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Revista oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI
Revista oficial da Sociedad Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunología SLaai

Brazilian Journal of Allergy and Immunology (BJAI)

Março 2019 - Volume 3  - Número 1

Editoriais

1 - Testes de provocação com medicamentos e alimentos: uma necessidade ao alcance dos alergistas do Brasil

Drug and food provocation testing: a need within reach for Brazilian allergists

Marcelo Vivolo Aun; Renata Rodrigues Cocco; Yara Mello

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):1-3

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2 - Adequação do consultório para a prática da Imunologia Clínica e Alergia

Adapted doctor's office for practicing Clinical Immunology and Allergy

Antonio Carlos Bilo

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):4

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ARTIGOS ESPECIAIS

3 - Homenagem à Profª Drª Cristina Miuki Abe Jacob

Tribute to Prof. Cristina Miuki Abe Jacob, PhD

Antonio Carlos Pastorino

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):5-6

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4 - Testes in vivo nas reações de hipersensibilidade a medicamentos - Parte II: testes de provocação

In vivo tests in hypersensitivity drug reactions - Part II: provocation tests

Marcelo Vivolo Aun; Maria Fernanda Malaman; Mara Morelo Rocha Felix; Ullissis Pádua Menezes, Gladys Queiroz; Adriana Teixeira Rodrigues; Carolina Sanchez Aranda; Inês Cristina Camelo-Nunes; Dirceu Solé; Norma de Paula M. Rubini

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):7-12

Resumo PDF Português

O diagnóstico das reações de hipersensibilidade a medicamentos é baseado na história clínica, seguida pela realização de testes in vivo, que podem ser cutâneos ou de provocação. Os testes de provocação são considerados o padrão-ouro no diagnóstico, sendo importantes tanto para a confirmação diagnóstica como para o encontro de opções terapêuticas seguras. Recentemente, assim como os testes cutâneos, as provocações com medicamentos foram aprovadas pela Câmara Técnica da Associação Médica Brasileira para uso no diagnóstico das reações a drogas. Nesta revisão, nosso foco serão as indicações, contraindicações e método dos testes de provocação com medicamentos.

Descritores: Hipersensibilidade a drogas, diagnóstico, alergia e imunologia.

5 - Receitas para teste de provocação oral duplo-cego, controlado por placebo

Recipes for double-blind, placebo-controlled oral food challenge

Raquel B. Mendonça; Elaine C. A. Kotchetkoff; Renata M. Boaventura; Roseli O. S. Sarni

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):13-17

Resumo PDF Português

INTRODUÇÃO: O teste de provocação oral (TPO) é o método mais confiável para verificar a relação entre o consumo de um alimento e o desencadeamento de reações adversas. Dentre as dificuldades na realização do TPO, destaca-se o mascaramento dos alimentos em TPO duplo-cego, controlado por placebo (TPO-DCCP).
OBJETIVO: O objetivo deste trabalho foi elaborar receitas para uso em TPO-DCCP com leite de vaca, soja, ovo e trigo.
MÉTODOS: A elaboração das receitas considerou a necessidade de mascaramento do alimento a ser testado, de modo que a receita real e o placebo fossem indistinguíveis. Foram considerados também a quantidade de alimento a ser testado e o volume final das preparações, bem como a hipoalergenicidade dos demais ingredientes utilizados.
RESULTADOS: Foram desenvolvidas cinco receitas para TPO-DCCP, sendo duas para testes com leite de vaca, e as outras para testes com soja, ovo e trigo. As receitas placebo e real ficaram semelhantes em relação às cores, texturas, consistências, sabores e aromas.
CONCLUSÃO: As receitas aqui apresentadas são de preparo fácil e rápido e atendem à maioria dos critérios exigidos para uso em TPO com alimentos. Há, porém, a necessidade de testá-las em estudos de validação para verificarse a possibilidade de serem usadas em protocolos científicos.

Descritores: Diagnóstico, hipersensibilidade a leite, hipersensibilidade a ovo, hipersensibilidade a trigo, hipersensibilidade alimentar.

Artigos de Revisão

6 - Armadilhas extracelulares dos neutrófilos: descrição e envolvimento em processos autoimunes

Neutrophil extracellular traps: description and autoimmune disease involvement

Jonatha Leonel Ernesto Da-Silva; Laura Fontes Tomaz Finotti

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):18-24

Resumo PDF Português

Somando a maioria dos leucócitos presentes na corrente sanguínea, os neutrófilos são células polimorfonucleares e especializadas no combate a infecções através da fagocitose do patógeno e liberação de seus conteúdos granulares. Também são capazes de liberar armadilhas extracelulares (neutrophil extracellular traps, NETs), que são estruturas constituídas de componentes intracelulares, como fibras de cromatina e proteínas derivadas de grânulos citoplasmáticos. As NETs são liberadas em resposta a vários estímulos, como de microrganismos, citocinas e complexos antígeno-anticorpo, e possuem o papel de capturar microrganismos e até mesmo matá-los. Porém, quando essas estruturas não são completamente eliminadas pelo organismo, elas podem gerar danos à saúde, pois podem ser produzidos anticorpos contra as estruturas que as compõem. Neste artigo, é feita uma revisão dos acontecimentos que levam à liberação de NETs pelos neutrófilos, a importância disso para a saúde e o envolvimento dessas estruturas em processos de autoimunidade, utilizando artigos publicados desde a descoberta das NETs, que ocorreu em 2004.

Descritores: Armadilhas extracelulares, morte celular, doenças autoimunes.

7 - Rinite alérgica na visão do paciente

Allergic rhinitis from a patient's perspective

Cristine Secco Rosário; Margarita Murrieta-Aguttes; Nelson Augusto Rosário Filho

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):25-28

Resumo PDF Português

Os sintomas nasais têm impacto na vida dos pacientes com rinite alérgica. A maioria das pessoas alérgicas relata impacto negativo dos sintomas de alergia no trabalho e no desempenho escolar. Dentre todos os sintomas de alergia, o mais incômodo é a obstrução nasal, embora outros sintomas também tenham impacto na qualidade de vida dos pacientes, especialmente no sono. Os anti-histamínicos orais e corticosteroides nasais são as medicações mais frequentemente utilizadas para o tratamento de rinite, seguidos por descongestionantes orais ou intranasais. Os pacientes alérgicos frequentemente compram medicações sem prescrição médica nas farmácias, e nem sempre estão satisfeitos com o tratamento que lhes é oferecido. Os médicos devem trabalhar mais na comunicação com os pacientes alérgicos para atender às suas necessidades, abordando medo de efeitos colaterais, preocupações quanto aos sintomas de alergia e como estes interferem na qualidade de vida. Desse modo, a educação do paciente baseada em melhor comunicação pode facilitar o controle da rinite alérgica.

Descritores: Rinite alérgica, hipersensibilidade, sintomas concomitantes, rinite alérgica perene, rinite.

8 - Síndrome PFAPA (febre periódica, aftas orais, faringite e adenite cervical) em crianças e adultos

PFAPA (periodic fevers with aphthous stomatitis, pharyngitis, and adenitis) syndrome in children and adults

Leonardo Oliveira Mendonça; Gabriella Melo Fontes Silva Dias; Natália Cândido de Sousa; Renata Francesco; Fábio Fernandes Morato Castro; Myrthes Toledo Barros

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):29-36

Resumo PDF Português

A síndrome PFAPA (febre periódica, aftas orais, faringite e adenite cervical) é a forma mais comum das doenças autoinflamatórias. Trata-se de uma doença rara, não genética, bimodal, usualmente com início dos sintomas antes dos 5 anos de vida, que também pode prolongar-se ou iniciar-se na vida adulta. A prevalência é variável em todo o mundo, e não há dados estatísticos da doença no Brasil. Diversos pontos da doença são discutíveis, como os critérios diagnósticos, as avaliações laboratoriais, a ausência de mutações genéticas específicas e a abordagem terapêutica e prognóstica. Este trabalho tem como objetivo rever, de forma narrativa e crítica, aspectos relacionados ao diagnóstico e tratamento da síndrome PFAPA em adultos e crianças. Foram feitas buscas nas redes de dados PubMed, Bireme e Cochrane, utilizando o acrônimo PFAPA sem auxílio de qualquer filtro. Quanto ao diagnóstico, os critérios pediátricos foram adaptados para os adultos, com análises variadas e divergentes. Há a necessidade pujante de desenvolver um consenso com diretrizes de diagnóstico de pacientes em populações bem caracterizadas para melhor diagnosticar a doença. Já em relação ao tratamento, a cirurgia com remoção das tonsilas é considerada curativa, com necessidade de se manter acompanhamento após o procedimento para confirmação da remissão da doença. As drogas poupadoras de corticoide ainda são incertas, e o uso de imunobiológicos deve ser reservado somente para pacientes refratários ao tratamento cirúrgico e com grande impacto na qualidade de vida.

Descritores: Febre recorrente, diagnóstico, tratamento farmacológico.

Artigos Originais

9 - Avaliação de custo-efetividade e impacto orçamentário do tratamento adicional de omalizumabe em pacientes com asma alérgica grave não controlada

Cost-effectiveness and budget impact analysis of additional treatment of omalizumab in patients with severe uncontrolled allergic asthma

Flavio Sano; Luís Felipe C. Ensina; Norma P. Motta Rubini; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):37-50

Resumo PDF Português

OBJETIVO: Avaliar a custo-efetividade e o impacto orçamentário da adição do omalizumabe (Oma) ao tratamento padrão [corticosteroide inalatório [CI] em dose média/alta e agente beta 2-agonista de longa ação (LABA)] no tratamento da asma alérgica grave não controlada, sob a perspectiva do sistema privado de saúde no Brasil.
MÉTODO: Na análise econômica, utilizou-se o modelo de Markov baseado na evolução da asma, considerando os seguintes desfechos clínicos: exacerbações graves clinicamente significantes (EGCS) e exacerbações não graves clinicamente significantes (ECS), além de taxa de mortalidade por asma e uso de recursos e custos com o tratamento. Calculou-se razões de custo-efetividade incremental (RCEI) e o impacto orçamentário, com base em dados da saúde suplementar sobre população elegível e horizonte de 5 anos.
RESULTADOS: A análise de custoefetividade realizada mostrou que o tratamento com Oma teve maior benefício, se comparado ao tratamento padrão, e gerou uma RCEI de R$ 60.293,00 por ano de vida salvo, que é três vezes inferior ao produto interno bruto (PIB) per capita no Brasil. A análise de sensibilidade, para avaliar o impacto da incerteza dos parâmetros sobre o resultado encontrado, demonstrou que os resultados permanecem estáveis a favor do Oma. A análise do impacto orçamentário apontou um custo por beneficiário de R$ 0,40 no primeiro ano, chegando a R$ 1,80 no quinto ano.
CONCLUSÃO: A análise econômica demonstrou que a combinação do tratamento com Oma com o padrão para asma alérgica grave não controlada é custo-efetivo no cenário nacional, e a sua incorporação na saúde suplementar é viável.

Descritores: Asma grave, omalizumabe, custo-efetividade, impacto orçamentário.

10 - Omalizumabe no tratamento da urticária crônica espontânea: análise de custo-efetividade e impacto orçamentário

Omalizumab in the treatment of chronic spontaneous urticaria: cost-effectiveness analysis and budgetary impact

Luis Felipe Ensina; Flavio Sano; Edina Koga Silva; Norma de Paula Motta Rubini; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):51-63

Resumo PDF Português

OBJETIVOS: Determinar a relação custo-efetividade da adição do omalizumabe (Oma) no tratamento da urticária crônica espontânea (UCE) refratária aos tratamentos convencionais, bem como o impacto orçamentário no contexto da saúde suplementar (SS) no Brasil.
MÉTODOS: Na análise econômica, utilizou-se o modelo de Markov baseado no Urticaria Activity Score for 7 days (UAS7), considerando-se os desfechos clínicos: anos de vida salvos com doença controlada (UAS7 = 0 ou UAS7 ≤ 6), e anos de vida ajustados à qualidade (QALY). Três razõesde custo-efetividadeincremental (RCEI) foram calculadas. O impacto orçamentário foi calculado com base em dados da SS, população elegível e o horizonte de 5 anos.
RESULTADOS: As RCEI calculadas para o desfecho anos de vida salvos com doença controlada nos horizontes de 3 e 5 anos foram R$ 108.935,42 e R$ 166.977,29, respectivamente. O impacto orçamentário, do primeiro ao quinto ano, da incorporação do Oma à SS para o tratamento de pacientes com UCE refratária variou entre R$ 65 milhões e R$ 157 milhões, que equivaleria a R$ 1,38/assistido no primeiro ano incorporação. Sendo assim, ao analisar os custos adicionais por desfecho adicional salvo, nota-se que a RCEI também se mostrou menor que três vezes o PIB per capita no Brasil, podendo-se dizer que o tratamento com Oma é custo-efetivo em comparação ao tratamento atual também neste desfecho.
CONCLUSÃO: A análise econômica demonstrou que o tratamento com Oma da UCE refratária ao tratamento com anti-histamínicos H1 em doses elevadas é custo-efetivo no cenário nacional, e a sua incorporação na SS é viável.

