade dos sintomas e a piora da qualidade de vida, desta vez mensurada pela escala Chronic Urticaria Quality of Life Questionnaire (r = 0,768; p < 0,001). Noventa por cento dos pacientes afirmaram se sentir cansados durante o dia porque não dormiram bem, 87,5% sentem dificuldade para se concentrar, 90% sentem-se nervosos, 80% afirmaram sentirem-se para baixo, 75% disseram ter vergonha das lesões da urticária que aparecem no corpo, e 60% tem vergonha de frequentar lugares públicos.
CONCLUSÕES: A urticária crônica compromete a qualidade de vida, medida pelos questionários Urticaria Control Test e Chronic Urticaria Quality of Life Questionnaire. O comprometimento da qualidade de vida dos doentes com urticária crônica ocorre principalmente nos aspectos psicológicos, nos relacionamentos sociais e na qualidade do sono.

Descritores: Urticária crônica; qualidade de vida; inquéritos e questionários.

11 - Avaliação da expressão da filagrina em biópsias esofágicas de pacientes com esofagite eosinofílica

Evaluation of philagrin expression in esophageal biopsies of patients with eosinophilic esophagitis

Fernando Monteiro Aarestrup; Klaus Ruback Bertges; Alvaro Dutra Presto; Laetitia Alves Cinsa; Luiz Carlos Bertges; Matheus Fonseca Aarestrup; Paula Fonseca Aarestrup; Thais Abranches Bertges; Beatriz Julião Vieira Aarestrup

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):116-121

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: Mutações do gene da filagrina vêm sendo associadas, classicamente, a alterações da barreira epitelial em doenças alérgicas com comprometimento da pele e das superfícies mucosas. Particularmente na dermatite atópica, a relação entre filagrina, mecanismo fisiopatológico e evolução clínica tem sido demonstrada. Recentemente, alterações da barreira epitelial com redução da expressão da filagrina, também têm sido associadas a mecanismos imunológicos envolvidos na patogênese da esofagite eosinofílica. Devido a disfunções na barreira epitelial, microrganismos e alérgenos são capazes de penetrarem no epitélio da mucosa esofágica, assim como na dermatite atópica.
OBJETIVO: Avaliar a possível correlação da expressão da filagrina com os achados histopatológicos em biópsias esofágicas de pacientes com esofagite eosinofílica.
MÉTODOS: A expressão da filagrina foi investigada in situ, por imuno-histoquímica, em biópsias esofágicas nos seguintes grupos: Grupo I, controle (n=8), amostras provenientes de pacientes saudáveis; Grupo II (n=27), amostras provenientes de pacientes com esofagite eosinofílica.
RESULTADOS: Os resultados demonstraram uma diminuição da expressão da filagrina na mucosa do esôfago de portadores de esofagite eosinofílica. Adicionalmente, a intensidade da marcação imuno-histoquímica foi menor na mucosa esofágica com maior infiltração de eosinófilos.
CONCLUSÃO: A diminuição da expressão de filagrina pode ser um fenomeno fisiopatológico associado ao aumento da quantidade de eosinófilos na mucosa esofágica, podendo impactar na evolução clínica da esofagite eosinofílica.

Descritores: Esofagite eosinofílica; imuno-histoquímica; mucosa esofágica; dermatite atópica.

Comunicações Clínicas e Experimentais

12 - Urticária aquagênica: relato de caso e revisão de literatura

Aquagenic urticaria: a case report and literature review

Bruna Gehlen; Isadora França de Almeida Oliveira Guimarães; Giovanna Cobas Pedreira; Jorge Kalil; Antônio Abilio Motta; Rosana Câmara Agondi

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):122-126

Resumo PDF Português PDF Inglês

A urticária aquagênica é uma forma rara de urticária crônica induzida (UCInd) desencadeada por um estímulo específico. A patogênese não é totalmente compreendida, mas os sintomas se iniciam minutos após a exposição cutânea à água, independentemente de sua temperatura, e as urticas têm o padrão foliculocêntricas. O diagnóstico é confirmado através do teste de provocação, e o tratamento de primeira linha são os anti-histamínicos de segunda geração. Neste artigo, relatamos um caso de urticária aquagênica e fazemos uma breve revisão da literatura sobre o tema.

Descritores: Urticária crônica; prurido; antagonistas dos receptores histamínicos H1.

13 - Anemia hemolítica autoimune na doença de Castleman multicêntrica: relato de caso

Autoimmune hemolytic anemia in multicentric Castleman's disease: case report

Marcos Tadeu Nolasco da-Silva; Katariny Parreira de Oliveira Alves; Izilda Aparecida Cardinalli; Amanda Avesani Cavotto Furlan; Priscila Machado Fernandes

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):127-133

Resumo PDF Português PDF Inglês

A doença de Castleman é um distúrbio linfoproliferativo raro, podendo se manifestar sob a forma de massas localizadas ou como doença multicêntrica. A doença de Castleman multicêntrica é caracterizada por adenopatias generalizadas, visceromegalias, manifestações autoimunes e infecções recorrentes. Este artigo apresenta o relato de caso de anemia hemolítica autoimune por anticorpos quentes em paciente com doença de Castleman multicêntrica. Resposta eficaz foi obtida com uso de corticoterapia sistêmica e tocilizumabe.

Descritores: Hiperplasia do linfonodo gigante; anemia hemolítica autoimune; anticorpos monoclonais.

14 - Tuberculose intratorácica na forma pseudotumoral e óssea como manifestação de doença granulomatosa crônica

Intrathoracic tuberculosis in the pseudotumoral and bone form as a manifestation of chronic granulomatous disease

Priscilla Filippo A. M. Santos; Antonio Condino-Neto; Lillian Nunes Gomes; Claudete Araújo Cardoso

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):134-140

Resumo PDF Português PDF Inglês

A doença granulomatosa crônica (DGC) é um erro inato da imunidade de fagócitos, e ocorre em decorrência de mutações que afetam componentes da enzima NADPH oxidase. Os pacientes são suceptíveis a infecções graves e letais por fungos e bactérias. O objetivo deste trabalho é relatar o caso de um lactente com DGC que apresentou manifestação clínica de tuberculose (TB) intratorácica na forma pseudotumoral e óssea iniciada no período neonatal. O diagnóstico de DGC foi realizado através do teste de DHR e, após o início da profilaxia com sulfametoxazol-trimetroprima e itraconazol, o paciente manteve-se estável clinicamente. A mãe e a irmã também apresentaram DHR alterados, a análise genética revelou uma mutação ligada ao X no exon 2 do gene CYBB c.58G>A, levando uma alteração em G20R. É fundamental que o diagnóstico seja realizado o mais precocemente possível, a fim de instituir as orientações aos familiares e tratamento adequado, reduzindo assim complicações infecciosas e melhorando prognóstico.

Descritores: Doença granulomatosa crônica; doenças da imunodeficiência primária; tuberculose.

15 - Angioedema hereditário e Aspergilose broncopulmonar alérgica: uma associação inesperada

Hereditary angioedema and Allergic bronchopulmonary aspergillosis: an unexpected association

Laise Fazanha Sgarbi; Sérgio Duarte Dortas-Junior; Maria Luiza Oliva Alonso; Alfeu Tavares França; Solange Oliveira Rodrigues Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):141-143

Resumo PDF Inglês

Angioedema hereditário (AEH) é uma doença autossômica dominante; aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) é uma doença de hipersensibilidade pulmonar relacionada ao esporo de Aspergillus fumigatus, mais suscetível em pacientes com asma e fibrose cística, ambas são consideradas doenças raras. Apresentamos um caso de AEH e ABPA em um paciente. O diagnóstico de AEH foi confirmado com exames laboratoriais: C4 = 3 mg/dL, C1INH < 2,8 mg/dL - nefelometria. Prova de função pulmonar evidenciou aumento de VR e VR/CVF, sugerindo doenças de pequenas vias aéreas. Teste de puntura positivo para A. fumigatus (03 mm); IgE total = 3.100 IU/mL (nefelometria - BNII Siemens), eosinofilia 11% (528/mm3) e IgG específica para A. fumigatus 6,8 mgA/L (FEIA - ThermoFisher), TC de tórax evidenciou impactação mucoide, consistente com ABPA. Controlar ABPA pode prevenir e reduzir as crises de angioedema e os danos ao tecido pulmonar. O diagnóstico precoce de ambas as doenças deve ser enfatizado para reduzir a morbimortalidade.

Descritores: Angioedema hereditário tipos I e II; aspergilose broncopulmonar alérgica; asma; bradicinina; angioedemas hereditários.

CARTA AO EDITOR

16 - Células T αβ duplo negativas para o diagnóstico de ALPS e ALPS-like - os valores do critério diagnóstico de ALPS de 2010 são adequados?

Double Negative (DN) αβ T Cells for the diagnosis of ALPS and ALPS-like - are the 2010 ALPS diagnostic criteria values adequate?

Fernanda Pinto-Mariz; Elaine Sobral da Costa; Ekaterini Simões Goudoris

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(1):144-145

PDF Português PDF Inglês

Junho 2022 - Volume 6  - Número 2

Editoriais

1 - Decifra-me ou te devoro - desvendando o enigma da urticária crônica

Decipher me or I will devour you - Unraveling the enigma of chronic urticaria

Fábio Chigres Kuschnir

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):147-8

PDF Português PDF Inglês

2 - As novas diretrizes de angioedema hereditário: qual é o seu papel?

The new hereditary angioedema guidelines: what is its role?

Anete Sevciovic Grumach

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):149-50

PDF Português PDF Inglês

ARTIGOS ESPECIAIS

3 - Diretrizes brasileiras do angioedema hereditário 2022 - Parte 1: definição, classificação e diagnóstico

2022 Brazilian guidelines for hereditary angioedema - Part 1: definition, classification, and diagnosis

Régis A. Campos; Faradiba Sarquis Serpa; Eli Mansour; Maria Luiza Oliva Alonso; Luisa Karla Arruda; Marcelo Vivolo Aun; Maine Luellah Demaret Bardou; Ana Flávia Bernardes; Fernanda Lugão Campinhos; Herberto Jose Chong-Neto; Rosemeire Navickas Constantino-Silva; Jane da Silva; Sérgio Duarte Dortas-Junior; Mariana Paes Leme Ferriani; Joanemile Pacheco de Figueiredo; Pedro Giavina-Bianchi; Lais Souza Gomes; Ekaterini Goudouris; Anete Sevciovic Grumach; Marina Teixeira Henriques; Antônio Abilio Motta; Therezinha Ribeiro Moyses; Fernanda Leonel Nunes; Jorge A. Pinto; Nelson Augusto Rosario-Filho; Norma de Paula M. Rubini; Almerinda Maria do Rêgo Silva; Dirceu Solé; Ana Julia Ribeiro Teixeira; Eliana Toledo; Camila Lopes Veronez; Solange Oliveira Rodrigues Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):151-169

Resumo PDF Português PDF Inglês

O angioedema hereditário é uma doença autossômica dominante caracterizada por crises recorrentes de edema que acometem o tecido subcutâneo e o submucoso, com envolvimento de diversos órgãos. Os principais locais afetados são face, membros superiores e inferiores, as alças intestinais e as vias respiratórias superiores. Em decorrência da falta de conhecimento dessa condição por profissionais de saúde, ocorre atraso importante no seu diagnóstico, comprometendo a qualidade de vida dos indivíduos afetados. Além disso, o retardo no diagnóstico pode resultar em aumento da mortalidade por asfixia devido ao edema de laringe. A natureza errática das crises com variação do quadro clínico e gravidade dos sintomas entre diferentes pacientes, e no mesmo paciente ao longo da vida, se constitui em desafio no cuidado dos doentes que têm angioedema hereditário. O principal tipo de angioedema hereditário é resultante de mais de 700 variantes patogênicas do gene SERPING1 com deficiência funcional ou quantitativa da proteína inibidor de C1, porém nos últimos anos outras mutações foram descritas em seis outros genes. Ocorreram avanços importantes na fisiopatologia da doença e novas drogas para o tratamento do angioedema hereditário foram desenvolvidas. Nesse contexto, o Grupo de Estudos Brasileiro em Angioedema Hereditário (GEBRAEH) em conjunto com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) atualizou as diretrizes brasileiras do angioedema hereditário. O maior conhecimento dos diversos aspectos resultou na divisão das diretrizes em duas partes, sendo nessa primeira parte abordados a definição, a classificação e o diagnóstico.