Descritores: Urticária crônica espontânea, omalizumabe, anti-histaminico H1, custo-efetividade, QALY.

11 - Hipersensibilidade a drogas: um alerta em pacientes portadores de doenças autoimunes

Drug hypersensitivity: an alert in patients with autoimmune diseases

Mateus Rios; Luiz Rocha; Gladys Queiroz; Filipe W. Sarinho; Renata Vasconcelos; Almerinda Maria Rego; Emanuel Sarinho

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):64-69

Resumo PDF Português

OBJETIVO: Avaliar a hipersensibilidade a medicamentos em pacientes com o diagnóstico de doenças autoimunes.
MÉTODOS: Estudo clínico, analítico, do tipo caso-controle. Foram selecionadas 35 mulheres com doenças autoimunes e 35 sem esse diagnóstico que participaram do protocolo de pesquisa sobre antecedentes de hipersensibilidade a drogas.
RESULTADOS: As pacientes apresentavam idade variando de 16 a 66 anos, com a mediana semelhante nos dois grupos. A doença autoimune mais prevalente foi o lupus eritematoso sistêmico, 24/35 (68,5%). A proporção de hipersensibilidade a medicamentos, nas pacientes com doenças autoimunes, foi de 14/35 (40%), e apenas 2/35 (5,7%) no grupo controle (p = 0,0029). As reações de hipersensibilidade do tipo tardia foram as mais frequentes, e na maioria dos casos precederam o diagnóstico de doença autoimune em um total de cinco pacientes, sendo que destas cinco, duas apresentaram síndrome de Stevens Johnson, duas exantema maculopapular, e uma eritema fixo pigmentar. O grupo de drogas mais envolvido foi os anti-inflamatórios não esteroides, seguidos pelos anticonvulsivantes.
CONCLUSÃO: Hipersensibilidade a medicamentos foi mais frequente em pacientes portadoras de doenças autoimunes, e pode preceder o diagnóstico, especialmente se for do tipo tardia. Estudos adicionais multicêntricos para verificar uma eventual associação de hipersensibilidade a medicamentos e doenças autoimunes são necessários.

Descritores: Autoimunidade, hipersensibilidade a drogas, lúpus eritematoso sistêmico.

12 - Dermatite de contato por corticoide em pacientes com dermatite atópica

Corticosteroid contact dermatitis in patients with atopic dermatitis

Vanessa Bosi Bissi Denadai; Lara Tawil; Marina França de Paula Santos; Ana Flávia Faria de-Camargos; Ana Luísa Barbosa Belarmino; Paula Savioli Silveira; Veridiana Aun Rufino Pereira; Fátima Rodrigues Fernandes

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):70-76

Resumo PDF Português

OBJETIVO: Avaliar a sensibilização a corticoides tópicos e substâncias do teste de contato padrão e cosméticos em pacientes com dermatite atópica (DA) no Serviço de Alergia e Imunologia do HSPE-SP.
MÉTODO: Estudo retrospectivo com análise de prontuário de pacientes com DA, classificados de acordo com o SCORing Atopic Dermatitis (SCORAD) em leve, moderada e grave, que foram atendidos no ambulatório de Alergia e Imunologia do HSPE-SP, submetidos a teste de contato com baterias padrão, cosméticos, corticoides, incluindo furoato de mometasona.
RESULTADOS: Após análise estatística dos dados de 51 pacientes portadores de DA, foi identificada maior prevalência no gênero feminino (73%). Pacientes com DA moderada/grave apresentaram maior positividade (62%) para pelo menos uma substância. Foram mais propensos a positivar para teste de contato, pacientes maiores de 18 anos. As substâncias que foram mais positivas na bateria padrão foram: sulfato de níquel (33%), neomicina (10%), e bicromato de potássio e cloreto de cobalto (8% cada). O sulfato de níquel foi mais positivo no gênero feminino. Três (5,9%) pacientes apresentaram positividade para teste de contato com bateria de corticoides, sendo positivas substâncias betametasona 1%, budesonida 0,01% e butirato de hidrocortisona 1%, e todos eram portadores de DA leve. Foi identificada relação entre positividade para bateria de corticoides e sulfato de níquel.
CONCLUSÃO: Os testes de contato foram mais positivos em adultos. Houve maior sensibilidade para o sulfato de níquel no gênero feminino. Sensibilidade importante à neomicina na DA moderada/grave. Pacientes com alergia de contato por corticoides podem apresentar alergia a sulfato de níquel. Esse trabalho chama atenção para a porcentagem importante de pacientes com DA acometidos por alergia de contato por corticoides, sendo esse tipo alergia um problema emergente e que tem sido cada vez mais relatado na última década; porém, ainda são escassos os estudos envolvendo esse assunto.

Descritores: Dermatite atópica, dermatite de contato, corticosteroides.

Comunicações Clínicas e Experimentais

13 - Enteropatia perdedora de proteína relacionada a criptococose: um diagnóstico diferencial de imunodeficiência secundária

Protein-losing enteropathy related to cryptococcosis: a differential diagnosis of secondary immunodeficiency

Rebeca Mussi Brugnolli; Jessica Bonfim Mendes Cosentino; Rafaella Amorim Gaia Duarte; Ana Catharina de Seixas Santos Nastri; Lucas Teixeira Vieira; Jorge Kalil; Octavio Grecco; Ana Karolina Barreto; Cristina Kokron; Myrthes Toledo Barros

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):77-80

Resumo PDF Português

A criptococose é uma doença oportunista que ocorre com maior frequência em pacientes imunossuprimidos, ocasionando piora clínica e imunológica importante. Porém, é raro quando a doença ocorre em pacientes imunocompetentes. Relatamos aqui um caso de paciente previamente hígido que evoluiu com enteropatia perdedora de proteína, hipogamaglobulinemia secundária causada por criptococose disseminada.

Descritores: Criptococose, enteropatias perdedoras de proteínas, imunologia.

14 - Compreensão do termo alergia por profissionais na área da saúde: uma evidência lexical clara e concisa sobre um grande desafio na educação

How health professionals understand the term allergy: a clear and concise lexical evidence about a great challenge in education

Debora da-Silva, Bernardo Yassunobu Nakamatsu, Archangelo Padreca Fernandes, Andrea Roberto Bueno Ribeiro, Jefferson Russo Victor

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):81-85

Resumo PDF Inglês

O termo alergia tem sido mal interpretado, embora a doença possa acometer até metade da população em alguns países. Este trabalho objetivou avaliar a compreensão desse termo por profissionais da área da saúde que residem na cidade de São Paulo. Duas questões foram feitas aos participantes: (1) O que é alergia? e (2) Você já desenvolveu ou já viu alguém desenvolvendo uma alergia? Contra o quê? Os dados foram obtidos após entrevistas com mais de 1.000 voluntários. Após a aplicação dos critérios de exclusão, 886 respostas foram consideradas, sendo 606 de profissionais atuantes na área da saúde e 280 de profissionais de outras áreas. Os textos foram submetidos a análise lexical e geração de nuvem de palavras. Como controle adicional, foi utilizada a análise lexical de um texto de referência que define o termo alergia. Os resultados mostraram que a metodologia de análise gerou um bom conhecimento sobre a compreensão do termo alergia e que os profissionais não conseguiram descrever o significado desse termo com precisão.

Descritores: Alergia e imunologia, profissionais de saúde, educação.

15 - Hipogamaglobulinemia secundária reversível causada por terapia anticonvulsivante em adultos: relato de três casos

Reversible hypogammaglobulinemia secondary to anticonvulsant therapy in adult patients: report of three cases

Rebeca Mussi Brugnolli; Antonio Paulo Costa Penido; Paula Quadros Marques; Ana Karolina Barreto; Octavio Grecco; Jorge Kalil; Cristina Kokron; Myrthes Toledo Barros

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):86-88

Resumo PDF Português

A redução dos níveis de imunoglobulina relacionada ao uso de anticonvulsivantes e que cursa com infecções de repetição tem sido descrita nas últimas quatro décadas. O objetivo deste estudo é relatar três casos de pacientes adultos que evoluíram para hipogamaglobulinemia quando foram tratados com anticonvulsivantes. Os níveis de imunoglobulinas e a população de linfócitos se normalizaram quando as drogas foram suspensas. Deficiências de IgA e IgM relacionadas ao uso de anticonvulsivantes resultam em infecções de repetição, apesar de níveis baixos de IgG terem sido relatados em poucos estudos e relatos de casos isolados. Os mecanismos patofisiológicos da hipogamaglobulinemia secundária a essas classes de drogas não estão completamente elucidados, mas diversos estudos mostram a possibilidade de reversão da imunodeficiência depois da suspensão da medicação, principalmente na infância.

Descritores: Alergia e imunologia, imunodeficiência de variável comum, epilepsia.

16 - Síndromes MonoMAC e Emberger em paciente com mutação no gene GATA2

MonoMAC and Emberger syndromes in a patient with GATA2 mutation

Mariana Jobim; Enilis Lima Abreu; Jacinta Bustamante; Carmen Oleaga; Tiago Severo Garcia; Luiz Jobim

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):89-92

Resumo PDF Português

As mutações que ocorrem no gene GATA2 podem ocasionar um amplo espectro de doenças genéticas. Os pacientes podem ter anormalidades na hematopoiese, na linfangiogenesis e na resposta imunológica. Os fenótipos incluem algumas síndromes caracterizadas por monocitopenia e infecção por micobactéria (síndrome MonoMac), síndrome mielodisplásica familiar, leucemia mieloide crônica ou aguda, síndrome de Emberger (linfedema primário), e mais raramente neutropenia, anemia aplástica e deficiência isolada de células NK. A idade da apresentação clínica pode variar desde a infância até a idade adulta. A deficiência autossômica dominante de GATA2 pode permanecer clinicamente silenciosa por décadas, ou mesmo durante toda a vida. Descrevemos o caso de uma jovem brasileira que apresentou a maioria dos problemas ligados à mutação no gene GATA2, observando-se as duas síndromes: MonoMAC e Emberger.

Descritores: Fator de transcrição GATA2, monócitos, infecções por Mycobacterium.

CARTA AO EDITOR

17 - Teste de contato alérgico (patch test) com alimentos no diagnóstico etiológico da esofagite eosinofílica: útil ou não?

Food patch testing in the etiological diagnosis of eosinophilic esophagitis: useful or not?

Renan Augusto Pereira; Renata Rodrigues Cocco; Dirceu Solé; Marcia Carvalho Mallozi; Carolina Sanchez Aranda

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(1):93-94

PDF Português

Junho 2019 - Volume 3  - Número 2

Editorial

1 - Alergia e Imunologia Clínica: uma disciplina em expansão e evolução

Allergy and Clinical Immunology: a growing and evolving discipline

Pedro Giavina-Bianchi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):97-98

PDF Português

ARTIGOS ESPECIAIS

2 - Ficou encantada, virou uma estrela!

A magical person becomes a star

Disciplina de Alergia, Imunologia Clínica e Reumatologia, ESPM-UNIFESP

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):99

PDF Português

3 - Professor Júlio Croce - uma vida, um legado

Professor Júlio Croce - a life, a legacy

Miguel Croce; Eliúde Costa-Manso

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):100-110

Resumo PDF Português

O médico e professor Júlio Croce foi um dos principais alergistas brasileiros. Formado em 1947 pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foi um dos pioneiros da especialidade de Alergia e Imunopatologia no Brasil. Foi professor da Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP e Diretor do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital das Clínicas da USP (HC-FMUSP). Posteriormente, permaneceu como Professor de Mestrado no Programa de Pós-Graduação em Alergia e Imunopatologia na mesma Universidade. Como Diretor do Serviço de Alergia e Imunologia do HC-FMUSP teve grande influência na formação de alergistas que mais tarde se tornaram expoentes da especialidade, não só no Brasil, como em toda América Latina. Tendo formação como clínico e um grande entrosamento com as áreas básicas, dedicou parte de sua vida à pesquisa de alérgenos encontrados no Brasil, marcando a originalidade do seu trabalho. Pesquisou e publicou artigos sobre alérgenos regionais tão variados como ácaros, fungos, insetos, plantas e alimentos. Também se interessou pela relação das alergias com a poluição. Homem de mente aberta e simplicidade no trato, era um verdadeiro diplomata da Alergia. Agregou especialistas do Brasil e do mundo, tendo sido membro fundador de diversas sociedades médicas. Ao acolher residentes e estagiários vindos de todas as partes do Brasil e da América Latina, contribuiu enormemente para a divulgação e o ensino da especialidade de Alergia. Foi homenageado pelas principais sociedades de Alergologia na América Latina, Estados Unidos e Europa. Como testemunhas de uma parte de sua vida, nosso objetivo, ao relembrar sua trajetória, é a de utilizar a pedagogia do exemplo. Prof. Júlio Croce, um exemplo de alergista a ser lembrado e seguido.

Descritores: História da Medicina, alergia e imunologia, ácaros, fungos, poluição ambiental, himenópteros.

Artigos de Revisão

4 - Deficiência de anticorpos específicos antipolissacarídeos

Specific polysaccharide antibody deficiency

Wilma Carvalho Neves Forte; Renata Yumi Lima Konichi; Fernanda Mezzacapa Sousa; Tainá Mosca; Almerinda Maria Rego; Ekaterini Simoes Goudouris

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):111-122

Resumo PDF Português

A deficiência de anticorpos específicos antipolissacarídeos é um dos erros inatos da imunidade predominantemente de anticorpos, destacando-se entre os defeitos mais frequentes. É caracterizada por uma permanência de imaturidade da resposta imunológica a antígenos polissacarídeos, estando normais linfócitos B, classes e subclasses de imunoglobulinas. O paciente apresenta maior suscetibilidade a infecções por bactérias encapsuladas, especialmente Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae. As principais manifestações clínicas são otites, sinusites, traqueobronquites e pneumonias de repetição; pode haver meningite pneumocócica e septicemia. A investigação é feita por titulação de anticorpos antipolissacarídeos antes e após a aplicação da vacina pneumocócica não conjugada. Até dois anos, há imaturidade fisiológica desse setor da imunidade, por isso, o diagnóstico não pode ser feito antes desta idade. O tratamento, além de antibiótico precoce em vigência de quadros infecciosos, inclui antibióticos profiláticos, aplicação de vacina conjugada com proteínas e/ou reposição de imunoglobulina humana endovenosa ou subcutânea. O diagnóstico e o tratamento precoce melhoram a qualidade de vida do paciente, diminuindo o risco de sequelas e até de óbito por infecção, e quando não são precoces, é possível que haja sequelas como bronquiectasias, hipoacusia ou danos neurológicos.

Descritores: Síndromes de imunodeficiência, sinais e sintomas, imunoglobulina G, vacinas pneumocócicas.

5 - Imunoterapia e imunobiológicos na dermatite atópica

Immunotherapy and immunobiologicals in atopic dermatitis

Ataualpa Pereira dos Reis; Fernando Monteiro Aarestrup

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):123-132

Resumo PDF Português

Na última década, avanços consideráveis na compreensão da patogênese da dermatite atópica têm pavimentado a via de um número de novos tratamentos. A melhora da imunoterapia subcutânea com alérgenos e a introdução da imunoterapia sublingual deram lugar à prospecção de sua aplicação para adultos e crianças portadoras de dermatite atópica. Esta revisão apresenta resultados das pesquisas científicas, análises sistemáticas e metanálises que confirmam a eficácia clínica da imunoterapia com alérgenos para pacientes com dermatite atópica de curso moderado ou grave, que apresentam sensibilização a aeroalérgenos. Apresentamos também novas informações de como usar os bioterapêuticos que estão levando a tentativas mais eficazes de tratamento. A esperança é de que estes novos biológicos ou antagonistas de pequenas moléculas, que têm alta especificidade para as moléculas-alvo, possam diminuir os efeitos indesejáveis causados pelos agentes imunossupressivos sem um alvo específico, como os observados pelas drogas de ampla ação biológica. Com o desenvolvimento e subsequentemente com a aprovação dos bioterapêuticos pelas agências reguladoras, nós começamos a ver uma revolução clínica e terapêutica no tratamento da dermatite atópica. As fontes de dados incluíram artigos originais, revisões e publicações indexados nos bancos de dados PubMed, MEDLINE, LILACS, SciELO e publicações on-line nos últimos 15 anos. Como resultado, uma nova era no tratamento de pacientes com doenças crônicas graves está em andamento na nossa especialidade. O uso de imunoterapia subcutânea, imunoterapia sublingual e bioterapêuticos para dermatite atópica prometem grande precisão e efetividade na medicina personalizada.

Descritores: Imunoterapia, produtos biológicos, dermatite atópica.

6 - Imunoterapia no tratamento do câncer

Immunotherapy in cancer treatment

Juliano José Jorge

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):133-138

Resumo PDF Português

O avanço no conhecimento do funcionamento do sistema imunológico e de seu comportamento frente às neoplasias nos tem levado a novas modalidades de tratamento do câncer. Terapias como inibidores de checkpoint imunológico, transferência de células adotivas, anticorpos monoclonais e vacinas preventivas têm revolucionado o enfoque terapêutico para diversos tipos de neoplasias. Este documento traz uma breve descrição dos mecanismos de ação destas novas classes terapêuticas, com o objetivo de fornecer aos médicos alergistas e imunologistas noções de sua aplicação, ajudando-os e estimulando-os a aprofundar o conhecimento nas várias frentes de atuação no tratamento do câncer.

Descritores: Imunoterapia, vacinas anticâncer, imunoterapia adotiva.

7 - Dermatite de contato à metilisotiazolinona - estamos atentos a essa epidemia?

Contact dermatitis due to methylisothiazolinone - are we aware of this epidemic?

Paulo Eduardo Silva Belluco; Pedro Giavina-Bianchi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):139-142

Resumo PDF Português

Metilclorotiazolinona e metilisotiazolinona (MCI/MI) são os ingredientes ativos no Kathon CG®, um conservante de cosméticos no mercado desde os anos 80. Eles aparecem numa mistura de conservantes na proporção de 3:1. Metilisotiazolinona (MI) isolada tinha sido aprovada como conservante desde 2005, uma vez que foi considerada menos sensibilizante comparado à porção clorada. Entretanto, ela tem sido usada numa concentração muito maior para ser efetiva, e isso tem causado a atual epidemia de alergia a essa substância. O objetivo dessa revisão foi examinar o atual surto de casos de alergia de contato a metilisotiazolinona (MI) no mundo, um fenômeno que tem sido observado em vários países, inclusive no Brasil. As fontes de dados incluíram os principais artigos originais e revisões indexadas nos bancos de dados PubMed, MEDLINE, LILACS e SciELO que foram publicadas nos últimos anos. Os resultados mostram elevado grau de positividade de testes de contato tanto à associação MCI/MI quanto à MI isolada, e significativo aumento da prevalência de alergia a esta substância nos últimos anos. Em conclusão, alertamos que devemos estar atentos a esse importante conservante. Salientamos que a associação MCI/MI nos testes pode não diagnosticar casos de alergia à MI. Apesar dessa substância isolada não se encontrar na bateria padrão brasileira, a pesquisa de sua sensibilidade é fundamental.

Descritores: Dermatite de contato, metilclorotiazolinona, metilisotiazolinona.

Artigos Originais

8 - Segurança da vacina de febre amarela em pacientes comprovadamente alérgicos à proteína do ovo

Safety of yellow fever vaccine in egg allergic patients

Clarissa Morais Busatto Gerhardt; Gislane de Sousa Juliao Feitosa; Bruna Pultrini Aquilante; Mayra de Barros Dorna; Cristiane de Jesus Nunes dos Santos; Antonio Carlos Pastorino; Ana Paula Beltran Moschione Castro

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):143-150

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INTRODUÇÃO: A vacina de febre amarela, recomendada em áreas endêmicas, é contraindicada em alérgicos à proteína do ovo (APO) por ser cultivada em ovos de galinha embrionados.
OBJETIVO: O objetivo do estudo foi mostrar a segurança da vacina de febre amarela em pacientes comprovadamente APO.
MÉTODO: Foi realizado estudo prospectivo em hospital quaternário, no período de janeiro a outubro de 2018. Foram incluídos pacientes com APO confirmada por teste de provocação oral (TPO), reação anafilática à proteína do ovo nos últimos 6 meses, ou reação de APO nos últimos 2 meses associada à IgE específica positiva. Todos foram submetidos ao teste de puntura com a vacina na apresentação pura. Se negativo, realizado teste intradérmico (ID) com a vacina na diluição de 1:100. Se ID negativo, vacina aplicada em dose plena. Se teste de puntura ou ID positivo, vacina aplicada fracionada segundo protocolo de dessensibilização.
RESULTADOS: Dos 78 pacientes com história presumida de APO, confirmou-se o diagnóstico em 43 (30M:13F, mediana idade 2,7 a): 30 por TPO, 7 com anafilaxia em menos de 6 meses da vacina, e 6 com reação imediata após ingestão do ovo há menos de 2 meses e IgE específica positiva. Durante o TPO, 12 apresentaram anafilaxia, e os demais (18) apresentaram urticária e/ou angioedema ou vômitos. Todos os testes de puntura (43) foram negativos. ID foi negativo em 37 pacientes, que receberam a dose plena da vacina, sem reações. Apenas 6 apresentaram ID positivo e necessitaram dessensibilização para vacina. Metade desses pacientes (3/6) apresentou reações de hipersensibilidade leves e foi tratada com anti-H1 e/ou corticoide oral. O ID positivo foi significativamente relacionado à reação à vacina (p = 0,0016).
CONCLUSÃO: Concluiuse ser possível vacinar alérgicos a ovo, com um protocolo seguro, mesmo em paciente comprovadamente anafilático. É necessária uma unidade especializada para sua realização, com capacidade de controlar possíveis situações de risco.

Descritores: Vacina contra febre amarela, hipersensibilidade a ovo, anafilaxia, dessensibilização imunológica.

9 - O teste de contato (patch test ) na avaliação de sensibilização por alimentos em pacientes com dermatite atópica - estudo piloto

Patch testing in the evaluation of food sensitization in patients with atopic dermatitis - a pilot study

Cristiane Momoi; Lucila Camargo Lopes de Oliveira; Marcia Carvalho Mallozi; Renata Rodrigues Cocco; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):151-156

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OBJETIVOS: Investigar o papel do patch test na avaliação da sensibilização por alimentos e no diagnóstico de alergia alimentar em pacientes com dermatite atópica (DA) e comparar duas distintas apresentações do teste.
MÉTODOS: Esse estudo prospectivo envolveu 20 crianças (mediana de idade de 8,4 anos) com dermatite atópica moderada ou grave que foram submetidas ao teste cutâneo de hipersensibilidade tardia (patch test) com alimentos frescos e extratos comerciais, seguidos de teste de provocação oral (TPO) nos casos de resultado positivo, no intuito de avaliar a correlação clínica.
RESULTADOS: Entre os 20 pacientes avaliados, somente 4 (20%) apresentaram resultados positivos para o patch test, com maior positividade para os extratos comerciais (3/4), em comparação aos alimentos in natura. Não se observou concordância dos resultados obtidos entre as duas apresentações comparadas. Do total de 7 TPO realizados, 4 foram positivos (soja e milho para um paciente e amendoim para outros dois), com piora das lesões da DA (valor preditivo positivo de 57%). Apenas uma criança apresentou efeito adverso mais significativo.
CONCLUSÕES: Embora tenha sido encontrada baixa sensibilização aos alérgenos alimentares na população estudada e discordância entre os resultados dos patch tests com alimentos frescos e extratos comerciais, o teste mostrou-se seguro. Para uma melhor análise estatística, recomenda-se estudo em população maior.