Descritores: Angioedema, angioedema hereditário, diagnóstico, classificação, diagnóstico diferencial.

4 - Diretrizes brasileiras de angioedema hereditário 2022 - Parte 2: terapêutica

2022 Brazilian guidelines for hereditary angioedema - Part 2: therapy

Régis A. Campos; Faradiba Sarquis Serpa; Eli Mansour; Maria Luiza Oliva Alonso; Luisa Karla Arruda; Marcelo Vivolo Aun; Maine Luellah Demaret Bardou; Ana Flávia Bernardes; Fernanda Lugão Campinhos; Herberto Jose Chong-Neto; Rosemeire Navickas Constantino-Silva; Jane da Silva; Sérgio Duarte Dortas-Junior; Mariana Paes Leme Ferriani; Joanemile Pacheco de Figueiredo; Pedro Giavina-Bianchi; Lais Souza Gomes; Ekaterini Goudouris; Anete Sevciovic Grumach; Marina Teixeira Henriques; Antônio Abilio Motta; Therezinha Ribeiro Moyses; Fernanda Leonel Nunes; Jorge A. Pinto; Nelson Augusto Rosario-Filho; Norma de Paula M. Rubini; Almerinda Maria do Rêgo Silva; Dirceu Solé; Ana Júlia Ribeiro Teixeira; Eliana Toledo; Camila Lopes Veronez; Solange Oliveira Rodrigues Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):170-196

Resumo PDF Português PDF Inglês

O tratamento do angioedema hereditário tem início com a educação dos pacientes e familiares sobre a doença, pois é fundamental o conhecimento da imprevisibilidade das crises, assim como os seus fatores desencadeantes. O tratamento medicamentoso se divide em terapia das crises e profilaxia das manifestações clínicas. As crises devem ser tratadas o mais precocemente possível com o uso do antagonista do receptor de bradicinina, o icatibanto ou o concentrado de C1-inibidor. É necessário estabeler um plano de ação em caso de crises para todos os pacientes. A profilaxia de longo prazo dos sintomas deve ser realizada preferencialmente com medicamentos de primeira linha, como concentrado do C1-inibidor ou o anticorpo monoclonal anti-calicreína, lanadelumabe. Como segunda linha de tratamento temos os andrógenos atenuados. Na profilaxia de curto prazo, antes de procedimentos que podem desencadear crises, o uso do concentrado de C1-inibidor é preconizado. Existem algumas restrições para uso desses tratamentos em crianças e gestantes que devem ser consideradas. Novos medicamentos baseados nos avanços do conhecimento da fisiopatologia do angioedema hereditário estão em desenvolvimento, devendo melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O uso de ferramentas padronizadas para monitorização da qualidade de vida, do controle e da atividade da doença são fundamentais no acompanhamento destes pacientes. A criação de associações de pacientes e familiares de pacientes com angioedema hereditário tem desempenhado um papel muito importante no cuidado destes pacientes no nosso país.

Descritores: Angioedema hereditário, tratamento farmacológico, tratamento de emergência, qualidade de vida, tratamento biológico.

5 - Guia prático de urticária para grupos especiais de pacientes

Practical guide to urticaria for special patient groups

Larissa Silva Brandão; Janaina Michelle Lima Melo; Gabriela Andrade Dias; Eli Mansour; Rozana de Fátima Gonçalves; Carolina Tavares De-Alcântara; Fernanda Lugao Campinhos; Daniela Farah Teixeira Raeder; Leila Vieira Borges Trancoso-Neves; Régis de Albuquerque Campos; Solange Oliveira Rodrigues Valle; Rosana Câmara Agondi; Alfeu Tavares Franca; Luis Felipe Chiaverini Ensina

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):197-213

Resumo PDF Português PDF Inglês

A urticária crônica é uma condição que afeta mais de um milhão de brasileiros, com grande impacto na qualidade de vida. Mesmo com diretrizes bem difundidas para o seu diagnóstico e tratamento, seu manejo pode ser desafiador em pacientes pediátricos, idosos e gestantes. Para auxiliar o médico especialista nestes casos, o Departamento Científico de Urticária da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia elaborou esta revisão com as principais dúvidas e dificuldades referentes ao tema nestes grupos de pacientes.

Descritores: Urticária crônica, criança, idoso, gravidez, lactação.

6 - Guia prático de urticária aguda

Practical guide to acute urticaria

Carolina Tavares de Alcântara; Daniela Farah Teixeira Raeder; Fernanda Lugao Campinhos; Larissa Silva Brandão; Régis de Albuquerque Campos; Alfeu Tavares Franca; Rozana de Fátima Gonçalves; Eli Mansour; Janaina Michelle Lima Melo; Solange Oliveira Rodrigues Valle; Gabriela Andrade Dias; Leila Vieira Borges Trancoso-Neves, Rosana Câmara Agondi; Luis Felipe Chiaverini Ensina

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):214-24

Resumo PDF Português PDF Inglês

A urticária aguda é uma causa frequente de consulta com alergistas, caracterizada por urticas e/ou angioedema. Embora autolimitada e benigna, pode causar desconforto significativo e raramente representar uma doença sistêmica grave ou reação alérgica com risco de vida. Nesta revisão, elaborada pelo Departamento Científico de Urticária da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, foram abordadas as principais questões referentes ao tema para auxiliar o médico especialista e generalista.

Descritores: Urticária, angioedema, diagnóstico, terapêutica.

Artigos de Revisão

7 - Alergia alimentar não IgE mediada: proctocolite induzida por proteínas alimentares - Atualização

Non-IgE mediated food allergy: food protein-induced allergic proctocolitis - An update

José Luiz Magalhães Rios; Sandra Maria Epifânio Bastos Pinto; Liziane Nunes de Castilho Santos; Eliane Miranda da Silva; Natalia Rocha do Amaral Estanislau; Maria Fernanda Andrade Melo e Araujo Motta; Flavia de Carvalho Loyola

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):225-38

Resumo PDF Português PDF Inglês

Nas últimas décadas observa-se aumento na prevalência mundial de alergia alimentar, que já acomete aproximadamente 6% das crianças, atribuído à interação entre fatores genéticos, ambientais e alterações na resposta imunológica e pode envolver reações mediadas por IgE, não mediadas e mistas. As formas não IgE mediadas decorrem de reação de hipersensibilidade tardia, mediada por linfócitos T e afetam prioritariamente o trato gastrointestinal, como a Síndrome da enterocolite induzida por proteína alimentar (FPIES), Síndrome da proctocolite alérgica induzida por proteína alimentar (FPIAP), Síndrome da enteropatia induzida por proteína alimentar (FPE) e doença celíaca. As características destas reações podem ser diferenciadas por sua apresentação clínica, gravidade, idade de início e história natural. Entre as reações alérgicas aos alimentos não IgE mediadas, a proctocolite alérgica é a mais frequente. Geralmente ocorre no primeiro ano de vida e apresenta excelente prognóstico. Embora costume ter um curso benigno, traz grande preocupação aos cuidadores por frequentemente cursar com quadro de hematoquezia exigindo diagnóstico diferencial adequado. O conhecimento e manejo da proctocolite alérgica é de suma importância para a prática médica em Alergia e Imunologia. Seu diagnóstico é baseado na história clínica seguindo-se dieta de exclusão, especialmente do leite de vaca, com subsequente provocação oral, que geralmente pode ser realizada no domicílio. O diagnóstico preciso é importante, para se evitar dietas de exclusão desnecessárias. Nesta revisão foram utilizados artigos publicados nos últimos anos, com busca realizada através da base PubMed envolvendo revisões, diagnóstico e tratamento de alergias não IgE mediadas, com foco em proctocolite alérgica.

Descritores: Hipersensibilidade alimentar, diarreia infantil, hemorragia gastrointestinal, hipersensibilidade ao leite, aleitamento materno.

8 - Imunologia da tuberculose: uma revisão narrativa da literatura

Tuberculosis immunology: a narrative literature review

Ana Cristina Favre Paes Barreto Alves; Alex Isidoro Ferreira Prado; Iukary Takenami

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):239-50

Resumo PDF Português PDF Inglês

A resposta imune desenvolvida pelo hospedeiro contra o Mycobacterium tuberculosis é considerada de natureza complexa e multifacetada. Esta interação bacilo-hospedeiro resulta, na maioria das vezes, em uma infecção latente assintomática, podendo ou não evoluir para a forma ativa da tuberculose (TB). O presente estudo objetivou atualizar e sumarizar o conhecimento científico acerca dos mecanismos imunológicos associados à infecção e sua progressão para a TB ativa. Trata-se de uma revisão narrativa, realizada a partir do levantamento bibliográfico de artigos científicos indexados nas bases de dados PubMed/MEDLINE e SciELO, nos últimos 20 anos. Nas últimas décadas, a caracterização de linfócitos Tγδ, MAIT, iNKT e outra células T CD1 restritas proporcionaram um maior entendimento do papel da imunidade inata na infecção pelo bacilo. A migração de linfócitos T CD4+ produtores de IFN-g, TNF-α e de outras moléculas solúveis, promove o recrutamento e formação do granuloma, estrutura que beneficia tanto o hospedeiro quanto o bacilo. Eventualmente, um desequilíbrio nesta complexa rede de interação, resulta em uma resposta inflamatória exacerbada que contribui para o desenvolvimento de um granuloma necrótico. Por fim, a exaustão da resposta imune local frente à contínua exposição ao bacilo, associada ao perfil anti-inflamatório dos linfócitos Th2 e linfócitos Treg, favorecem a inativação funcional e, consequentemente, o desenvolvimento da doença ativa. A resposta imunológica é crucial para o desenvolvimento da infecção por M. tuberculosis. Portanto, estudos que possibilitem uma maior compreensão sobre a interação bacilo-hospedeiro podem viabilizar o desenvolvimento de novos métodos diagnósticos, estratégias terapêuticas e, sobretudo, avanços no desenvolvimento de imunobiológicos.

Descritores: Tuberculose, Mycobacterium tuberculosis, imunidade, granuloma.

9 - Vacinação e exercício: imunologia em ação em tempos de pandemia

Vaccination and exercise: immunology in action in pandemic times

Sérgio Duarte Dortas-Junior; Guilherme Gomes Azizi; Solange Oliveira Rodrigues Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):251-5

Resumo PDF Português PDF Inglês

A COVID-19 é a enfermidade causada pelo SARS-CoV-2, descrita em 2019, em Wuhan. Desde então, causou a morte de milhões de pessoas. A doença caracteriza-se entre sintomas gripais e gastrointestinais, podendo evoluir com gravidade. A importância de compreender como melhorar a eficácia da vacinação levou à investigação de fatores que podem influenciar a resposta imune. A prática de exercícios foi identificada como um fator que pode melhorar a função imunológica e, portanto, ser um potencial adjuvante para respostas imunes. O treinamento crônico, ou altos níveis de atividade física durante um período prolongado (mês/anos) e, separadamente, o exercício agudo - a realização de uma única sessão de exercício (minutos/horas), são dois segmentos relacionados à resposta imunológica ao exercício físico. O exercício agudo é conhecido por gerar efeitos de curto prazo sobre o sistema imune, mas parecem existir efeitos contrastantes entre sessões de exercícios moderados e exercícios prolongados. Na ausência de uma medicação profilática ou tratamento efetivo, a existência de vacinas e associação com a prática de exercícios, particularmente em populações em risco de disfunção imunológica, como idosos, deve ser estimulada. Assim, nesta revisão os autores buscam dissertar e hipotetizar sobre os efeitos do exercício nas respostas à vacinação. Enfim, a prática de exercícios se apresenta como adjuvante dos efeitos imunológicos sobre a vacinação, todavia, com o andamento da vacinação global para SARS-CoV-2, serão necessários estudos com acompanhamento regular para que possamos avaliar a correlação entre a atividade física e a resposta imunológica a estes imunizantes.

Descritores: Imunologia, exercício físico, vacinação.

10 - A pandemia de COVID-19 e o seu impacto à saúde planetária

The COVID-19 pandemic and its impact on planetary health

Raphael Coelho Figueredo; Marilyn Urrutia-Pereira; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):256-61

Resumo PDF Português PDF Inglês

A pandemia de COVID-19 deu ao mundo uma imagem clara do que é uma crise multidimensional em escala planetária, revelando o papel central que ocupa o setor de saúde e as profundas desigualdades no acesso aos cuidados em saúde que existem entre os diferentes países, e dentro de cada um deles. Melhorar os efeitos ambientais do setor e reduzir as emissões de gases de efeito estufa pode não apenas melhorar a saúde de todos, mas também reduzir os custos com os cuidados em saúde. O setor de saúde de cada país libera direta e indiretamente gases de efeito estufa ao fornecer seus serviços e ao comprar produtos, serviços e tecnologias em uma cadeia de fornecimento de carbono intensivo. Educar os profissionais de saúde mais profundamente sobre os efeitos das mudanças climáticas pode levar a práticas clínicas mais sustentáveis, melhorando os resultados para os pacientes e fornecendo um impulso substancial para aumentar os esforços para reduzir as emissões de carbono. O setor da saúde deve assumir a responsabilidade por sua pegada climática respondendo à crescente emergência climática, não apenas prestando assistência aos doentes, feridos ou moribundos como resultado da crise climática e suas causas, mas também fazendo a prevenção primária e reduzindo drasticamente suas próprias emissões.

Descritores: Pandemia, emissões de carbono, saúde planetária.

Artigos Originais

11 - Conhecimentos e práticas sobre telemedicina entre alergistas e imunologistas brasileiros

Telemedicine knowledge and practices among Brazilian allergists and immunologists

Renan Augusto Pereira; Paula de Sá Barreto; Ana Carolina da Matta Ain;Juliano Coelho Philippi, Anna Clara Rabha, Valéria Soraya de Farias Sales; Norma de Paula M. Rubini; Dirceu Solé; Emanuel Sarinho; Herberto Jose Chong-Neto

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):262-70

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: O objetivo deste estudo foi avaliar as características das práticas de telemedicina (TM) entre médicos alergistas/imunologistas (A/I) brasileiros e avaliar seu conhecimento sobre as recomendações regulatórias.
MÉTODOS: Uma pesquisa eletrônica autorreferida foi enviada por e-mail uma vez por semana entre agosto e outubro/2021 a 2.600 médicos A/I brasileiros.
RESULTADOS: 205 (7,9%) participantes preencheram os formulários. 143 (70,2%) médicos usaram TM em sua prática clínica, e 184 (89,9%) nunca o usaram antes da pandemia de COVID-19. Dentre os médicos, 192 (93,8%) utilizaram a TM para consultas de acompanhamento, 186 (91%) para verificação de exames complementares e 136 (66,7%) nas primeiras consultas. Cento e quarenta e três médicos A/I (70,2%) sentiram-se seguros em seu diagnóstico por meio da TM, e 7 (3,5%) responderam que não conseguiram encontrar um diagnóstico correto usando a TM. Os principais benefícios da TM relatados foram: maior acessibilidade, principalmente em áreas mais distantes 159 (77,6%), redução dos custos de deslocamento 158 (77,1%) e segurança quanto à transmissão do COVID-19 145 (71,2%). Por outro lado, algumas desvantagens da TM foram listadas pelos participantes: ausência de exame físico 183 (89,7%), relação médico-paciente fragilizada 59 (28,8%) e problemas de Internet 45 (22%). Em relação ao campo jurídico/ético, 105 (51,4%) dos especialistas aplicaram o termo de consentimento e 34 (16,7%) registraram a teleconsulta, ambas as etapas exigidas em uma consulta de TM, conforme recomendações regulatórias locais. Além disso, plataformas online inadequadas para TM, como aplicativos de mídia social e programas de reuniões online não específicos, foram relatadas como sendo usadas por 131 (64,1%) dos participantes. Oitenta (40%) não leram as declarações e recomendações oficiais que regulamentam a prática da TM no Brasil.
CONCLUSÕES: Observou-se um uso crescente de TM no Brasil, influenciado principalmente pela pandemia de COVID-19. Apesar de ser ferramenta útil na pandemia, com vantagens e desvantagens, há necessidade de conhecer as recomendações regulatórias.

Descritores: Telemedicina, consulta remota, alergia e imunologia.

12 - Caracterização da fauna dos ácaros de poeira na cidade do Rio de Janeiro e sua importância em diagnósticos de alergias

House dust mite fauna characterization in the city of Rio de Janeiro and its importance in allergy diagnosis

Matheus S. Abreu; Anderson B. A. Matos; Francisca C. S. Silva; Yordy E. Licea; Maria Clara G. Pedrosa; Daniel V. R. Silva; Diana M. A. García

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):285-91

Resumo PDF Inglês

INTRODUÇÃO: O ambiente domiciliar é um dos espaços favoráveis para o desenvolvimento de ácaros, tendo em vista a baixa luminosidade, umidade e temperatura, o que contribui para os crescentes casos de alergias em indivíduos atópicos.
OBJETIVO: Investigar o perfil faunístico dos ácaros na cidade do Rio de Janeiro e o potencial alergêncio para essa região.
MÉTODOS: Foram coletadas 30 amostras de poeira em residências na cidade do Rio de Janeiro, e as espécies encontradas foram classificadas quanto à morfologia, família e o gênero por chave de classificação. Para as regiões das coletas, a carga total de proteínas contendo os alérgenos foi determinada pelo método de Lowry e eletroforese em condições desnaturantes (SDS-PAGE).
RESULTADOS: Os resultados mostram a predominância de 84,9% de ácaros da família Pyroglyphidae; para os demais ácaros o percentual corresponde a 8% Tyrophagus putrescentiae, 6% Blomia tropicalis, 1% Cheyletus malaccensis, e 0,1% de Acarus siro. O conteúdo proteico alergêncio constituinte das amostras foram, grupo 1: 25 kDa (Der 1, Der p 1 e Blo t 1); grupo 2: 15 kDa (Der f 2, Der 2, Tyr p 2 e Blo t 2); e para o grupo 3: 29-30 kDa (Der f 3 e Blo t 3), o que indica uma região passível à sensibilização de indivíduos por estes ácaros.
CONCLUSÃO: O conhecimento da acarofauna nas regiões em estudo permite orientar a comunidade médica quanto à realização de testes cutâneos, além da terapêutica a partir do pool de extratos de ácaros contendo os antígenos, a fim de tornar a imunoterapia mais eficaz.

Descritores: Ácaros, identificação, alérgenos.

Comunicações Clínicas e Experimentais

13 - Pitiríase liquenoide pós-vacinação contra COVID-19: um relato de caso

Pityriasis lichenoides after COVID-19 vaccination: a case report

Isabela Ceschin Maestri; Monica Preto Guimarães; Tsukiyo Kamoi; Rafaela Ceschin Fernandes, Renato Nisihara

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):292-4

Resumo PDF Português PDF Inglês

O artigo aborda o primeiro relato de caso que associa o desenvolvimento de pitiríase liquenoide com a vacinação contra a COVID-19. Em uma revisão literária foram encontrados escassos estudos que associam a pitiríase liquenoide como reação a outras vacinas. O mecanismo de desenvolvimento da doença ainda não é bem conhecido. Sabe-se apenas que se trata de uma reação inflamatória imunomediada. O diagnóstico da pitiríase liquenoide é clínico e é considerado um desafio, devido ao grande número de diagnósticos diferenciais e das diferentes formas de apresentação da doença. Desse modo, a maioria dos casos exige amparo na biópsia e em exames laboratoriais. As opções terapêuticas podem incluir o uso de antibióticos e imunossupressores. Destaca-se ainda a efetividade da fototerapia como tratamento de escolha da pitiríase liquenoide, podendo proporcionar uma resolução quase que completa das lesões e não causar efeitos sistêmicos que outras terapias poderiam trazer.

Descritores: Pitiríase liquenoide, vacinas contra COVID-19, vacinas.

14 - Dupilumabe no tratamento de rinossinusite crônica com pólipo nasal em adolescente

Dupilumab in the treatment of chronic rhinosinusitis with nasal polyps in adolescents

Caroline Pinto Pássaro; Sérgio Duarte Dortas-Junior; Nathássia da Rosa Paiva Bahiense Moreira; Fabiana Chagas da-Cruz; José Elabras-Filho; Priscila Novaes Ferraiolo , Solange Oliveira Rodrigues Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):295-9

Resumo PDF Português PDF Inglês

O uso do anticorpo monoclonal dupilumabe em adultos tem possibilitado o controle da inflamação crônica, reduzindo significativamente o tamanho e a recorrência de novos pólipos, melhorando os sintomas nasais e, consequentemente, a qualidade de vida desses indivíduos. Relatamos o caso de uma adolescente que evidencia a eficácia de dupilumabe no tratamento da rinossinusite crônica com pólipo nasal.