Descritores: Dermatite atópica, hipersensibilidade alimentar, diagnóstico, teste de contato.

10 - Fungos isolados em travesseiros de crianças e adolescentes com rinite e/ou asma

Isolated fungi on pillows of children and teenagers with rhinitis and/or asthma

Sandra Regina Leite Rosa Olbrich; Jaime Olbrich-Neto; Eduardo Bagagli

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):157-162

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INTRODUÇÃO: Pouco se sabe sobre a distribuição de fungos dentro das casas e nos materiais onde ficam concentrados, como os travesseiros, objeto que passa maior tempo em contato próximo com o paciente, podendo ser um reservatório importante e facilitar a sensibilização e o desencadeamento de crises alérgicas. O conhecimento da ocorrência de fungos em locais pouco pesquisados, bem como sua taxonomia, torna-se fundamental.
OBJETIVOS: Avaliar ocorrência de fungos em travesseiros de crianças alérgicas, o ambiente e os aspectos relacionados.
MÉTODOS: Pacientes com rinite e/ou asma, e teste cutâneo positivo para fungos foram selecionados. Realizado questionário ambiental no domicílio e coletado travesseiros em uso, os quais foram aspirados na área interna e externa para obtenção de amostras de fungos. Travesseiros novos, comprados em comércio local, serviram de controle.
RESULTADOS: A prevalência de sensibilização dos pacientes a fungos foi de 5,46% (13 dos 238 avaliados). Nenhum ambiente revelou-se adequado para pacientes alérgicos. Todos os travesseiros, inclusive os controles, estavam contaminados, tanto na sua área externa como na interna; o número médio de unidades formadoras de colônias (UFC/m2) apresentou diferença significativa na parte externa, sendo maior naqueles com mais de 7 anos de uso. A diversidade e a quantidade de fungos encontrados nos travesseiros dos pacientes foi maior que nos controles. Das 39 espécies e/ou outro nível taxonômico identificados, 32 (82,0%) podem causar alergia do Tipo I - IgE mediada, e os mais frequentes foram Candida, Penicillium sp., Cladosporium sp., Mycelia sterilia, Fusarim sp., Aureobasidium pullulans e Aspergillus. Nenhum tipo de enchimento foi considerado ideal, e o que apresentou menor nível de contaminação foi o de viscoelástico.
CONCLUSÃO: Travesseiros são fontes de fungos e seus alérgenos. A maioria dos fungos isolados pode causar sensibilização com resposta IgE mediada. O painel utilizado mostrou-se insuficiente para identificar sensibilização aos fungos isolados.

Descritores: Fungos, rinite alérgica, antígenos de fungos.

11 - Tolerância ao paracetamol em crianças com hipersensibilidade não seletiva aos anti-inflamatórios não esteroidais

Tolerance to paracetamol in children with non-selective hypersensitivity to non-steroidal anti-inflammatory drugs

Fernanda Sales da Cunha; Anna Paula Marques Mambriz; Chayanne Andrade de Araujo; Alex Eustáquio de Lacerda; Bárbara Martins de Aquino; Luis Felipe Chiaverini Ensina; Inês Cristina Camelo Nunes

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):163-167

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INTRODUÇÃO: Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) estão envolvidos na maior parte das reações de hipersensibilidade a drogas na América Latina.
OBJETIVOS: Avaliar a tolerância ao paracetamol em crianças com história sugestiva de hipersensibilidade não seletiva aos AINEs.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo de análise de dados de pacientes pediátricos atendidos em ambulatório especializado no período de julho de 2011 a julho de 2017. Os dados foram analisados e registrados em questionário padronizado adaptado. As reações foram classificadas como seletivas ou não seletivas. Pacientes com história clínica a um único AINE foram submetidos a teste de provocação oral (TPO) com o ácido acetilsalicílico para definição da seletividade ou não da reação. TPO com paracetamol foi realizado em todos os que relataram reação ao mesmo.
RESULTADOS: A maior parte dos pacientes tinha hipersensibilidade não seletiva a AINEs. A dipirona foi implicada em todos os casos, seguida do ibuprofeno (78%) e do paracetamol (51%). Todos os pacientes com história de hipersensibilidade seletiva foram provocados com outro AINE inibidor forte de COX-1, que não aquele implicado em sua história, e todos demonstraram tolerância. Os 22 pacientes cuja história apontava envolvimento do paracetamol foram submetidos a TPO e todas as provocações resultaram negativas. O etoricoxibe foi testado como droga alternativa em oito pacientes e se demonstrou ser uma opção segura (todas as provocações negativas).
CONCLUSÃO: Apesar da elevada frequência de relato de reações ao paracetamol, a maioria das crianças tolera o composto que é, sem dúvida alguma, alternativa segura frente à hipersensibilidade não seletiva aos AINEs.

Descritores: Acetaminofen, hipersensibilidade a drogas, antiinflamatórios não esteroidais.

12 - Anafilaxia: dados de um registro de pacientes atendidos em um serviço especializado

Anaphylaxis: data from a patient registry in a specialized service

Patricia Guerzet Ayres Bastos; Inês Cristina Camelo-Nunes; Renata Rodrigues Cocco; Dirceu Solé; Luis Felipe Chiaverini Ensina

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):168-176

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INTRODUÇÃO: Dados relacionados à prevalência e incidência da anafilaxia são escassos, especialmente no Brasil.
OBJETIVO: Descrever o perfil epidemiológico e características das reações em pacientes com diagnóstico de anafilaxia assistidos em um ambulatório especializado de alergia.
MÉTODOS: Análise de um registro de pacientes (maio/2017 a junho/2018) com diagnóstico de anafilaxia. Informações sobre idade, sexo, apresentação clínica, desencadeantes, conhecimento prévio do desencadeante, estudos diagnósticos realizados, antecedentes pessoais de atopia, tempo entre a exposição e a reação, ambiente onde ocorreu a reação, tratamento e gravidade foram analisados.
RESULTADOS: Do total de 150 pacientes (43 dias de vida a 67 anos), 52% eram homens e 66% tinham menos de 18 anos. As principais manifestações clínicas referidas foram as cutâneas e as respiratórias. O tempo entre a exposição ao desencadeante e a reação foi mais comumente menor de 10 minutos. A maioria dos pacientes teve anafilaxia em ambiente não hospitalar, porém, 78% foram tratados em ambiente hospitalar e 57% destes receberam adrenalina intramuscular (IM). Os desencadeantes foram confirmados em 78% dos casos, e os alimentos e as drogas foram os mais implicados. Os pacientes que apresentaram reações desencadeadas por alimentos eram mais jovens e relatavam mais frequentemente reações em menos de 10 minutos e em ambiente não hospitalar. Estes pacientes também relatavam mais frequentemente que conheciam previamente o desencadeante, apresentam antecedente pessoal de atopia e receberam tratamento com adrenalina intramuscular (IM). Dezesseis pacientes apresentaram reações graves, sendo mais frequentes nas mulheres e nos maiores de 18 anos.
CONCLUSÃO: A anafilaxia por drogas ou por alimentos manifesta diferenças clínicas quanto à idade, ter antecedentes de atopia, local da reação e tempo para início da reação. A gravidade das reações anafiláticas associou-se à idade dos pacientes.

Descritores: Anafilaxia, hipersensibilidade a drogas, hipersensibilidade alimentar.

13 - Asma como causa de atendimentos de emergência na cidade do Rio de Janeiro

Asthma as a reason for emergency visits in Rio de Janeiro city

Hisbello da Silva Campos; Luciana da Rocha Pitta; Aline Campos Reis; Mauro Luís Melo Pinto

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):177-185

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OBJETIVO: Estimar a proporção de consultas motivadas pela asma na Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE) da cidade do Rio de Janeiro/RJ, Brasil. A RUE é composta por Unidades de Pronto Atendimento (UPA), Coordenações de Emergência Regional (CER) e hospitais de Pronto-Socorro.
MÉTODO: Foram coletados dados referentes aos atendimentos de 35 unidades (UPAs e CERs) abrangendo desde a data de início de funcionamento de cada uma até 31 de dezembro de 2015 (UPA) e 31 de dezembro de 2016 (CER), compreendendo cerca de 12 milhões de atendimentos. Os hospitais de Pronto-Socorro não foram incluídos já que, neles, o atendimento não é informatizado, ao contrário das UPAs e CERs.
RESULTADOS: Cerca de 9% das consultas não puderam ser analisadas por falhas no registro. Do total de atendimentos analisados (11 milhões), 5% (562 mil) foram registrados como causados por asma. Vinte por cento dos atendimentos por asma envolveram a faixa etária de 0-4 anos, não tendo sido evidenciadas diferenças significativas entre os sexos nas diferentes faixas etárias.

Descritores: Asma, serviços médicos de emergência, epidemiologia descritiva.

14 - Prevalência de asma e sintomas associados em adolescentes no interior do Maranhão

Prevalence of asthma and associated symptoms in adolescents in inland Maranhão

Joao José Pacheco Neto; Raphael Coelho Figueredo; Renata Vasques Palheta Avancini

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):186-194

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INTRODUÇÃO: As alergias, além de prejudicarem consideravelmente a qualidade de vida, especialmente em crianças e adolescentes, têm crescido em todo o mundo. Assim, para traçar o perfil epidemiológico de asma, rinite e eczema, deve-se determinar primariamente a prevalência dessas manifestações, que é o objetivo principal deste estudo.
MÉTODOS: O estudo é observacional e com delineamento do tipo transversal, baseado na aplicação do questionário escrito (QE) do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) com os adolescentes de 13 a 14 anos de idade nas escolas de Imperatriz, Maranhão. A análise estatística utilizou o teste do qui-quadrado.
RESULTADOS: A prevalência de sintomas de asma, rinite e eczema atópico no último ano foi de 26,4% (299), 32,6% (369) e 12,7% (144), respectivamente. Houve predominância do sexo feminino para todas as manifestações alérgicas, com significância em diversos pontos: crises de sibilância no último ano, sono prejudicado por chiado, tosse seca noturna na ausência de infecção, sintomas nasais e de eczema e diagnóstico de rinite. Encontrou-se maior prevalência dos diagnósticos de rinite e eczema em adolescentes da rede privada. Foi observada também forte relação entre a presença de sintomas de asma e de rinite, as manifestações graves dessas alergias e ao próprio diagnóstico médico de ambas as afecções. Sintomas ativos de eczema relacionaram-se à rinite ativa, e eczema atrapalhando o sono, à asma grave.
CONCLUSÕES: Adolescentes do município de Imperatriz/MA apresentaram uma das mais elevadas taxas de prevalência e gravidade de asma e rinite para todo o Brasil, além de altos índices de subdiagnóstico. Tal cenário exige a intervenção dos gestores de saúde e a realização de estudos para a identificação dos fatores locais implicados.

Descritores: Asma, epidemiologia, adolescente, rinite, eczema.

Comunicações Clínicas e Experimentais

15 - Prática de imunoterapia e candidatos biomarcadores: visita à resposta cutânea tardia e à IgG4 específica

Practice of immunotherapy and biomarker candidates: a visit to the late cutaneous response and specific IgG4

Francisco Machado Vieira

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):195-198

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O sucesso da imunoterapia específica (ITE) com alérgenos está marcado pela diminuição dos sintomas quando da exposição aos mesmos. Significantes aumentos de IgG4 específica têm sido verificados em múltiplos estudos com pacientes recebendo ITE de manutenção por via subcutânea (30-40 vezes). Foi selecionado um grupo de 36 pacientes com idade média de 24 anos (mediana de 22 anos), sendo a maioria do sexo masculino (58%). A característica desses pacientes, com rinite e/ou rinoconjuntivite alérgica, era de estarem em uso na fase de manutenção (mais de 10 meses), ou haviam finalizado a ITE subcutânea nos últimos dois anos, após um período de três a cinco anos consecutivos. Procurou-se verificar as respostas cutâneas imediatas (20 min) e a tardia (de 6h a 8h), após injeção intradérmica (TID) na superfície volar do antebraço de 0,02 mL de extrato alergênico contendo 1AU (unidade de alergia), associada a um grupo controle com rinoconjuntivite sem uso de ITE. Foi analisada a dimensão das pápulas na leitura imediata, observando-se uma semelhança entre os grupos de ITE e de controle (9,1± 3,3/10,8 ± 2,1 mm; p = 0,124). Na leitura tardia, nota-se uma dimensão significativamente menor no grupo de ITE (2,6 ± 2,6/6,0 ± 1,6 mm; p < 0,001) em relação ao de controle. Admite-se, portanto, ter havido um elevado aumento da IgG4 específica bloqueadora, influenciando na resposta cutânea do TID. A supressão da resposta cutânea tardia correlaciona-se com o aumento da IgG4, sendo considerados ambos os parâmetros candidatos biomarcadores para ITE.