Descritores: Sinusite, asma, anticorpo monoclonal.

CARTAS AO EDITOR

15 - The Peruvian Association of Patients with Hereditary Angioedema and COVID-19 vaccination

The Peruvian Association of Patients with Hereditary Angioedema and COVID-19 vaccination

Oscar Manuel Calderon

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):300-1

PDF Inglês

16 - Diagnóstico diferencial entre a anafilaxia induzida por exercícios e a urticária colinérgica

Differential diagnosis between exercise-induced anaphylaxis and cholinergic urticaria

Mario Geller

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(2):302-3

PDF Português PDF Inglês

Setembro 2022 - Volume 6  - Número 3

Editorial

1 - Asma na infância: a adesão ao tratamento é fundamental para atingir-se o controle?

Childhood asthma: is adherence to treatment essential for achieving control?

Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):305-306

PDF Português PDF Inglês

ARTIGO ESPECIAL

2 - Atualização em reações de hipersensibilidade aos anti-inflamatórios não esteroidais - Parte 1: definições, farmacologia, epidemiologia, fisiopatologia e fatores genéticos

Update on hypersensitivity reactions to nonsteroidal anti-inflammatory drugs - Part 1: definitions, pharmacology, epidemiology, pathophysiology, and genetics

Marcelo Vivolo Aun; Rosana Câmara Agondi; Diogo Costa Lacerda; Ullissis Pádua Menezes; Maria Inês Perelló; Adriana Teixeira Rodrigues; Ana Carolina D'Onofrio-Silva; Tânia Maria Gonçalves Gomes; Luiz Alexandre Ribeiro da-Rocha; Denise Neiva Santos de Aquino; Fernanda Casares Marcelino; Gladys Queiroz; Maria Fernanda Malaman; Inês Cristina Camelo-Nunes; Mara Morelo Rocha Felix

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):307-317

Resumo PDF Português PDF Inglês

Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) estão entre os medicamentos mais utilizados no mundo e são os fármacos mais frequentemente associados à ocorrência de reações de hipersensibilidade na América Latina. As reações têm grande variabilidade de apresentações clínicas e, consequentemente, com abordagem terapêutica difícil. Nesta revisão, abordamos aspectos farmacológicos dos AINE, bem como as definições, epidemiologia e fisiopatologia das reações de hipersensibilidade aos AINE. Por fim, discutimos aspectos genéticos associados à intolerância e alergia a esses fármacos.

Descritores: Anti-inflamatórios não esteroidais, hipersensibilidade, farmacologia/fisiopatologia, genética.

Artigos de Revisão

3 - Reações adversas aos anticorpos monoclonais para doenças alérgicas

Adverse reactions to monoclonal antibodies in allergic diseases

Sérgio Duarte Dortas-Junior; Aldo José Fernandes Costa; Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci; Filipe W. Sarinho; Faradiba Sarquis Serpa; Eduardo Costa Silva; João Negreiros Tebyriça; Nelson Augusto Rosario-Filho; Norma de Paula M. Rubini; Régis de Albuquerque Campos

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):318-324

Resumo PDF Português PDF Inglês

A utilização de agentes imunobiológicos em alergia e imunologia tem sido cada vez mais frequente nos últimos anos, emergindo como potencialmente eficazes para o tratamento de doenças alérgicas e de hipersensibilidade. O uso de imunobiológicos em doenças alérgicas está recomendado nas formas graves onde a eficácia, segurança e custo-efetividade estão comprovados. O objetivo deste artigo é sintetizar os efeitos adversos mais comuns ou significativos, incluindo as reações de hipersensibilidade aos principais anticorpos monoclonais aprovados para o tratamento de doenças alérgicas licenciados e comercializados no Brasil até o momento.

Descritores: Anticorpos monoclonais, asma, efeitos colaterais e reações adversas relacionados a medicamentos, dermatite atópica, urticária.

4 - Aspectos evolutivos dos fenômenos imunopatológicos com ênfase na COVID-19

Evolutionary aspects of immunopathological phenomena with emphasis on COVID-19

Selma Giorgio; Pedro Henrique Gallo-Francisco

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):325-330

Resumo PDF Português PDF Inglês

A seleção natural é o principal mecanismo da evolução das espécies, e favorece fenótipos com defesas imunes efetivas contra patógenos. Entretanto, há uma grande variação das respostas imunes entre os indivíduos da espécie humana e a ocorrência de fenômenos imunopatológicos. A infecção com o vírus da família Coronaviridae, SARS-CoV-2, responsável pela doença conhecida como COVID-19, induz a respostas imunes inflamatórias exacerbadas e à tempestade de citocinas, nos casos graves. Nesta revisão discutiremos, à luz da Evolução, esse aparente paradoxo entre as respostas imunes, e os três principais fatores que contribuem para a manutenção dos fenótipos hiperativos: o custo-benefício das respostas imunes, a coevolução e a história de vida da espécie.

Descritores: SARS-CoV-2, citocinas, evolução biológica.

5 - Inibidores de JAK no tratamento da dermatite atópica

JAK inhibitors in the treatment of atopic dermatitis

Luiza de Bortolli Nogueira; Débora Carla Chong-Silva; Nelson Augusto Rosário Filho; Herberto José Chong-Neto

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):331-343

Resumo PDF Português PDF Inglês

A dermatite atópica é a doença inflamatória cutânea mais prevalente mundialmente. A via JAK/STAT tem papel importante no mecanismo da doença e as pequenas moléculas inibidores de JAK são fármacos com grande potencial de uso na dermatite atópica. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura na base de dados PubMed, utilizando os termos "atopic dermatitis" e/ou "JAK inhibitors" e/ou "small molecules" entre 2017 e 2022. Foram incluídos os resultados disponíveis de estudos de fase 3, avaliando o uso de inibidores de JAK em apresentações tópicas e sistêmicas. Entre 646 estudos, foram selecionados 37 em humanos que avaliaram a eficácia e segurança dos inibidores de JAK. Os resultados do uso, quando bem indicados, mostraram-se positivos e em alguns casos superiores a outros tratamentos já preconizados para o controle da dermatite atópica, com um bom perfil de segurança.

Descritores: Dermatite atópica, inibidores de JAK, pequenas moléculas.

Artigos Originais

6 - Qualidade de vida de acordo com o controle e gravidade da asma em pacientes pediátricos atendidos em um hospital em Belém do Pará

Quality of life according to asthma control and severity in pediatric patients at a hospital in Belém do Pará, north of Brazil

Maria Emilia da Silva Coelho; Gabriele Arja de Abreu; Mariane Cordeiro Alves Franco; José Tadeu Colares Monteiro; Lilian França dos Santos Monteiro Pereira

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):344-353

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: A asma é uma doença inflamatória obstrutiva crônica que, mesmo com baixa letalidade, pode prejudicar a qualidade de vida das crianças e adolescentes. Estabelecer o quanto a gravidade da asma e o seu controle podem influenciar na qualidade de vida dos pacientes pode auxiliar em um melhor desfecho para os pacientes.
OBJETIVO: Avaliar a qualidade de vida em crianças asmáticas de acordo com o controle de sintomas e a gravidade da doença.
MÉTODOS: Estudo transversal com inclusão de crianças asmáticas de 7 a 13 anos de idade acompanhadas no ambulatório de pneumologia pediátrica da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPa). Dados sociodemográficos e clínicos foram obtidos por meio de uma ficha de identificação e do prontuário. O controle de sintomas foi avaliado pelo Teste de Controle da Asma e a gravidade foi determinada com base nos critérios do Global Initiative for Asthma. Para avaliação da qualidade de vida foi utilizado o Paediatric Asthma Quality of Life Questionnaire (PAQLQ).
RESULTADOS: Foram entrevistados 45 pacientes (57,7% meninos) com média de idade de 9,53±1,89 e mediana de 9 anos. Destes, 19, 11 e 15 foram classificados, respectivamente, com asma controlada (AC), asma parcialmente controlada (APC) e asma não controlada (ANC). Quanto à gravidade, 25, 19 e 1 foram classificados, respectivamente, com asma leve (AL), asma moderada (AM) e asma grave (AG). O grupo AC, quando comparado ao APC e ANC, apresentou maiores valores no escore geral do PAQLQ e em todos os domínios (p < 0,05). Quanto à adesão ao tratamento, verificou-se que pacientes com adesão terapêutica têm aproximadamente três vezes mais chance de ter prejuízo mínimo ou ausente na qualidade de vida do que pacientes não aderentes.
CONCLUSÃO: Crianças asmáticas têm comprometimento da qualidade de vida relacionado ao inadequado controle dos sintomas e à não adesão terapêutica.

Descritores: Asma, qualidade de vida, criança.

7 - Mudanças na sazonalidade de polens de Poaceae em Curitiba

Seasonal changes in Poaceae pollen counts in Curitiba, south of Brazil

Juliana Francis de Camargo; Ricardo H. M. Godoi; Cristine Secco Rosário; Nelson Augusto Rosario

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):354-359

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: Doenças alérgicas afetam de 10 a 30% da população mundial, e polens são frequentes desencadeantes. A polinose é doença decorrente da sensibilização ao pólen e é a forma sazonal da rinite alérgica e/ou asma mediada pela imunoglobulina E (IgE). A família Poaceae tem o maior número de gêneros de plantas que contribuem para a polinose, pois liberam alta quantidade de pólen na atmosfera e são largamente distribuídas.
OBJETIVO: O presente trabalho quantificou a concentração de polens da família Poaceae na atmosfera de Curitiba e comparou a curva de distribuição de polens com os dados das décadas de 1980 e 90. Também classificou a concentração diária de pólen de gramíneas segundo a National Allergy Bureau (NAB).
MÉTODO: O equipamento de amostragem foi o captador volumétrico Hirst, instalado a uma altura de aproximadamente 25 metros.
RESULTADOS: O pico de concentração diária de pólen total ocorreu no começo do mês de agosto, correspondendo a 302 grãos/m3. O mês de agosto também concentrou oito dos maiores picos diários de pólen total, sendo sete deles superiores a 200 grãos/m3. Foi encontrado pólen Poaceae ao longo de todo o ano e o maior pico de concentração foi de 27 grãos/m3 em agosto e setembro. Nas décadas de 80 e 90, os picos de polens foram no mês de novembro e período de polinização entre outubro e abril. Isso não foi observado no ano de 2018, uma vez que a época de polinização das gramíneas se adiantou, com início em agosto, e o pico de concentração foi em de agosto e setembro.
CONCLUSÃO: Este estudo mostra que houve mudança na estação polínica. Os dois picos de dispersão de polens de Poaceae se repetem ao longo dos anos, mas têm sido encontrados em outros meses. Pacientes com alergia a polens podem ter sintomas por exposição fora das estações determinadas anteriormente.

Descritores: Pólen, rinite alérgica sazonal, conjuntivite alérgica.