Descritores: Rinite, alergia e imunologia, imunoterapia, biomarcadores.

16 - Mepolizumabe na doença respiratória exacerbada por aspirina - DREA

Mepolizumab in aspirin-exacerbated respiratory disease - AERD

Mariele Morandin Lopes; Claudia Leiko Yonekura Anagusko; Fábio Fernandes Morato Castro

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):199-201

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Relato de caso que ilustra a eficácia e a segurança do uso do mepolizumabe na doença respiratória exacerbada por aspirina (DREA). A utilização de anticorpo monoclonal no tratamento desta doença respiratória de difícil tratamento tem possibilitado o controle da inflamação crônica e o maior conhecimento sobre a fisiopatogenia da doença.

Descritores: Anticorpos monoclonais, asma induzida por aspirina, interleucina-5.

CARTA AO EDITOR

17 - Imunoglobulina humana (Ig) e anticorpos neutralizantes

Carolina Sanchez Aranda; Ana Maria Martins; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(2):202-203

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Setembro 2019 - Volume 3  - Número 3

Editorial

1 - Imunobiológicos na Imunologia Clínica e Alergia

Immunobiological agents in Clinical Immunology and Allergy

Pedro Giavina-Bianchi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):205-206

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ARTIGO ESPECIAL

2 - Guia prático de atualização: medicamentos biológicos no tratamento da asma, doenças alérgicas e imunodeficiências

Practical update guide: biological drugs in the treatment of asthma, allergic diseases and immunodeficiencies

Dirceu Solé; Flávio Sano; Nelson A. Rosário; Martti A. Antila; Carolina S. Aranda; Herberto J. Chong-Neto; Renata R. Cocco; Antonio Condino-Neto; Regis A. Costa; Luis F. Ensina; Pedro Giavina-Bianchi; Ekaterini S. Goudouris; Marcia C. Mallozi; José L. B. Morandi; Sandro F. Perazzio; Ana Carolina R. Reali; José Luis M. Rios; Cristine S. Rosário; Gesmar R. S. Segundo; Faradiba S. Serpa; Gustavo F. Wandalsen; Norma P. M. Rubini; Solange O. R. Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):207-258

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O presente guia apresenta revisão extensa sobre imunobiológicos utilizados, liberados e ainda sob estudo, para o tratamento da asma, doenças alérgicas e imunodeficiências. Além das características físico-químicas de alguns desses fármacos, são revisadas as indicações e os resultados de estudos clínicos realizados para avaliar eficácia e segurança. Separados por doença específica, são apresentados os principais agentes disponíveis e aprovados para utilização segundo as normas regulatórias nacionais.

Descritores: Imunobiológico, terapia imunobiológica, anticitocinas, anticorpo monoclonal, proteínas de fusão.

Artigos de Revisão

3 - Síndrome de Enterocolite Induzida por Proteína Alimentar (FPIES): um novo diagnóstico diferencial para alergia alimentar

Food Protein-Induced Enterocolitis Syndrome (FPIES): a new differential diagnosis for food allergy

Yara Henrique Martins Costa; Lúcia Gutheil-Gonçalves; Denise Tiemi-Miyakawa; Cristine Secco Rosário; Débora Carla Chong-Silva; Carlos Antônio Riedi; Nelson Augusto Rosario-Filho; Herberto Jose Chong-Neto

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):259-268

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A síndrome de enterocolite induzida por proteína alimentar, conhecida como "FPIES" (do inglês: Food Protein-Induced Enterocolitis Syndrome) é uma das apresentações da alergia alimentar não IgE mediada. Tema antes considerado raro, torna-se cada vez mais frequente nos pronto-atendimentos pediátricos. Através dos dados disponíveis na literatura, buscou-se relatar apresentação, diagnóstico e manejo da FPIES. Foi realizada busca ativa na base de dados PubMed do termo "food protein-induced enterocolitis" entre 2014 e 2019. Foram selecionados os artigos cuja população em estudo compunha a faixa etária pediátrica, e artigos completos que estavam disponíveis. Os pacientes usualmente descritos são lactentes com vômitos incoercíveis, diarreia, palidez, letargia e desidratação. Destes, alguns casos evoluem para choque hipovolêmico e acidose metabólica, podendo levar a diagnósticos equivocados. A proteína do leite de vaca, soja e arroz compõem os principais desencadeantes da doença. Entretanto, há diversos alimentos descritos neste processo. O diagnóstico dá-se através de história clínica compatível associada à reprodutibilidade dos sintomas quando ocorre reexposição ao alimento suspeito. O manejo agudo fundamenta-se na expansão volêmica, ondansetrona e corticoide, nos casos graves. Devido aos múltiplos fenótipos existentes, curto período de estudo, prevalência e patogenia incerta, a FPIES apresenta muitas lacunas a serem preenchidas. Assim, o presente estudo apresenta os consensos disponíveis e divergências atuais.

Descritores: Hipersensibilidade alimentar, hipersensibilidade, enterocolite.

4 - Relatório sobre o controle do tabagismo nas Américas: qual é a realidade no Brasil?

Report on tobacco control in the Americas: what is the reality in Brazil?

Marilyn Urrutia-Pereira; Herberto Jose Chong-Neto; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):269-274

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O fumo continua a ser a principal causa de doença e morte evitável no mundo. Estima-se que o custo econômico do tabagismo seja de US$ 1,4 bilhão por ano em todo o mundo, e aproximadamente 40% correspondem a países de baixa e média renda. O relatório sobre o controle do tabagismo na Região das Américas visa fornecer uma visão geral da situação atual das tendências da epidemia do tabagismo e da aplicação das políticas eficazes para combatê-lo. Apresenta dados atualizados e validados sobre prevalência, mortalidade associada ao tabaco e os avanços na aprovação de legislação e políticas relacionadas às seis medidas conhecidas de controle do tabagismo, MPOWER, da Organização Mundial de Saúde (OMS). Alerta sobre a importância de que os sistemas de vigilância do tabaco incluam informações sobre os produtos mais consumidos, tipos de tabaco, com ou sem fumo, como também para os novos produtos que a indústria está desenvolvendo, permitindo identificar as mudanças iniciais nos padrões de consumo, e fazer as adaptações necessárias às políticas existentes.

Descritores: Tabaco, tabagismo, poluição por fumaça de tabaco.

5 - Sibilância em lactentes: o que mudou?

Wheezing in infants: what has changed?

Sileyde Cristiane Bernardino Matos Póvoas Jucá; Líllian Sanchez Lacerda Moraes; Olga Akiko Takano; Javier Mallol; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):275-282

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O objetivo deste artigo foi avaliar a prevalência e fatores de risco para sibilância recorrente e asma em lactentes. Foi realizada pesquisa de artigos originais, revisões, consensos indexados e publicações on-line, nos últimos 15 anos, nos bancos de dados PubMed, MEDLINE, LILACS e SciELO. Conhecer a prevalência de sibilância recorrente e os fatores a ela associados é imprescindível, visto a sibilância recorrente ser uma das principais manifestações clínicas da asma na infância, sendo inclusive considerada por alguns autores como sinônimo desta doença, somado ao fato de que alguns dos fatores associados à sibilância no primeiro ano de vida também o são ao desenvolvimento de asma em crianças e adolescentes. A realização e aprofundamento de pesquisas sobre a sibilância e a asma na infância se fazem necessárias, e podem colaborar com a implantação de políticas públicas de saúde e programas educacionais objetivando o diagnóstico precoce de asma, e a adoção de medidas preventivas que favoreçam seu controle e evolução.

Descritores: Sons respiratórios, lactente, prevalência, asma, fatores de risco.

Artigos Originais

6 - Associação do polimorfismo de IL-13 (+1398A/G) com a asma e a ancestralidade genômica

Association of IL-13 (+1398A/G) gene polymorphisms with asthma and genomic ancestry

Sonia M. T. Reis; Luciano G. da S. Gomes; Ohana L. S. de Oliveira; Lauro J. Marin; Marco A. Costa; Sandra R. Gadelha; Sandra M. B. Sousa

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):283-290

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INTRODUÇÃO: A asma é uma doença complexa, resultante da interação entre fatores genéticos e ambientais. A expressão aumentada de genes relacionados à inflamação define as alterações celulares e estruturais do aparelho respiratório, enquanto o meio ambiente modula os diferentes fenótipos asmáticos. Os produtos dessas células envolvidos na inflamação incluem citocinas, como a interleucina13 (IL-13), que está relacionada com a síntese direta de IgE, imunoglobulina essencial na patogênese da asma. Há divergências entre a prevalência da asma e o grupo étnico estudado, desta forma, o uso de Marcadores Informativos de Ancestralidade (AIM - Ancestry Informative Markers) possibilita a caracterização da ancestralidade genômica de diferentes populações.
OBJETIVOS: Verificar a associação entre polimorfismos do gene IL-13R com a ancestralidade genômica e a asma em uma população no sul da Bahia.
MÉTODOS: Foram genotipadas 320 amostras, sendo 114 casos, e 206 controles, utilizando o método de PCR e PCR/RFLP em sete AIMs (Sb19.3, APO, AT3, RB2300, LPL, CKMM e PV92) que apresentam elevado diferencial de frequência alélica entre africanos, ameríndios e europeu, e um polimorfismo no receptor de IL-13 (IL-13RA1).
RESULTADOS: Os resultados desse estudo mostraram que a maior contribuição foi ameríndia, tanto para os casos (37,42%), como para os controles (50,52%), demonstrando que há diferenças nas contribuições étnicas das amostras da região estudada. O polimorfismo no receptor de IL-13 (IL13RA1) apresentou associação significativa com rinite e história familiar.
CONCLUSÕES: A heterogeneidade da composição étnica das amostras pode ter influenciado na não associação das duas variáveis: níveis de IgE sérico e histórico familiar, e a presença do polimorfismo no receptor da IL-13RA1, e aponta a necessidade de realização do controle genômico.

Descritores: AIM, marcadores moleculares, IL13, doença inflamatória crônica, vias aéreas inferiores.

7 - Prevalência de cárie e condições clínicas associadas à asma em adolescentes

Caries prevalence and medical conditions associated with asthma in adolescents

Amanda Maria Ferreira Barbosa; Élvio Luís Ramos Vieira; Felipe Leonardo de Melo Almeida Fonseca; Valdenice Aparecida Menezes

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):291-300

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INTRODUÇÃO: Adolescentes com asma apresentam problemas e necessidades distintas se comparados a outros grupos etários. O presente artigo tem como objetivo verificar as principais manifestações bucais e o acesso de adolescentes asmáticos aos serviços odontológicos.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo do tipo transversal, realizado com 215 adolescentes asmáticos de 12 a 15 anos e de ambos os sexos, atendidos em centros de referência para o controle da asma. O levantamento dos dados foi realizado em duas etapas. Na primeira foi realizado o exame intrabucal para levantamento das principais condições bucais por uma examinadora calibrada (kappa = 0,78, 0,79 e 0,86, respectivamente). Para aferir o sangramento gengival, utilizou-se o Eastman Interdental Bleeding Index (EIBI). Na segunda etapa foram aplicados, por meio de entrevistas, formulários aos pais/responsáveis com perguntas objetivas e subjetivas sobre alguns aspectos relacionados à doença asma, fatores sociodemográficos e o acesso ao cirurgião-dentista. Os testes estatísticos empregados para a interpretação dos resultados foram Qui-quadrado de Pearson, Exato de Fisher, Mann-Whitney e Kruswal-Wallis, com margem de erro de 5,0%.
RESULTADOS: A prevalência de maloclusão foi de 64,7%. Os adolescentes do sexo masculino (65,8%), de 12 anos de idade (71,0%), portadores de asma moderada persistente (75,0%) e que faziam uso de medicação (68,6%) apresentaram maloclusões com maior frequência. Verificouse que a média do índice CPO-D foi igual a 1,63. Os maiores valores deste escore pertenceram ao sexo feminino (1,85), aos 14 anos de idade (2,18) e asmáticos graves (1,86). Aproximadamente metade dos adolescentes (47,4%) apresentou sangramento gengival. Destes, 48,3% pertenciam ao sexo masculino, 59,0% possuíam 14 anos de idade, 71,4% eram portadores da asma na sua forma mais grave, e 56,9% utilizavam fármacos para o controle desta patologia.
CONCLUSÕES: As manifestações bucais mais prevalentes foram a maloclusão e o sangramento gengival. A maioria dos adolescentes asmáticos teve acesso ao cirurgião-dentista.