8 - Avaliação da adesão ao tratamento da asma em crianças: a influência do atendimento especializado

Assessment of asthma treatment adherence in children: the influence of specialized care

Rafael Aureliano Serrano; Isabela Grazia de Campos; Bárbara Padilha Aroni; Jessé Lana; Carlos Antônio Riedi; Herberto Jose Chong-Neto; Débora Carla Chong-Silva; Nelson Augusto Rosario-Filho

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):360-368

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO:A asma é a doença crônica mais prevalente na infância. O controle da doença é desafiador, porém fundamental para evitar exacerbações graves e danos em longo prazo. Estudos em adultos já mostraram que a baixa adesão medicamentosa, bem como aos cuidados do ambiente, impactam no controle da doença.
OBJETIVO: Conhecer a adesão ao tratamento da asma na população pediátrica e associá-lo ao controle da doença e outras variáveis clínicas.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo observacional transversal onde foram incluídos 104 pacientes com asma, acompanhados no Serviço de Alergia, Imunologia e Pneumologia Pediátrica do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Foram realizadas entrevistas com base em questionários sobre adesão ao uso de medicação, controle ambiental e crenças populares sobre a asma.
RESULTADOS: Foi possível identificar uma correlação positiva entre pacientes que acreditavam em um ou mais mitos sobre a asma e pior adesão ao uso da medicação (p = 0,025). Também foi possível identificar uma relação significativa, entre uma boa adesão à medicação e o controle total da asma (p = 0,038) medido pelo Asthma Control Test (ACT) de 25 pontos. Cinquenta e um por cento dos participantes entrevistados relatou boa e ótima adesão ao controle de ambiente.
CONCLUSÃO: A adesão e o controle de ambiente avaliados foram satisfatórios na população de crianças asmáticas de um ambulatório de referência. As crenças populares mostraram influência na adesão e no controle da asma dos pacientes entrevistados. Os achados reforçam a importância da comunicação assertiva entre médico e paciente, bem como do papel da educação da asma também voltada para a população pediátrica.

Descritores: Asma, criança, tratamento farmacológico, adesão à medicação.

9 - Anafilaxia durante o primeiro ano de vida em pacientes com alergia à proteína do leite de vaca

Anaphylaxis during the first year of life of infants with cow's milk protein allergy

Giovanna Hernandes y Hernandes; Larissa Marinovich; Rosane Vieira; Cynthia Mafra Fonseca de Lima; Cleonir de Morais Lui Beck; Antonio Carlos Pastorino; Ana Paula Beltran Moschione Castro

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):369-375

Resumo PDF Português PDF Inglês

OBJETIVO: Descrever as manifestações de anafilaxia precoce em lactentes com alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e descrever as condutas terapêuticas utilizadas.
MÉTODO: Estudo observacional transversal retrospectivo que analisou pacientes com APLV atendidos no Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da FMUSP, entre 1990-2015, que apresentaram sintomas de alergia no primeiro ano de vida, com diagnóstico de anafilaxia, comparados a pacientes alérgicos sem anafilaxia desencadeada por ingestão de leite de vaca. Os pacientes foram caracterizados de maneira epidemiológica, tipo de sintoma apresentado e tratamento realizado. Os dados foram analisados no programa estatístico GraphPad software Inc. Para avaliar a associação entre categorias, foi utilizado o Teste Exato de Fisher, e para comparações entre grupos, o Teste de Mann Whitney. Os resultados de p < 0,05 foram considerados significativos.
RESULTADOS: De um total de 120 crianças avaliadas (68 M:52 F), 85 (70,83%) lactentes preencheram os critérios da World Allergy Organization (WAO) para anafilaxia. As manifestações de alergia IgE mediada foram prioritariamente cutâneas [102 (85%)]. Nos pacientes com diagnóstico de anafilaxia, as principais manifestações foram urticária [39 (45,8%)], vômito [36 (42,3%)] e dispneia [19 (22,3%)]. A recorrência do episódio de anafilaxia ocorreu em 41 (34,16%) pacientes. A adrenalina (45%) e o anti-histamínico (63,3%) foram os medicamentos mais utilizados. Observa-se também que 6 (7%) pacientes com diagnóstico de anafilaxia não receberam nenhum tratamento.
CONCLUSÃO: Anafilaxia no primeiro ano de idade apresenta quadro clínico semelhante aos pacientes mais velhos, mas ainda há elevada taxa de recorrência de episódios e subtratamento. Mais estratégias de educação precisam ser desenvolvidas.

Descritores: Anafilaxia, hipersensibilidade ao leite, hipersensibilidade alimentar.

10 - Dificuldades do diagnóstico de rinite alérgica em lactentes: revisão sistemática

Difficulties in diagnosing allergic rhinitis in infants: a systematic review

Juliana Asfura Pinto Ribeiro; Alana Ferraz Diniz; Georgia Véras De Araujo; Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):376-382

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: Rinite alérgica em lactentes é uma condição negligenciada, principalmente pelo seu diagnóstico desafiador.
OBJETIVO: O presente estudo propõe identificar os métodos de investigação usados para o diagnóstico de rinite alérgica em lactentes.
MÉTODO: Dois examinadores, de forma independente, realizaram busca sistemática da literatura, de abril a agosto de 2020, utilizando quatro bases de dados: Scopus, PubMed/MEDLINE, SciELO e LILACS. Foram usadas as seguintes palavras-chaves: rinite alérgica, diagnóstico e lactente. Foram pesquisados estudos originais na língua inglesa e espanhola, com crianças de 0 a 2 anos de idade, sem distinção de data de publicação.
RESULTADOS: Em análise crítica dos cinco estudos selecionados, percebeu-se grande heterogeneidade de definição de rinite alérgica em crianças menores de dois anos. Não foram encontrados estudos que estabeleceram um teste índice e o padrão ouro e não houve comparação entre os métodos diagnósticos disponíveis. A variabilidade e a inespecificidade de sintomas clínicos de rinite alérgica em lactentes, associadas ao fato de que a sensibilização a aeroalérgenos não tem necessariamente significado clínico, representam uma dificuldade para o correto diagnóstico de rinite alérgica em crianças pequenas.
CONCLUSÃO: Para o diagnóstico de rinite alérgica em lactentes, é fundamental que o médico assistente realize cuidadosa anamnese e exame físico, além de testes para detectar sensibilização alérgica com correta interpretação do resultado e correlação com a história clínica e exame físico do paciente.

Descritores: Rinite alérgica, lactente, diagnóstico.

11 - Associações entre ácaros da poeira domiciliar e prevalência de asma e rinite alérgica em adolescentes em idade escolar no sul do Brasil

Associations between house dust mites and prevalence of asthma and allergic rhinitis among school-age adolescents in the south of Brazil

Calebe Fernando Juchem; Guilherme Liberato da-Silva; Liana Johann

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):383-389

Resumo PDF Inglês

INTRODUÇÃO: As reações alérgicas resultantes da exposição a alérgenos ambientais são responsáveis por problemas como asma e rinite alérgica. Os ácaros conhecidos como ácaros da poeira domiciliar (HDMs) são uma das causas mais importantes de sensibilização alérgica e representam uma das fontes de alérgenos mais importantes do mundo.
OBJETIVO: O presente estudo tenta encontrar uma relação entre a presença de HDMs nas residências de adolescentes de 13 a 14 anos e a prevalência de problemas respiratórios, usando o questionário ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Childhood).
MÉTODO: Participaram do Protocolo ISAAC 103 adolescentes da cidade de Lajeado (RS), dez domicílios foram amostrados para coleta de poeira.
RESULTADOS: Em relação à história clínica de asma e rinite, foi encontrada prevalência de 14,7% de asma, sendo que 68,9% dos adolescentes já apresentaram rinite. A investigação de asma e rinite ativa mostrou que 5,15% dos adolescentes apresentaram sintomas de asma e 39,14% apresentaram sintomas de rinite alérgica. Nascimento prematuro, baixo peso ao nascer e mãe fumante demonstraram ser fatores de risco para o desenvolvimento de asma e rinite alérgica. O local onde foi encontrado o maior número de ácaros foi tapete (46,80%), seguido de cama (34,04%), sofá (14,89%); cortina foi o local com menor número de ácaros encontrados (4,25%). Dermatophagoides pteronyssinus (46,0%) e Dermatophagoides farinae (31,91%) foram as espécies mais encontradas na poeira.
CONCLUSÃO: As residências de adolescentes com problemas respiratórios apresentaram um maior número de HDMs.

Descritores: Alergia e Imunologia, asma, ácaros, poeira, rinite alérgica.

12 - Análise da qualidade de vida em pacientes pediátricos com alergia alimentar

Quality of life assessment in pediatric patients with food allergy

Analice Val de Paula; Lídia Lacerda Guimarães; Leticia Luisa Mattos; Luiza Elian Reis; Érica Godinho Menezes; Wilson Rocha Filho

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):390-403

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: A alergia alimentar pode afetar o bem-estar dos pacientes e de seus familiares. Esse trabalho busca, por meio de questionário validado, investigar a qualidade de vida desses pacientes, acompanhados em um centro de tratamento multidisciplinar.
MÉTODOS: Pacientes entre 0 e 18 anos, monitorados no Ambulatório de Alergia Alimentar do Hospital Infantil João Paulo II entre 2012 e 2017, foram selecionados para responder a um questionário de avaliação de qualidade de vida com coleta de informações acerca do tipo de alergia, sua apresentação clínica, presença de dermatite atópica, prescrição ou não de kit de Adrenalina®, tempo de acompanhamento no serviço e tempo de acompanhamento por nutricionista.
RESULTADOS: Foram incluídos 77 pacientes, com idade média de 3,38 anos, em sua maioria revelando qualidade de vida regular (43%) e com acompanhamento no Serviço inferior a seis meses (52%). Daqueles acompanhados por nutricionista, 52,4% o faziam há menos de seis meses. Alergia IgE mediada foi identificada em 51% dos sujeitos da pesquisa, com 66,66% dos mesmos sob prescrição de kit de Adrenalina®. Não houve associação estatisticamente significativa entre qualidade de vida e as variáveis analisadas.
CONCLUSÃO: O questionário de qualidade de vida é um importante instrumento de avaliação de pacientes com alergia alimentar, permitindo traçar o perfil dos mesmos e atuar individualmente nos quesitos que impactam negativamente o seu dia a dia.

Descritores: Criança, hipersensibilidade alimentar, qualidade de vida, saúde da criança.

13 - Rinite vasomotora e rinorreia: um possível papel para o efeito anticolinérgico da amitriptilina

Vasomotor rhinitis and rhinorrhea: a possible role for the anticholinergic effect of amitriptyline

Francisco Machado Vieira

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):404-408

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: A rinite vasomotora (RVM), também denominada idiopática, é um tipo de rinite não alérgica. Pode ser muitas vezes ativada por mudanças de temperatura, especialmente com o ar frio e outras irritantes de vias aéreas. A dosagem de IgE e o citograma nasal são normais, e os testes de inalantes são negativos. A etiologia pode estar associada à desregulação de nervos simpáticos e parassimpáticos da mucosa nasal, onde aumenta a rinorreia e a obstrução nasal.
OBJETIVO: Avaliar a eficácia da amitriptilina no controle da rinorreia vasomotora.
MÉTODO: Através de estudo retrospectivo, avaliaram-se pacientes com RVM (n = 110), no qual um grupo de n = 12 (11%) apresentava rinorreia profusa há mais de um ano, não controlada, na sua totalidade, com corticosteroide nasal. Usou-se a amitriptilina, um antidepressivo tricíclico, com intensa atividade anticolinérgica com dose de 25 mg/50 mg diária para a rinorreia nesses pacientes.
RESULTADOS: Foram avaliados através de uma escala de sintomas (modificada de Wilson AM): 0 = ausente, 1 = leve, bem tolerado, 2 = desconforto interferindo com a concentração, 3 = forte intensidade interferindo no sono e na concentração. Dez pacientes catalogados apresentaram sintomas no grau 3, e dois, no grau 2. A pontuação foi reduzida para grau 0-1 após 4-6 semanas com o uso de amitriptilina por sintomas reflexivos matinais e noturnos.
CONCLUSÃO: Futuros estudos controlados e com maior número de pacientes seriam necessários para confirmação do efeito farmacológico da amitriptilina na rinorreia da RVM.

Descritores: Rinite vasomotora, amitriptilina, rinorreia.

Comunicações Clínicas e Experimentais

14 - Síndrome de Melkersson-Rosenthal como diagnóstico diferencial de edema labial

Melkersson-Rosenthal syndrome as a differential diagnosis of lip swelling

Luiz Fernando Bacarini Leite; Gabriela Favarin Soares; Larissa Neves Silva; Andrezza Gonçalves Figueira; Wilma Carvalho Neves Forte

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):409-412

Resumo PDF Português PDF Inglês

A síndrome de Melkersson-Rosenthal é uma condição rara caracterizada pela tríade clássica: edema orofacial, língua fissurada e paralisia facial. Pode haver apenas uma ou duas manifestações por tempo prolongado, dificultando o diagnóstico. É denominada queilite de Miescher quando a única manifestação é o edema orofacial, com histologia característica. O presente relato tem como objetivo alertar para o diagnóstico da síndrome de Melkersson-Rosenthal em casos de angioedema labial crônico, com revisão da literatura. Mulher de 40 anos apresentando edema labial desde os 23 anos de idade, sem regressão há cinco anos, sem prurido, sem desencadeantes. Observou-se língua fissurada ao exame físico. Sem alterações aos exames complementares. O edema orofacial persistente, a língua fissurada, a biópsia de lábio inferior evidenciando queilite crônica (hiperqueratose e infiltração linfocítica perivascular) e a exclusão de diagnósticos diferenciais através de exames complementares permitiram o diagnóstico da síndrome de Melkersson-Rosenthal. A paciente foi então encaminhada à Cirurgia Plástica, que orientou retirada cirúrgica do excesso labial. O diagnóstico da síndrome é essencialmente clínico. O tratamento deve ser individualizado, visando o alívio das manifestações clínicas apresentadas em cada caso. É importante o acompanhamento multiprofissional tentando minimizar danos psicológicos e melhorar o prognóstico. A síndrome de Melkersson-Rosenthal pode apresentar-se como angioedema labial crônico e língua fissurada, sem paralisia facial, podendo retardar o diagnóstico, como no presente caso. É necessária a lembrança da síndrome para o diagnóstico e conduta mais precoce, para melhor qualidade de vida destes pacientes.

Descritores: Síndrome de Melkersson-Rosenthal, angioedema, paralisia facial, alergia e imunologia.

15 - Pneumonite de hipersensibilidade na infância

Hypersensitivity pneumonitis in childhood

Anne Caroline Broska; Fernanda Lorena Souza; Jennyfer K. Klein Ottoni Guedes; Bárbara Padilha Aroni; Rafael Aureliano Serrano; Jessé Vinícius Lana; Gabriela Cristina Ferreira Borges; Giliana Spilere Peruchi; Carlos Antônio Riedi; Herberto José Chong-Neto; Débora Carla Chong-Silva; Nelson Augusto Rosario-Filho

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):413-417

Resumo PDF Português PDF Inglês

Neste relato descrevemos as características clínicas, epidemiológicas e radiológicas da pneumonite de hipersensibilidade, uma causa rara de insuficiência respiratória em pediatria. Paciente masculino, com 8 anos de idade, proveniente da zona rural, admitido em serviço terciário por quadro de febre, vômitos, tosse seca, dispneia progressiva, anorexia e perda de peso há 15 dias, associado a taquipneia, esforço respiratório, hipóxia e estertores finos em base direita. Tomografia computadoriza de tórax demonstrou opacidades com atenuações em vidro fosco, com comprometimento difuso e distribuição predominantemente centrolobular e acinar, característicos de pneumonite por hipersensibilidade. Na revisão das condições e hábitos de vida, foi relatado pela responsável do paciente a presença de um aviário e convívio com aves de várias espécies na residência, reforçando a hipótese diagnóstica, após descartadas outras causas de insuficiência respiratória. Iniciado corticoterapia com metilprednisolona 1 mg/kg/dia por 7 dias, seguido de redução progressiva nas semanas posteriores. Paciente evoluiu com melhora do quadro e alta hospitalar, após orientações sobre controle ambiental e importância do afastamento dos antígenos desencadeantes. A pneumonite por hipersensibilidade é uma síndrome incomum na população pediátrica, que pode levar à insuficiência respiratória e fibrose pulmonar, devendo ser considerada nos pacientes com epidemiologia positiva. Pela sua raridade e semelhança com outras infecções respiratórias, ressalta-se ainda a importância da coleta de dados sobre os hábitos de vida dos pacientes, destacando sua importância para a elucidação diagnóstica.

Descritores: Doenças pulmonares intersticiais, criança, insuficiência respiratória.

16 - O SARS-CoV-2 poderá ser um trigger para desenvolver uma alergia alimentar?

Can SARS-CoV-2 trigger a food allergy?

Inês Falcão; Leonor Cunha

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):418-420

Resumo PDF Inglês

Os tempos são de pandemia e o percurso da ciência incerto e desconhecido, assim o é desde que apareceu o SARS-CoV-2. O caso clínico a seguir descrito é mais um desafio à Ciência sobre a interação entre o vírus e o sistema imunológico. Será possível que o SARS-CoV-2 seja um fator desencadeante para uma alergia alimentar? Os autores apresentam o caso clínico de um jovem que após recuperar-se da COVID-19 desenvolveu alergia alimentar a carne de mamíferos e aves, que previamente tolerava. Esta pandemia põe à prova diariamente os sistemas de saúde de todo o mundo, e a luta contra este vírus está longe de terminar.

Descritores: COVID-19, SARS-CoV-2, hipersensibilidade alimentar.

CARTA AO EDITOR

17 - Poluição ambiental, saúde pública e opções de matriz energética

Environmental pollution, public health, and energy sources

Yara Arruda Marques Figueiredo Mello

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(3):421-423

PDF Português PDF Inglês

Dezembro 2022 - Volume 6  - Número 4

Editorial

1 - Tecendo um(a)manhã

Weaving the morning

Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):425-426

PDF Português PDF Inglês

ARTIGOS ESPECIAIS

2 - Assistência a pacientes com doenças imunoalérgicas no Sistema Único de Saúde brasileiro - Carta de São Paulo

Treating patients with allergic diseases in the Brazilian Unified Health System - Letter from São Paulo

Faradiba Sarquis Serpa; Luane Marques de Mello; Phelipe dos Santos Souza; Joseane Chiabai; Eduardo Costa Silva; Yara Arruda Marques Mello; José Luiz Magalhães Rios; Marilyn Urrutia-Pereira; Eliane Miranda da Silva; Marta de Fátima Rodrigues da Cunha Guidacci; Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho; Norma de Paula M. Rubini; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):427-431

Resumo PDF Português PDF Inglês

O Sistema Único de Saúde (SUS) abrange todos os níveis de atenção à saúde e garante acesso integral, universal e gratuito para toda a população brasileira. As transições demográfica e epidemiológica observadas nas últimas décadas trouxeram um cenário de maior prevalência das doenças imunoalérgicas. Nesse contexto, a implementação de políticas de saúde voltadas à assistência à saúde dessa população tornou-se um desafio. Com o objetivo de discutir a atenção à saúde dos pacientes com doenças alérgicas e imunológicas no Brasil, a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) realizou em 26 de agosto de 2022, na cidade de São Paulo, o Fórum sobre a Assistência a Pacientes com Doenças Imunoalérgicas no SUS.O evento foi estruturado no formato de painéis e contou com a participação de membros da ASBAI e representantes da gestão pública federal, do Ministério Público, de sociedade de pacientes e profissionais de saúde de diversos serviços com experiência em programas e projetos bem sucedidos na assistência a pacientes com doenças imunoalérgicas. Após a discussão, concluiu-se que ainda existem muitas necessidades não atendidas em relação à atenção à saúde da população com doenças alérgicas e imunológicas no Brasil. A ASBAI tem trabalhado no sentido de contribuir para organizar, implantar e manter a assistência a estes pacientes no âmbito do SUS.

Descritores: Alergia, imunologia, sistema único de saúde, gestão, saúde pública.

3 - Dermatite atópica grave: guia prático de tratamento da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e Sociedade Brasileira de Pediatria

Severe atopic dermatitis: a practical treatment guide from the Brazilian Association of Allergy and Immunology and the Brazilian Society of Pediatrics

Evandro Prado; Antonio C. Pastorino; Danielle K. Harari; Marice C. Mello; Herberto Chong-Neto; Vânia Oliveira Carvalho; Dayane M. V. Bruscky; Jandrei Markus; Adriana A. Antunes; Fábio Kuschnir; Ana Paula M. Castro; Marcia C. Mallozi; Gustavo F. Wandalsen; Clóvis F. Constantino; Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho; Dirceu Solé; Norma P. M. Rubini

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):432-467

Resumo PDF Português PDF Inglês

A dermatite atópica (DA) é uma doença cutânea inflamatória, crônica, comum, complexa e de etiologia multifatorial, que se manifesta clinicamente com prurido muitas vezes incapacitante, lesões recorrentes do tipo eczema, xerose e que pode evoluir para liquenificação. Embora o conhecimento sobre a sua fisiopatologia venham crescendo nos últimos anos, ainda as formas graves são frequentes e representam um desafio para o clínico. Para o presente guia realizou-se revisão não sistemática da literatura relacionada à DA grave refratária aos tratamentos habituais com o objetivo de elaborar um documento prático e que auxilie na compreensão dos mecanismos envolvidos na DA, assim como dos possíveis fatores de risco associados à sua apresentação. A integridade da barreira cutânea é um dos pontos fundamentais para a manutenção da homeostase da pele. Além dos cuidados gerais: evitação dos agentes desencadeantes e/ou irritantes, o uso de hidratantes, suporte emocional, entre outros, o uso de agentes anti-inflamatórios/imunossupressores de uso tópico e/ou sistêmico também foi revisado. A aquisição de novos agentes, os imunobiológicos e as pequenas moléculas, melhorou a terapêutica para os pacientes com formas graves de DA, sobretudo as refratárias aos tratamentos convencionais.