Descritores: Adolescente, asma, manifestações bucais, acesso aos serviços de saúde.

8 - Esofagite eosinofílica numa consulta de alergia alimentar: caracterização e comparação entre idade pediátrica e idade adulta

Eosinophilic esophagitis at a food allergy appointment: characterization and comparison between pediatric and adult ages

Sara Carvalho; Célia Costa; João Marcelino; Fátima Cabral Duarte; Manuel Pereira Barbosa

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):301-308

Resumo PDF Português

INTRODUÇÃO: Esofagite eosinofílica (EoE) é uma doença inflamatória crônica do esôfago, mediada imunologicamente e caracterizada por sintomas relacionados com disfunção esofágica e infiltração da mucosa esofágica por eosinófilos (Eo). Os objetivos foram caracterizar os doentes com diagnóstico de EoE e analisar as diferenças entre doentes com diagnóstico em idade pediátrica (Cr, < 18 anos) e adulta (Ad, ≥ 18 anos).
MÉTODOS: Estudo observacional retrospetivo dos doentes seguidos no serviço de Imunoalergologia, no período de Fev/2009 a Jul/2017, com diagnóstico de EoE. Foram divididos em dois grupos, Cr e Ad, caracterizados de acordo com dados demográficos, história de atopia, sintomas, sensibilizações alimentares, IgE Total, eosinofilia, achados na endoscopia digestiva alta e biópsias. Avaliou-se a correlação entre sensibilização alimentar, clínica grave (ClinG), ou seja, idas ao serviço de urgência ou internamento por complicações de EoE ou histologia grave (HistG), biópsia com Eo > 50 e/ou microabcessos.
RESULTADOS: 74 pacientes (81% sexo masculino, média de idades 27±17 anos), 36 Cr e 38 Ad. Os sintomas mais frequentemente reportados foram, no grupo Cr disfagia (73%) e refluxo gastroesofágico (46%), enquanto no grupo Ad impactação (85%) e disfagia (56%). Foram referidos antecedentes de atopia em 96% das Cr, e 67% dos Ad. Em 77% das Cr e 69% dos Ad havia sensibilização alimentar. Os achados endoscópicos mais frequentes no grupo Cr foram estriação (65%) e placas brancas (50%), enquanto que no grupo Ad foram placas brancas (42%) e anéis esofágicos (35%). HistG (46%) associou-se a ClinG (35%), p = 0,001, nas Cr, mas o mesmo não foi objetivado no grupo Ad [ClinG (22%) e HistG (17%), p = 0,5].
CONCLUSÃO: Os nossos resultados estão de acordo com o descrito na literatura, observando-se um predomínio do sexo masculino e uma maior frequência de história de atopia e sensibilização alimentar no grupo Cr. As situações graves de impactação e estenose esofágica foram mais frequentes nos Ad, e objetivou-se uma associação de histologia grave com clínica grave, apenas nas Cr.

Descritores: Atopia, biópsia esofágica, endoscopia digestiva alta, eosinófilos, esofagite eosinofílica, sensibilização alimentar.

9 - Dispositivos intranasais de medicamentos são uma potencial fonte de contaminação das vias aéreas

Intranasal drug delivery devices are a potential contamination source of airways

Felipe Maciel Pereira; Lidiane de Castro Soares; Isadora Passamani Reis Innocencio; Luísa Costa Oliveira Valente; Beatriz Julião Vieira Aarestrup; Fernando Monteiro Aarestrup; Akinori Cardozo Nagato

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):309-316

Resumo PDF Inglês

BACKGROUND: The use of intranasal drug delivery devices (IDDD) for the treatment of allergic rhinitis (AR) is frequent because they are simple, efficient, and safe, and mainly because they are perceived as low-risk. However, it is speculated that contact between the nasal mucosa and an IDDD may give rise to infections once the nose is colonized by bacteria, and there are currently no proper instructions for IDDD sanitization. The objective of this study was to evaluate the possibility of contamination of an IDDD for topical medication after simulating use in healthy individuals.
METHODS: The in vitro study consisted of 14 healthy individuals of both sexes, between the ages of 18 and 24 years. Samples were collected immediately after the opening of each IDDD and after simulating use by the subjects. Afterwards, the samples were deposited in tubes and kept in an incubator at 37 °C. After 48 hours, the samples were inoculated on Müller-Hinton agar. Qualitative analyses of the appearance of the samples were performed after 24 and 48 hours, and after 72 hours the presence or absence of bacteria was evaluated macroscopically.
RESULTS: After 24 hours of incubation, 21.4% (n = 3) of the samples presented with a turbid appearance and after 48h, 71% (n = 10) of the samples presented with a turbid appearance and positive bacterial growth.
CONCLUSION: The results suggest that IDDDs for topical medications may be important sources of contamination or recontamination of the nasal mucosa of individuals who are being treated for upper respiratory tract conditions. A better understanding of the risks of re-using IDDDs after previous contact with the nasal mucosa will improve guidelines on hygiene procedures and prevention of related risks.

Descritores: Administration, intranasal, nasal mucosa, contamination, bacteria.

Comunicação Clínica e Experimental

10 - Teste de provocação oral descarta alergia aos fármacos

Oral challenge test rules out drug allergy

Cíntia de Matos Rodrigues da Silva; Débora Carla Chong-Silva; Carlos Antônio Riedi; Herberto Jose Chong-Neto; Nelson Augusto Rosario-Filho

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):317-321

Resumo PDF Português

O objetivo deste estudo foi avaliar a utilidade do teste de provocação oral (TPO) em pacientes encaminhados para investigação de reações alérgicas a medicamentos. Foi realizado um estudo analítico, transversal, com coleta de dados de pacientes de 0 a 14 anos, com história de reação adversa a medicamentos no período entre junho de 2017 a junho de 2019. Os pacientes foram submetidos aos testes cutâneos alérgicos por puntura (TCA), e na sequência, TPO com os medicamentos suspeitos. Os TPO foram abertos, e se o paciente apresentasse manifestação clínica compatível, o teste era interrompido e considerado positivo. Foram avaliadas 38 reações com fármacos orais. Dentre os 36 pacientes submetidos aos TPO, 23 (63,8%) eram do sexo masculino, média de idade de 5,7 anos; 32 (88,8%) tinham história de atopia, e 13 (36,1%) apresentaram teste cutâneo positivo para aeroalérgenos. Todos (n = 38) relataram sinais e sintomas cutâneos, 9 (25%) com sintomas respiratórios, 2 (5,5%) com sintomas gastrointestinais e 1 (2,7%) com outros sintomas. Todos os TCA para os fármacos avaliados foram negativos. Os TPO foram realizados com: antibióticos em 21 (55,2%), 16 (42,1%) com analgésicos e anti-inflamatórios, e 1 com prednisona (2,6%). Dentre os TPO, somente 1 (2,6%) foi positivo ao ibuprofeno. Concluiu-se que o teste de provocação oral a fármacos teve a finalidade de excluir, mais do que confirmar alergia, o que reforça a importância da confirmação, uma vez que a prevalência de alergia medicamentosa confirmada é baixa, sobretudo em crianças.

Descritores: Antibacterianos, hipersensibilidade a drogas, pediatria.

CARTAS AO EDITOR

11 - Sobre a falta de imunoglobulina humana

Almerinda Maria Rego Silva; Anete Sevciovic Grumach; Antonio Condino Neto; Carolina Cardoso de Mello Prando; Carolina Sanchez Aranda; Cristina Maria Kokron; Ekaterini Simões Goudouris; Fernanda Mariz; Gesmar Rodrigues Silva Segundo; Mayra de Barros Dorna; Wilma Carvalho Neves Forte; Helena Fleck Velasco

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):322-323

PDF Português

12 - Successful perioperative care in systemic mastocytosis

Mario Geller

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):323-324

PDF Inglês

13 - Acesso facilitado à medicação com budesonida e formoterol associados

Gustavo Silveira Graudenz; Helena Landim Cristóvão

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):324-325

PDF Português

14 - Síndrome de Melkersson-Rosenthal

Melkersson-Rosenthal syndrome

Adriana Pereira de Lira Marques; Paulo Eduardo Silva Belluco

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):326-330

Resumo PDF Português

A síndrome de Melkersson-Rosenthal é uma doença rara que pode se apresentar como uma tríade clássica de edema orofacial, paralisia facial e língua fissurada ou, mais frequentemente, com características oligo/monossintomáticas. Relatamos um caso que aportou a um alergista para o diagnóstico de um angioedema, e que na avaliação se configurou como a síndrome completa. Diagnósticos diferenciais com angioedema alérgico, hereditário, idiopático e com outras patologias devem ser considerados. Apesar de o diagnóstico ser clínico, a biópsia cutânea foi relevante. Objetivamos alertar o especialista que se depara com angioedema crônico recorrente sobre essa patologia.

Descritores: Síndrome de Melkersson-Rosenthal, angioedema, paralisia facial, língua fissurada.

15 - Síndrome escromboide

Scombroid syndrome

Antônio Paulo Costa Penido; Pedro Giavina-Bianchi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(3):331-333

Resumo PDF Português

Relato de caso de paciente com síndrome escromboide. Os aspectos clínicos e os mecanismos fisiopatológicos envolvidos na síndrome são revistos. Salienta-se o diagnóstico diferencial com a anafilaxia a peixe.

Descritores: Síndrome escromboide, diagnóstico diferencial, anafilaxia.

Dezembro 2019 - Volume 3  - Número 4

Editorial

1 - Melhora na assistência aos pacientes com asma grave

Improved care for patients with severe asthma

Marcelo Vivolo Aun; Rosana Câmara Agondi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):355-356

PDF Português

ARTIGOS ESPECIAIS

2 - Guia para o manejo da asma grave 2019 – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

Guide to the management of severe asthma 2019 – Brazilian Association of Allergy and Immunology

Gustavo F. Wandalsen; Flávio Sano; Ana Carla A. M. Falcão; Adelmir S. Machado; Faradiba S. Serpa; José Ângelo Rizzo; José Elabras Filho; Pedro Giavina-Bianchi; Tessa R. T. Gonçalves; Dirceu Solé

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):337-362

Resumo PDF Português

Antes de rotular um paciente como tendo asma grave, é crucial confirmar o diagnóstico da doença e de sua gravidade, além de excluir diagnósticos diferenciais de condições que podem se assemelhar ou se confundir com a asma, tais como: tuberculose, doença pulmonar obstrutiva crônica, disfunção de corda vocal, apneia do sono, bronquiectasia, entre outras. Neste guia são abordados, além dos diagnósticos diferenciais, dados de história clínica e exames laboratoriais que permitem classificar o paciente com relação à evolução da doença (controlado ou não controlado) e, assim, possibilitar a instituição do esquema terapêutico mais apropriado. São apresentadas alternativas terapêuticas disponíveis para a abordagem clínica desses pacientes, incluindo os imunobiológicos.

Descritores: Asma grave, controle da asma, corticosteroide inalado, imunobiológicos, qualidade de vida, anticorpos monoclonais.

3 - Atualização sobre reações de hipersensibilidade perioperatória: Documento conjunto da Sociedade Brasileira de Anestesiologia e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia – Parte I: Tratamento e orientação pós-crise

Update on perioperative hypersensitivity reactions: Joint document from the Brazilian Society of Anesthesiology and Brazilian Association of Allergy and Immunology - Part I: Post-event management and guidance

Maria Anita C. Spindola; Dirceu Solé; Marcelo Aun; Liana Maria Tôrres de Araújo Azi; Luiz A. G. Bernd; Daniela Bianchi; Albertina V. Capelo; Debora Cumino; Alex E. Lacerda; Luciana Lima; Edelton F. Morato; Rogean Nunes; Norma P. M. Rubini; Jane da Silva; Maria Angela Tardelli; Alessandra S. Watanabe; Erick Curi; Flávio Sano

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):363-381

Resumo PDF Português

Especialistas da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) e da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA), interessados no tema anafilaxia perioperatória, reuniram-se com o objetivo de intensificar a colaboração entre as duas sociedades no estudo desse tema e elaborar um documento conjunto que possa guiar ambos os especialistas. O objetivo desta série de dois artigos foi mostrar as evidências mais recentes alicerçadas na visão colaborativa entre as sociedades. Este primeiro artigo versará sobre as definições mais atuais, formas de tratamento e as orientações após a crise no perioperatório. No próximo artigo serão discutidos os principais agentes causais e a condução da investigação com testes apropriados.

Descritores: Alergia e imunologia, hipersensibilidade, anafilaxia, período perioperatório.

4 - Guia prático da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia para o diagnóstico e tratamento das urticárias baseado em diretrizes internacionais

A practical guide of the Brazilian Association of Allergy and Immunology to the diagnosis and treatment of urticaria based on international guidelines

Luis Felipe Ensina; Solange Oliveira Rodrigues Valle; Régis Albuquerque Campos; Rosana Agondi; Paulo Criado; Roberta Buense Bedrikow; Joachim W. Fluhr; Dirceu Solé; Torsten Zuberbier

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):382-392

Resumo PDF Português

A urticária crônica espontânea afeta mais de um milhão de brasileiros e impacta significativamente em sua qualidade de vida. Para atualizar as recomendações quanto ao seu diagnóstico e tratamento, especialistas de todo o mundo reúnem-se a cada quatro anos em Berlim e revisam todas as novas evidências que justifiquem modificações na diretriz internacional. Este artigo discute as principais recomendações propostas na versão atual da diretriz.

Descritores: Urticária, angioedema, diagnóstico, tratamento.

Artigos de Revisão

5 - Controle ambiental: prevenção e manejo das doenças atópicas

Environmental control: prevention and management of atopic diseases

Bárbara Souza; Pedro Giavina-Bianchi; Jorge Kalil; Rosana Câmara Agondi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):393-400

Resumo PDF Português

A asma é uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo, sendo que 50% a 80% dos pacientes apresentam o fenótipo alérgico. A asma resulta da interação entre predisposição genética e exposição ambiental. Os aeroalérgenos perenes, especialmente os ácaros da poeira doméstica, são considerados um dos responsáveis pelo aumento da prevalência da asma em todo mundo. O controle ambiental é uma das medidas necessárias para o tratamento e controle da asma.

Descritores: Asma, doenças atópicas, alergia, controle ambiental.

6 - Uma visão atualizada da anafilaxia idiopática: a ausência de evidência não é a evidência de ausência

An updated view of idiopathic anaphylaxis: absence of evidence is not evidence of absence

Mario Geller

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):401-405

Resumo PDF Português

A anafilaxia idiopática não apresenta etiologia conhecida. A sua prevalência é estimada entre 10-35% de todas as modalidades de anafilaxia. A sintomatologia apresentada é a mesma de qualquer outra anafilaxia: urticária, angioedema, ruborização, prurido, hipotensão arterial, taquicardia, manifestações gastrointestinais (disfagia, náusea, vômitos, cólicas abdominais, diarreia), asma, edema laríngeo, tontura e síncope. A mortalidade é rara. Não há transmissão genética, mas 40% dos pacientes são atópicos. É mais frequente nos adultos do que nas crianças, e principalmente em mulheres. É um diagnóstico de exclusão. Ocorre ativação mastocitária com desgranulação citoplasmática dos mediadores de anafilaxia (triptase, histamina, entre outros). É uma anafilaxia com boa resposta aos corticoides, e, portanto, caso não haja resposta adequada a doses eficazes de prednisona/prednisolona, o seu diagnóstico deve ser revisto. O diagnóstico diferencial da anafilaxia idiopática inclui: a mastocitose sistêmica indolente, síndromes de ativação mastocitária monoclonais, alergia à galactose-alfa-1,3 galactose, anafilaxia induzida por exercícios (com e sem dependência alimentar e medicamentosa), angioedema hereditário (congênito e adquirido), feocromocitoma, síndrome carcinoide, anafilaxia oral acarina, alergia ao Anisakis simplex, disfunção das cordas vocais, síndrome escombroide, alergia ao sêmen, alergia ao látex, manifestações psicossomáticas (síndrome do pânico, globus hystericus e a síndrome de Münchausen), bem como as tradicionais e mais frequentes modalidades de anafilaxia (alergia a alimentos, medicamentos e insetos). O tratamento na crise aguda da anafilaxia idiopática é o mesmo do que nas demais anafilaxias, incluindo a administração intramuscular imediata de epinefrina. Deve haver uma generosa e prolongada prescrição de corticoterapia oral, e também a instituição de medicação preventiva (anti-histamínicos anti-H1 e anti-H2, cetotifeno, albuterol oral, montelucaste, cromoglicato de sódio, e por último o omalizumabe). Os pacientes devem portar epinefrina autoinjetora e ser instruídos sobre como agir em caso de um episódio anafilático. Eles respondem bem à administração de epinefrina. A corticoterapia oral, por 4-6 semanas, pode induzir uma remissão completa.

Descritores: Anafilaxia, anafilaxia idiopática, mastocitose sistêmica, doenças de ativação mastocitária, galactose-alfa-1,3-galactose, angioedema hereditário, omalizumabe.

7 - A microbiota intestinal e sua interface com o sistema imunológico

Gut microbiota and its interface with the immune system

Herberto J. Chong-Neto; Antonio Carlos Pastorino; Ana C. C. Della Bianca Melo; Décio Medeiros; Fábio Chigres Kuschnir; Maria Luiza Oliva Alonso; Neusa Falbo Wandalsen; Cristine Secco Rosário; Dirceu Solé; Bruno A. Paes Barreto

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):406-420

Resumo PDF Português

A microbiota intestinal humana influencia diversos sistemas orgânicos e há evidências de sua ação sobre o sistema imunológico. O objetivo desta revisão foi verificar a influência da microbiota intestinal humana e sua interface com o sistema imunológico. A partir das palavras-chaves gut (intestino) e microbiota (microbiota), e utilizando o operador boleano AND para correlacionar a palavra-chave com os diversos temas propostos para o artigo de revisão, como por exemplo, gut microbiota AND delivery ou gut microbiota AND mode of delivery, foram selecionados artigos obtidos da busca na base PubMed, sobretudo nos últimos 10 anos (2009-2019). Há evidências de que a janela de oportunidade para intervenção e prevenção primária das doenças alérgicas começa antes do nascimento e provavelmente dentro do período fetal, estendendo-se ao tipo de parto, alimentação nos primeiros meses de vida, fatores ambientais e uso de antibióticos. Compreender esta complexa interface que envolve, por um lado a microbiota (microrganismos e seus subprodutos) e, por outro, receptores e células especializadas, é fundamental para o entendimento dos mecanismos de tolerância ou desequilíbrio imunológico, os quais estão respectivamente ligados ao estado fisiológico de saúde ou aos processos patofisiológicos de diversas doenças, sobretudo aquelas de contexto imunomediado.

Descritores: Microbiota, sistema imunológico, aleitamento materno.

8 - Abordagem da conjuntivite em paciente com dermatite atópica em uso de dupilumabe

Management of conjunctivitis in patients with atopic dermatitis using dupilumab

Mara Giavina-Bianchi; Pedro Giavina-Bianchi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):421-426

Resumo PDF Português

O dupilumabe foi aprovado para o tratamento de dermatite atópica moderada a grave em adultos e adolescentes no Brasil. Ensaios clínicos e estudos de vida real mostraram alta eficácia e segurança deste imunobiológico, porém a frequência de conjuntivite no grupo de pacientes com dermatite atópica tratado com esse medicamento foi mais alta do que no grupo controle. A conjuntivite é mais frequente em pacientes com dermatite atópica do que na população geral, e foi o efeito adverso mais frequente nos pacientes com dermatite atópica em uso do dupilumabe. A maioria dos casos apresentou quadro leve, sem necessidade de suspender a medicação. Apresentamos uma sugestão de algoritmo para a abordagem da conjuntivite nos pacientes em uso do dupilumabe para tratamento da dermatite atópica.

Descritores: Dermatite atópica, dupilumabe, conjuntivite, efeito adverso.

Artigos Originais

9 - Perfil dos portadores de urticária crônica do hospital universitário de Salvador-BA

Profile of patients with chronic urticaria at the University Hospital of Salvador-BA

Generson Alves da-Silva; Régis de Albuquerque Campos

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):427-435

Resumo PDF Português

INTRODUÇÃO: A urticária crônica é caracterizada pela presença de placas eritematosas cutâneas com prurido por mais de 6 semanas, com ou sem angioedema. Estudos indicam que essa afecção afeta cerca de 1% da população mundial, sendo que a maior parte desses casos de causas idiopáticas. A qualidade de vida em pacientes com urticária pode ser gravemente prejudicada. Os objetivos desse estudo são caracterizar o perfil epidemiológico da urticária crônica dentro de um serviço especializado público no estado da Bahia, bem como avaliar a influência dessa disfunção na qualidade de vida desses pacientes.
MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo observacional a partir de informações extraídas dos prontuários de 135 pacientes atendidos no serviço de Alergia e Imunologia do Ambulatório Magalhães Neto, pertencente ao Complexo do Hospital Universitário Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia.
RESULTADOS: Indivíduos do sexo feminino representam 80,0% do número total de participantes desse estudo; 71 indivíduos (52,6%) têm mais de 45 anos de idade; foi verificada a presença de angioedema associado à urticária em 52,0% dos participantes. O tempo médio do início dos sintomas associados à doença foi de 7,3 anos, e o tempo médio de diagnóstico da doença foi de 4,4 anos. Com relação à presença de comorbidades, a mais prevalente foi a rinite alérgica (27,0%). O fármaco mais utilizado no tratamento desses participantes foi a Cetirizina, que foi prescrita em 36,0% dos casos. Para 31% a urticária crônica espontânea afeta muito a sua qualidade de vida.
CONCLUSÕES: O perfil dos participantes desse estudo se assemelha ao de outros em estudos realizados no mundo. A urticária crônica impacta predominantemente de forma moderada a qualidade de vida, e mais fortemente as dimensões sono/estado mental e alimentação.

Descritores: Urticária, qualidade de vida, alergia e imunologia.