Descritores: Dermatite atópica, hidratação da pele, corticosteroides tópicos, inibidores da calcineurina, ciclosporina, imunobiológicos, dupilumabe, inibidores de JAK.

4 - Atualização em reações de hipersensibilidade aos anti-inflamatórios não esteroidais - Parte 2: manifestações clínicas, fenótipos, diagnóstico e manejo

Update on hypersensitivity reactions to nonsteroidal anti-inflammatory drugs - Part 2: clinical features, phenotypes, diagnosis, and management

Marcelo Vivolo Aun; Rosana Câmara Agondi; Diogo Costa Lacerda; Ullissis Pádua Menezes; Maria Inês Perelló Lopes Ferreira; Adriana Teixeira Rodrigues; Ana Carolina D'Onofrio-Silva; Tânia Maria Gonçalves Gomes; Luiz Alexandre Ribeiro da-Rocha; Denise Neiva Santos de Aquino; Fernanda Casares Marcelino; Gladys Queiroz; Maria Fernanda Malaman; Inês Cristina Camelo-Nunes; Mara Morelo Rocha Felix

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):468-482

Resumo PDF Português PDF Inglês

Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINE) são os fármacos mais frequentemente associados a reações de hipersensibilidade (RH) na prática clínica. Na parte 2 dessa atualização sobre as RH aos AINE, discutiremos os aspectos clínicos dessas reações, com foco nos sinais e sintomas, como diferenciar os fenótipos clínicos, fazer a orientação desses pacientes e quando indicar procedimentos complementares, como testes cutâneos, de provocação e dessensibilização.

Descritores: Anti-inflamatórios não esteroidais, hipersensibilidade a drogas, fenótipo.

5 - Alergia alimentar autodeclarada em idosos no Brasil: prevalência e características clínicas - Protocolo de estudo

Self-reported food allergy among older Brazilians: prevalence and clinical characteristics - a study protocol

José Laerte Boechat; José Rodrigo de Moraes; Luís Taborda-Barata; Carlos Lozoya-Ibáñez; Emanuel Sávio Cavalcanti Sarinho; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):483-490

Resumo PDF Português PDF Inglês

Nas últimas décadas tem se observado um aumento expressivo na prevalência de alergia alimentar (AA), com frequência estimada em adultos de 3% a 8%, sendo ainda mais relevante quando se avalia a AA autodeclarada (variação de 3% a 35%). Entretanto, são poucos os dados publicados sobre a prevalência de AA em idosos, e no Brasil tais dados são inexistentes. O objetivo principal deste protocolo de estudo é conhecer a prevalência de AA autodeclarada em idosos (≥ 60 anos) brasileiros. Trata-se de estudo epidemiológico transversal que utiliza questionário padronizado e validado para a língua portuguesa. Entre os vários aspectos investigados, serão avaliados quais alimentos e sintomas são os mais relacionados à AA nestes indivíduos. Os dados obtidos serão transcritos a planilha Excel para realização da análise estatística. A obtenção dessas informações permitirá compará-las às existentes, assim como estabelecer planos de abordagem destes pacientes.

Descritores: Hipersensibilidade alimentar, prevalência, idoso, inquéritos epidemiológicos.

Artigos de Revisão

6 - Nosso sistema imune de cada dia e os agrotóxicos de hoje

Our everyday immune system and today's pesticides

Celso Taques Saldanha; Laís Gomes Ferreira Rosa; Semiramis Vitória da Silva Uchôa; Arthur Hikaru Nunes Motizuki; Talita de Sousa Brito; Ana Paula Alves Lima; Isis Franco Martin; Ana Maria Sversut Briante; Carla Louise Silva Leão e Guedes; Natália Gabrielli Silva Alves

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):491-498

Resumo PDF Português PDF Inglês

O uso massivo dos agrotóxicos nas lavouras deu-se a partir de 1950 com a "Revolução Verde", como resultado da busca por aumento da produtividade e modernização dos campos agrícolas. Diante disso, na década de 1960, foi criado o Programa Nacional de Defensivos Agrícolas (PNDA), que veio para facilitar a introdução dos agroquímicos, colaborando para que, a partir de 2008, o Brasil passasse a ser o país com maiores percentuais de uso destes produtos. Essas substâncias geram efeitos deletérios sobre a resposta imune dos indivíduos expostos, principalmente relacionada aos macrófagos, células B, T e NK. Isso afeta a capacidade de fagocitose, apresentação de antígenos e produção de anticorpos, além de induzir a geração de radicais livres de oxigênio e disfunção mitocondrial, resultando em estresse oxidativo e danos ao DNA celular, apoptose em excesso, mutação no ciclo celular, desordem de regulação e, consequentemente, imunodeficiência. Dessa forma, o desenvolvimento de doenças imunomediadas, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), está estreitamente ligado aos agrotóxicos, uma vez que esses variados mecanismos de toxicidade ao sistema imune induzem, dentre outras, manifestações respiratórias, tais como tosse, sibilo, irritação e inflamação. Além disso, estes pesticidas estão relacionados com doenças não imunomediadas ao alterar a função normal dos hormônios da tireoide, andrógenos e estrógenos. A fim de avaliar estes impactos, o presente estudo consiste em uma revisão integrativa da literatura e, diante da crescente utilização descontrolada dos agrotóxicos, assume grande relevância, refletindo a necessidade de maior atuação da vigilância epidemiológica, ambiental e da saúde do trabalhador.

Descritores: Agroquímicos, exposição a praguicidas, doenças do sistema imunitário, doenças respiratórias.

7 - Novas perspectivas em imunoterapia: a importância das células dendríticas na imunoterapia alérgeno-específica

New perspectives in immunotherapy: the importance of dendritic cells in allergen-specific immunotherapy

Maria Angela Vigoritto; Gustavo Pradez

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):499-503

Resumo PDF Português PDF Inglês

A imunoterapia alérgeno-específica é o único tratamento capaz de alterar o curso natural da doença alérgica. Ensaios clínicos mostram que a imunoterapia é segura e eficaz para muitos pacientes. No entanto, ainda enfrenta problemas relacionados à eficácia, segurança, longa duração do tratamento e baixa adesão dos pacientes. Neste contexto, tem havido intensa pesquisa no desenvolvimento de adjuvantes com objetivo de aumentar a segurança, otimizar os esquemas de tratamento e melhorar a adesão dos pacientes. Alérgenos foram modificados (glicoconjugados) com carboidratos derivados de Saccharomyces cerevisae para aumentar sua captação e apresentação através dos receptores de carboidratos presentes nas células dendríticas, beneficiando-se da capacidade de atuarem na indução de tolerância para iniciar respostas imunes. À luz de novas evidências, essas células constituem alvo terapêutico chave para se obter uma resposta adequada à imunoterapia alérgeno-específica, com potencial de contribuição na inovação do campo da Imunoterapia.

Descritores: Imunoterapia alérgeno-específica, alergia, células dendríticas.

Artigos Originais

8 - Testes de provocação para urticárias crônicas induzidas: a experiência de um centro de referência e excelência em urticária - UCARE

Provocation tests for chronic inducible urticaria: the experience of a urticaria center of reference and excellence

Guilherme Gomes Azizi; Sérgio Duarte Dortas-Junior; Rossy Moreira Bastos-Junior; Alfeu Tavares França; Solange Oliveira Rodrigues Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):504-510

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: A urticária é determinada pela ativação de mastócitos que se apresenta por urticas, angioedema ou ambos. A urticária é classificada de acordo quanto a sua duração, em duas formas: aguda (UA < 6 semanas) e crônica (UC > 6 semanas). A UC compreende Urticária Crônica Espontânea (UCE) e Urticárias Crônicas Induzidas (UCInd). Entre as UCInd estão o dermografismo, urticária por pressão tardia (UPT), frio, calor, solar, aquagênica, colinérgica e urticária/angioedema vibratório. As UCInd podem ser diagnosticadas por meio da história clínica, exame físico e da reprodução das lesões através dos testes de provocação.
OBJETIVO: Descrever o perfil dos testes de provocação positivos para UCInd realizados em um Centro de Referência e Excelência em Urticária (GA2LEN UCARE).
MÉTODOS: Foram avaliados, retrospectivamente, os resultados dos testes de provocação para UCInd, realizados de dezembro de 2017 a setembro de 2021, de 114 pacientes que apresentavam história sugestiva de uma ou mais UCInd.
RESULTADOS: Dos 114 pacientes avaliados, oitenta e oito (77%) eram do sexo feminino e 26 (23%) do masculino. Foram diagnosticados, através de testes de provocação positivos: 65 dermografismos (FricTest® e/ou dermografômetro); 23 UPT (23 diagnosticados com o uso do dermografômetro e 11 também confirmados através do teste de Warin); 11 urticárias ao frio (temperaturas iguais ou inferiores a 27 °C) e 3 urticárias ao calor (temperaturas iguais ou superiores a 38 °C), todos diagnosticados com o TempTest® versão 4.0; 4 urticárias colinérgicas, diagnosticados através do Teste Modificado para Urticária Colinérgica-HUCFF-UFRJ e 1 urticária vibratória. Nenhum paciente apresentou teste positivo para urticária solar ou aquagênica. Sete pacientes foram negativos.
CONCLUSÃO: Os testes de provocação, através do estímulo direto e seguro com o desencadeante, permitem ao médico avaliador e ao paciente a compreensão e a confirmação do estímulo causador da enfermidade em questão e seus limiares.

Descritores: Urticária crônica, urticária, angioedema, alergia e imunologia.

9 - Combinação fluticasona e azelastina intranasal no tratamento de adolescentes com rinite alérgica de difícil controle

Combination of intranasal fluticasone and azelastine for difficult-to-control allergic rhinitis in adolescents

Gustavo Falbo Wandalsen; Carolina Boarini Albuquerque; Fernanda Pontin Calvo; Daniela Tartari Cunha; Luana Cézar Medeiros; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):511-518

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: A rinite alérgica (RA) tem prevalência elevada e é responsável por impacto significativo da qualidade de vida destes pacientes, refletindo-se negativamente no desempenho escolar, na vida social ou no trabalho. A associação de propionato de fluticasona e cloridrato de azelastina (PF-AZE) tem sido recomendada no tratamento de pacientes com rinite alérgica de difícil controle.
OBJETIVO: Avaliar a resposta ao tratamento com PF+AZE administrado a crianças e adolescentes com RA persistente moderada-grave (RAPMG) de difícil controle.
MÉTODOS: Ensaio clínico aberto não controlado prospectivo com intervenção terapêutica em que participaram adolescentes (n = 65) com RAPMG de difícil controle acompanhados em ambulatório especializado.
RESULTADOS: Houve melhora estatisticamente significante de todas as variáveis estudadas, o que mostrou melhor controle da rinite com a combinação PF+AZE. Utilizando-se a diferença mínima clinicamente importante como parâmetro de avaliação, 83% dos pacientes tiveram melhora da doença. Não houve relato de evento adverso grave, gosto amargo foi relatado por 38,5% dos pacientes e dois interromperam o esquema por evento adverso.
CONCLUSÃO: A combinação PF+AZE foi bem tolerada, segura e eficaz no tratamento de pacientes com RAPMG.Eventos adversos locais foram os mais comumente relatados.