10 - Contribuição do diagnóstico molecular em doentes alérgicos ao veneno de abelha com reações sistêmicas durante o ultra-rush

Contribution of molecular diagnosis to bee venom allergic patients with systemic reactions during the build-up phase of bee venom immunotherapy

Tatiana Lourenço; Mara Fernandes; Anabela Lopes; Elisa Pedro; Manuel Pereira Barbosa; M. Conceição Pereira Santos

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):-

Resumo PDF Inglês

INTRODUÇÃO: A alergia ao veneno de abelha (VA) é uma das causas mais comuns de anafilaxia grave. A imunoterapia com veneno de abelha (VIT) é considerada o tratamento mais eficaz, mas reações sistêmicas podem ocorrer. O objetivo deste estudo foi caracterizar o perfil de sensibilização por componentes moleculares de doentes com anafilaxia a VA e avaliar se reações sistêmicas durante o ultra-rush estão relacionadas com diferentes padrões de sensibilização.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo incluindo 30 doentes submetidos a VIT durante 1 ano. Considerou-se dois grupos: grupo de doentes que reagiu durante o ultra-rush (Grupo A), que foi comparado com o grupo sem reação (Grupo B). Foram avaliadas as IgE (sIgE) e IgG4 (sIgG4) específicas para VA(i1) e componentes moleculares: rApi m1, rApi m2, rApi m3, rApi m5 e rApi m10 antes e 1 ano após VIT. Os testes estatísticos foram realizados com Graph-PadPrism v5.01.
RESULTADOS: 80% sexo masculino, média de idade 47 anos (14-74). Grupo A com 10 doentes, Grupo B com 20 doentes. Previamente à VIT, sIgE para rApi m1 foi detectada em 86,7%; rApi m2 em 46,7%; rApi m3 em 16,7%; rApi m5 em 43,3%; e rApi m10 em 70%. Resultados positivos para pelo menos um alergênio de VA foram detectados em 100%. 73% dos doentes eram sensibilizados a mais de um alergênio, e 13,3% a todos os alergênios. Não houve diferenças estatisticamente significativas no perfil dos dois grupos antes da VIT, porém verificou-se uma diminuição significativa: p = 0,045; p = 0,017 e p = 0,021 de i1, rApi m3 e rApi m10, respectivamente, no grupo B um ano após VIT. Relativamente à sIgG4, observou-se um aumento significativo de rApi m1, não observado nos restantes alergênios como rApi m3 e rApi m10.
CONCLUSÃO: A análise de um painel de recombinantes de VA pode melhorar a sensibilidade diagnóstica, quando comparado com rApi m1 isolado. Não se verificou associação entre a ocorrência de reações sistêmicas durante o ultra-rush e o perfil de sensibilização molecular. No entanto, é importante para estudar um maior número de doentes.

Descritores: Veneno de abelha, anafilaxia, imunoterapia.

11 - Avaliação da relação neutrófilo/linfócito como indicador prognóstico em pacientes sépticos de unidades de terapia intensiva de Recife-PE

Evaluation of neutrophil-to-lymphocyte ratio as a prognostic indicator in septic patients in intensive care units in Recife-PE

Filipe Jonas Federico da-Cruz; Filipe Prohaska Batista; Renata Barretto Coutinho Bezerra e Silva

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):445-452

Resumo PDF Português

INTRODUÇÃO: Sepse é uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica associada a foco infeccioso e às disfunções orgânicas. Sabe-se que, no processo infeccioso, a resposta do hospedeiro consiste no aumento do número de neutrófilos e na redução do número total de linfócitos. O índice neutrófilo/linfócito (N/L) é uma ferramenta facilmente calculável a partir do hemograma, e tem sido utilizada como indicador prognóstico em diversas condições patológicas. Esta pesquisa visa avaliar o valor prognóstico das médias da relação neutrófilo-linfócito em pacientes sépticos em unidades de terapia intensiva de Recife-PE, Brasil.
METODOLOGIA: Foram coletados de registros em prontuário eletrônico os hemogramas de admissão, do segundo dia (D2) e sétimo (D7) dias após internamento em unidades de terapia intensiva (UTI). A relação neutrófilo/linfócito foi calculada pela divisão entre os valores absolutos das contagens celulares. As médias encontradas foram comparadas com: dias de internamento em UTI, tempo de ventilação mecânica, tempo de droga vasoativa e mortalidade em 28 dias.
RESULTADOS: O valor médio da relação N/L que teve correlação com mortalidade em 28 dias foi de 14,2 no D1 (p = 0,011) e 15,9 no D7 (p < 0,001). Ao avaliar-se o risco relativo de mortalidade em 28 dias quando os subgrupos foram reunidos em pacientes sem infecção (N/L < 5) e com infecção (N/L = 5), o oddsratio em D1 foi de 12,0; e em D7 foi de 15,8.
CONCLUSÃO: O valor da relação N/L na avaliação de pacientes sépticos guarda correlação com mortalidade em 28 dias, e valor médio acima de 14 aumenta consideravelmente este risco.

Descritores: Sepse, choque séptico, prognóstico.

12 - Concentrações de vitamina D em lactentes sibilantes e crianças asmáticas: relação com a condição nutricional e o controle da doença

Vitamin D concentrations in wheezing infants and asthmatic children: relationship with nutritional status and disease control

Mirella Regina Cimino Scaff; Fabíola Isabel Suano De-Souza; Roseli Oselka Saccardo Sarni; Igor Luiz Argani; Neusa Falbo Wandalsen

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):453-458

Resumo PDF Português

INTRODUÇÃO: Deficiência de vitamina D e obesidade foram associadas a um pior controle da asma em países desenvolvidos, embora essa relação ainda não esteja devidamente estabelecida. Assim, o presente estudo visa avaliar a relação entre deficiência de vitamina D, controle da asma e a condição nutricional em crianças menores de 10 anos.
MÉTODOS: 46 crianças asmáticas menores de 10 anos foram recrutadas para esse estudo observacional transversal, realizado entre outubro de 2016 e julho de 2018. O controle da asma foi verificado de acordo com o GINA 2016. A condição nutricional foi considerada como eutrófica (Z escore -2 a +1) ou sobrepeso/obesidade (Z score > +1), de acordo com a classificação da Organização Mundial da Saúde. Valores de vitamina D < 20 ng/mL foram considerados deficiência. A análise laboratorial foi realizada pelo laboratório de análises clínicas da Faculdade de Medicina do ABC.
RESULTADOS: Não foi encontrada relação estatisticamente significante entre controle da asma e condição nutricional (p = 0,766), controle da asma e níveis de vitamina D (p = 0,880), ou níveis de vitamina D e condição nutricional (p = 0,610). Deficiência de vitamina D foi encontrada em 21,8% das crianças incluídas; 63,5% apresentavam asma não controlada; e 41,3% apresentavam sobrepeso/obesidade.
CONCLUSÕES: O presente estudo não encontrou associação entre controle da asma, níveis de vitamina D e condição nutricional, questionando a importância dessa relação em crianças com menos de 10 anos.

Descritores: Vitamina D, asma, obesidade.

13 - A influência do tratamento do Helicobacter pylori no paciente com urticária crônica espontânea

The influence of Helicobacter pylori treatment on patients with chronic spontaneous urticaria

Larissa Queiroz Mamede; Laís Souza Gomes; Grazielly Fátima Pereira; Allyne Moura Fé e Sousa Araújo; Amanda Brolio de Souza; Iandra Leite Perez; Luana Pereira Maia; Jorge Kalil; Antônio Abílio Motta; Rosana Câmara Agondi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):459-464

Resumo PDF Português

INTRODUÇÃO: A urticária crônica espontânea (UCE) é considerada atualmente uma condição autoimune, onde o mastócito é a célula central e sua ativação envolve a participação de autoanticorpos IgG e/ou IgE. Entretanto, várias outras condições podem estar associadas ao não controle da UCE, como a infecção pelo Helicobacter pylori (Hp), embora os dados na literatura sejam controversos. O objetivo deste estudo foi avaliar a influência do tratamento do Hp no controle clínico da UCE.
MÉTODOS: Estudo retrospectivo de prontuários eletrônicos de pacientes com UCE que foram submetidos à pesquisa de Hp devido a sintomas gastroesofágicos. Foram avaliados os dados demográficos e a refratariedade aos anti-histamínicos destes pacientes. Posteriormente, a positividade ao Hp e a influência do tratamento do Hp sobre o controle clínico da UCE também foram avaliados. A UCE foi considerada controlada quando o UAS7 < 6, juntamente com a redução do uso de medicamentos para UCE.
RESULTADOS: Foram incluídos 50 pacientes, a maioria do sexo feminino (84%), e com idade média de 56,0 anos. A positividade para o Hp foi observada em 18 pacientes (36%), porém, o tratamento para erradicação do Hp foi realizado em apenas 13 pacientes, e, destes, 9 (69,2%) apresentaram melhora dos sintomas da UCE, avaliados em média 5,6 meses após este tratamento. Não houve associação da infecção pelo Hp com a gravidade da UCE e nem com o tempo de doença.
CONCLUSÕES: Embora a UCE tenha a autoimunidade como a principal hipótese para ativação do mastócito, outras situações estão associadas ao não controle da UCE, como a infecção pelo Hp. Este estudo encontrou que a frequência de positividade do Hp nos pacientes com UCE foi mais baixa do que a encontrada na literatura, porém, cerca de 70% dos pacientes tratados para erradicação do Hp apresentaram melhora clínica da UCE.

Descritores: Helicobacter pylori, urticária crônica espontânea, tratamento.

14 - Uso de corticoide inalado e sua implicação no nível de eosinófilos periféricos

Inhaled corticosteroid use and its implications for peripheral blood eosinophil levels

Grazielly de Fatima Pereira; Priscila de Abreu Franco; Larissa de Queiroz Mamede; Lais Souza Gomes; Iandra Leite Perez; Amanda Brolio de Souza; Allyne Moura Fé E. S. Araujo; Jorge Kalil; Pedro Giavina-Bianchi; Rosana Câmara Agondi

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):465-459

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INTRODUÇÃO: Um dos efeitos do corticoide sistêmico é a redução do número e da ação dos eosinófilos. O objetivo deste estudo foi avaliar a ação do corticoide inalatório (CI) sobre os eosinófilos periféricos (EoP).
MÉTODOS: Trata-se de um estudo retrospectivo de prontuários eletrônicos de pacientes adultos com asma grave, steps 4 e 5 da GINA 2019, acompanhados em um centro terciário de referência. Os pacientes em uso recente ou atual de corticoide oral foram excluídos. Foram avaliados dados demográficos, dose de budesonida inalada, sensibilização a aeroalérgenos, IgE total, cortisol sérico e EoP, no período de 2010 a 2019.
RESULTADOS: Foram avaliados 58 pacientes, sendo 81,0% do sexo feminino, com médias de idade de 61,0 anos, de início da asma aos 17,4 anos e de tempo de doença de 43,6 anos. A média de CI foi de 1682,8 µg/dia, e a média de IgE sérica total do grupo foi de 398,9 UI/mL. A IgE específica para aeroalérgenos estava positiva em 40 pacientes (69%), sendo 85% destes pacientes sensibilizados para ácaros. A média do cortisol sérico foi de 5,6 µg/dL, e dos EoP de 252,1 cel/mm3. Neste estudo não foi observada correlação entre a dose de CI e o cortisol sérico. Entretanto, 41,4% dos pacientes apresentaram EoP < 150 cel/mm3, e houve uma correlação inversa significante entre as doses de CI e os níveis de EoP, (p = 0,011 r2 = 0,11), ou seja, quanto maior a dose de CI, menor o nível de EoP.
CONCLUSÕES: A GINA 2019 recomenda o uso de anticorpos monoclonais (mAbs), no step 5, direcionados pelo fenótipo de asma. Alguns destes mAbs incluem como critério de tratamento os EoP acima de 150 ou 300 cel/mm3. Neste estudo, o CI em doses elevadas estava relacionado a níveis mais baixos de EoP, portanto, alguns pacientes em uso de doses elevadas de CI poderiam apresentar EoP reduzida pelo uso de CI, interferindo na recomendação de alguns mAbs.

Descritores: Corticoide inalado, eosinófilos periféricos, asma, cortisol sérico, anticorpos monoclonais.

CARTA AO EDITOR

15 - O papel dos alergistas brasileiros na eliminação da epidemia de febre amarela

Gustavo Silveira Graudenz

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):470-471

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Errata

16 - Errata em: "Guia prático de atualização: medicamentos biológicos no tratamento da asma, doenças alérgicas e imunodeficiências"

Erratum on: "Practical update guide: biological drugs in the treatment of asthma, allergic diseases and immunodeficiencies"

Dirceu Solé; Flávio Sano; Nelson A. Rosário; Martti A. Antila; Carolina S. Aranda; Herberto J. Chong-Neto; Renata R. Cocco; Antonio Condino-Neto; Regis A. Costa; Luis F. Ensina; Pedro Giavina-Bianchi; Ekaterini S. Goudouris; Marcia C. Mallozi; José L. B. Morandi; Sandro F. Perazzio; Ana Carolina R. Reali; José Luis M. Rios; Cristine S. Rosário; Gesmar R. S. Segundo; Faradiba S. Serpa; Gustavo F. Wandalsen; Norma P. M. Rubini; Solange O. R. Valle

Arq Asma Alerg Imunol 2019;3(4):472

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