Descritores: Rinite alérgica, corticosteroides, obstrução nasal.

10 - Eventos adversos imediatos à vacina febre amarela em crianças alérgicas ao ovo

Immediate adverse events to the yellow fever vaccine in egg-allergic children

Bianca Noleto Ayres Guimarães; Tânia Cristina de Mattos Barros Petraglia; Ana Karolina Barreto Berselli Marinho; Adauto Dutra Moraes Barbosa

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):519-526

Resumo PDF Português PDF Inglês

INTRODUÇÃO: A vacina contra a febre amarela é cultivada em ovos embrionados de galinha e por isso pode estar contraindicada em indivíduos alérgicos ao ovo. Quando indicada, deve ser aplicada com cautela, após atendimento especializado para avaliação de testes e necessidade de dessensibilização. Sua segurança nos alérgicos ao ovo ainda é pouco estudada.
OBJETIVO: Descrever uma população pediátrica encaminhada por alergia ao ovo, com ou sem diagnóstico comprovado, e os casos de eventos adversos do tipo imediata à vacina contra a febre amarela em um centro de referência para imunobiológicos especiais (CRIE).
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo transversal realizado com coleta de dados retrospectivos de crianças entre 9 meses e 12 anos de idade, vacinadas contra a febre amarela com história de alergia ao ovo, no período de 2018 a 2019.
RESULTADOS: Dentre as 829 crianças, com diagnóstico presumido de alergia ao ovo, foi identificada uma maior prevalência de sintomáticos após exposição ao ovo, com IgE específica detectável para ovo, clara de ovo e/ou ovoalbumina. Testes para vacina febre amarela foram realizados em 25 crianças com suspeita de alergia grave ou anafilaxia ao ovo, sendo 15 (60%) positivos com a vacina aplicada após dessensibilização. Foram evidenciados apenas 11 (1,3%) casos de evento adverso imediato à vacina, todos classificados como evento adverso não grave e com acometimento especial da pele (reação local e exantema ou urticária). A maioria dos eventos ocorreu em menores de 2 anos, nos sintomáticos após ingesta de ovo e naqueles com altos valores de IgE específica para clara de ovo.
CONCLUSÃO: Este estudo evidencia que a vacina contra a febre amarela pode ser aplicada em crianças alérgicas ao ovo, de forma segura, inclusive naquelas com história de anafilaxia, desde que em ambiente adequado e com profissionais especializados.

Descritores: Vacina contra febre amarela, anafilaxia, dessensibilização imunológica, hipersensibilidade a ovo, efeitos colaterais e reações adversas relacionados a medicamentos.

Comunicações Clínicas e Experimentais

11 - Anafilaxia à semente de girassol

Anaphylaxis to sunflower seed

Cristiana Sofia Ferreira; Bartolomé Borja

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):527-529

Resumo PDF Português PDF Inglês

A semente de girassol (Helianthus annuus) é uma fonte alergênica incomum frequentemente consumida em lanches, como componente de alguns tipos de pães, como condimento em alguns pratos, e também utilizada na alimentação animal. Casos eventuais de anafilaxia a esta semente têm sido relatados na literatura atual, principalmente em trabalhadores com exposição ocupacional a alérgenos de girassol e criadores de aves. A natureza alergênica da proteína de armazenamento albumina 2S e da proteína não específica de transferência de lipídios (nsLTP) dessa semente foi descrita. Os autores relatam o caso e a abordagem diagnóstica de uma anafilaxia por sementes.

Descritores: Anafilaxia, hipersensibilidade alimentar, alergia alimentar, helianthus.

12 - Polinose no Rio de Janeiro é possível? Relato de caso

Is pollinosis in Rio de Janeiro possible? Case report

Bianca Mendonça Almeida; Kleiser Aparecida Mendes; Marilucia Alves Venda; Tânia Maria Gonçalves Gomes; José Luiz Magalhães Rios

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):530-535

Resumo PDF Português PDF Inglês

A polinose é uma doença comum dos países de clima tempera-do, onde as estações do ano são bem definidas. Apresenta-se clinicamente como rinoconjuntivite e/ou asma sazonal ou perene com exacerbação na primavera. No Brasil, há relatos de casos de polinose por polens de gramíneas que são os principais causadores dessa patologia, principalmente na Região Sul, apesar do clima subtropical. A expansão da população e desmatamento com crescente urbanização de áreas florestais são alguns dos responsáveis pelo aumento de casos em vários locais do país. Neste relato de caso, descrevemos um caso de polinose por polens de gramínea em um paciente militar que morou em países da Europa e que atualmente reside em uma zona de mata nativa no Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Apesar de a polinose não ser uma doença encontrada no RJ, este diagnóstico não deve ser excluído em pacientes com conjuntivite/rinoconjuntivite sazonal, principalmente quando têm uma história pregressa de morar vários anos fora país.

Descritores: Polinose, gramíneas, Brasil.

13 - Rinite alérgica persistente com elevada sensibilização a pólen de gramíneas: a medicina personalizada pode identificar os verdadeiros alérgicos a polens na imunoterapia

Persistent allergic rhinitis with high sensitization to grass pollen: personalized medicine can identify immunotherapy patients who are truly allergic to pollen

Francisco Machado Vieira

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):536-540

Resumo PDF Português PDF Inglês

Este trabalho teve como objetivo avaliar pacientes com rinite alérgica persistente, sensibilizados a ácaros domésticos, associado à elevada sensibilização por pólen de gramíneas, sem sintomatologia estacional. Usou-se como método o diagnóstico molecular por componentes para selecionar os verdadeiramente alérgicos ao pólen de gramíneas. Foi realizado um estudo retrospectivo com análise de prontuários de pacientes em áreas de Caxias do Sul e municípios próximos no estado do RS, nos anos de 2016 e 2017, com as mesmas características climáticas. Foram selecionados 50 pacientes com alergia a ácaros, através de teste de punctura (pápula > 5 mm) associado ao pólen de gramíneas (pápula de > 7 mm) sem sintomatologia na primavera. Um total de 52% era do sexo feminino, a idade variou entre 4 e 56 anos, com uma média de 26,6 anos. Pesquisou-se a dosagem de IgE específica no soro para antígenos moleculares de pólen de gramíneas como estes: Phl p1, Phl p5, Cyn d1, em todos os pacientes. Houve 13 pacientes (26%) com diagnóstico, pelo menos, a um dos antígenos moleculares estudados. A amostra restringida apresentou 5 (10%) deles que possuíam Phl p5 > Phl p1, ou seja, eram verdadeiramente alérgicos à subfamília Poideae, enquanto 2 (4%) apresentaram Cyn d1 (subfamília Chloridoideae) > Phl p1.O estudo mostra que, em pacientes com rinite alérgica persistente, polissensibilizados a ácaros associados a pólen de gramíneas, sem sintomas estacionais característicos, os testes moleculares podem diagnosticar os verdadeiros alérgicos ao pólen.

Descritores: Ácaros, pólen, rinite alérgica, diagnóstico, imunoterapia.

14 - Mastocitose: segurança de diferentes vacinas contra a COVID-19

Mastocytosis: the safety of different COVID-19 vaccines

Inês Nunes; Beatriz Tavares; Emília Faria; Francisca Cunha Tavares; Pedro Botelho Alves; Iolanda Alen Coutinho; Carmelita Ribeiro; Graça Loureiro; Ana Todo-Bom

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):541-543

Resumo PDF Inglês

A pandemia por COVID-19 obrigou ao rápido desenvolvimento de vacinas para combate ao SARS-CoV-2. Após o início da vacinação começaram a surgir relatos de reações adversas às vacinas, incluindo reações anafiláticas, surgindo dúvidas sobre a segurança das vacinas em doentes com mastocitose. Os autores apresentam a sua experiência em relação à administração de diferentes vacinas contra a COVID-19 em doentes com diagnóstico de mastocitose.

Descritores: COVID-19, COVID-19 vaccines, mastocytosis, vaccine hypersensitivity, premedication.

15 - Uso de belimumabe em paciente com lúpus eritematoso sistêmico refratário ao tratamento convencional: relato de caso

Use of belimumab in a patient with systemic lupus erythematosus refractory to conventional treatment: case report

Maria Eduarda Castanhola; Sandra Silva; Camila Ferreira Bannwart-Castro

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):544-550

Resumo PDF Português PDF Inglês

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença de caráter imunomediado, ocasionada por fatores hormonais, ambientais e genéticos. Caracteriza-se pela presença de autoanticorpos reativos para diferentes células e tecidos, apresentando manifestações clínicas diversificadas, períodos de exacerbação e remissão, o que dificulta o tratamento desses pacientes. Este relato de caso destaca o progresso do uso de anticorpo monoclonal humano em uma paciente do gênero feminino, diagnosticada com LES em maio de 2019, aos 30 anos, e, por ser refratária ao tratamento medicamentoso convencional, utilizou o tratamento com anticorpo monoclonal humano belimumabe, com início em setembro de 2019. O belimumabe é um anticorpo monoclonal humano que se liga à proteína estimuladora de linfócito B (BLyS) solúvel, inclusive dos autorreativos, e desta maneira, reduz a diferenciação de linfócitos B em plasmócitos, diminuindo os níveis de IgG sérica e dos anticorpos anti-dsDNA, além de melhorar o quadro clínico dos pacientes. Apesar de ser um medicamento biológico de alto custo, diminui drasticamente os sintomas clínicos do LES, possibilitando a redução do uso do corticoide e os efeitos consequentes de seu uso, além de reestabelecer os parâmetros laboratoriais alterados pela doença, sem alteração de indicadores hepáticos e renais. O LES não tem cura, logo, o objetivo do tratamento é diminuir os sintomas e conter as fases ativas da doença.

Descritores: Imunoterapia, lúpus eritematoso sistêmico, anticorpos monoclonais, belimumabe.

CARTAS AO EDITOR

16 - Atualização da bateria padrão

Baseline series update

Paulo Eduardo Silva Belluco

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):551-552

PDF Português PDF Inglês

17 - Are type-2 biomarkers of any help in distinguishing chronic rhinosinusitis with nasal polyps from chronic rhinosinusitis without nasal polyps?

Sérgio Duarte Dortas-Junior; Priscila Novaes Ferraiolo; Luana Silva Pais Gomes; Bianca Victoria de Oliveira Martins; Fabiana Chagas da-Cruz; Solange Oliveira Rodrigues Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2022;6(4):553-554

PDF Inglês

2024 Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

Rua Domingos de Morais, 2187 - 3° andar - Salas 315-317 - Vila Mariana - CEP 04035-000 - São Paulo, SP - Brasil - Fone: (11) 5575.6888

GN1 - Sistemas e Publicações