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Revista oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI
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Número Atual:  Outubro-Dezembro 2020 - Volume 4  - Número 4


Comunicações Clínicas e Experimentais

Acidente com autoinjetor de adrenalina

Accidental use of an adrenaline autoinjector

Vanessa Tavares Pereira1; Thiago Said Daibes Pereira2; Bruno Emanuel Carvalho Oliveira3; Ana Carolina Batista Pamplona de Freitas1; Marco Antônio Camarão Pinheiro1


DOI: 10.5935/2526-5393.20200072

1. Universidade do Estado do Pará, Departamento de Pediatria, Ambulatório de Alergia e Imunologia - Belém, PA, Brasil
2. Universidade do Estado do Pará, Departamento de Cirurgia Pediátrica - Belém, PA, Brasil
3. Universidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Pediatria - Belo Horizonte, MG, Brasil


Endereço para correspondência:

Vanessa Tavares Pereira
E-mail: dra.vanessapereira@gmail.com


Submetido em: 17/10/2020
Aceito em: 18/10/2020.

Não foram declarados conflitos de interesse associados à publicação deste artigo.

RESUMO

A anafilaxia é uma reação alérgica potencialmente fatal. Autoinjetor pode ser prescrito para tratamento precoce nesses casos. Relatamos o caso de uma criança que fez uso acidental de adrenalina autoinjetora que ao exame de imagem evidenciou falange distal com fratura. Objetivamos alertar a importância de orientar o paciente e seus familiares acerca do uso correto desse dispositivo.

Descritores: Epinefrina, autoinjetor, lesão acidental.




INTRODUÇÃO

Anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade aguda grave. O reconhecimento precoce é a chave para o manejo adequado e uma boa resolução do quadro1. Adrenalina intramuscular é a primeira droga a ser realizada, e o seu uso em dispositivos autoinjetáveis é uma forma prática e de fácil uso por qualquer pessoa treinada2,3.

 

DESCRIÇÃO DO CASO

Criança de 6 anos, masculino, injetou-se acidentalmente com caneta de adrenalina pediátrica (EpiPen®Jr). A agulha penetrou ventralmente seu polegar direito, injetando 0,15 mg de adrenalina e saindo dorsalmente. Apresentou sangramento, dor e edema local. Em cerca de 10 minutos, o polegar ficou pálido e frio, com retorno venoso lento comparado com polegar esquerdo. Foi levado ao pronto-atendimento consciente, orientado, choroso e com dor na polpa digital direita. Atendido nos moldes do ATLS após 30 min do ocorrido. Ao exame físico: polpa digital do polegar direito com lesão perfurante, dolorosa à palpação, SpO2 82%, perfusão lenta (Figura 1).

 


Figura 1
Polegar direito com lesão perfurante apresentando hematoma central e palidez ao redor

 

Em região periungueal observou-se ponto de hematoma, frio ao toque. A SpO2 dos outros dedos era 99%. A radiografia de falange mostrou fratura da falange distal. Orientou-se imergir o dedo em água morna seguida de imobilização e antibiótico oral devido a presença de fratura (Figura 2).

 


Figura 2
Raio X da falange distal com fratura

 

Foi liberado com orientação de reavaliação após 24 h. No retorno, a SpO2 no dedo acometido era de 97%, com redução do edema e da dor. Após 7 dias o hematoma já estava em resolução e sem sinais dolorosos à palpação.

 

DISCUSSÃO

Existem poucos casos notificados de acidentes com os dispositivos de adrenalina. Apesar da isquemia local, não houve relatos de infarto digital e reação sistêmica grave apenas com a infusão de adrenalina4. Porém, unha com crescimento lento e osteomielite foram descritos2. A literatura recomenda que nestes casos sejam realizados compressa de água quente, associado a observação da perfusão local e encaminhar ao hospital apenas se permanência de perfusão lenta ou evidências de fratura4. Estratégias de uso da nitroglicerina e ou fentolamina tópica são descritas4. É necessário notificar, educar o paciente, os pais, os irmãos e cuidadores para o seu manuseio correto. Profissionais de saúde devem estar cientes desse tipo de acidente.

 

REFERÊNCIAS

1. Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento de Alergia. Anafilaxia: Guia prático de atualização. 2016; p. 1-2. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2012/12/Alergia-GuiaPratico-Anafilaxia-Final.pdf.

2. Schintler MV, Arbab E, Aberer W, Spendel S, Scharnagl E. Accidental perforating bone injury using EpiPen autoinjection device. Allergy. 2005;60:259-60.

3. Skorpinski EW, McGeady SJ, Yousef E. Two cases of accidental epinephrine injection into a finger. J Allergy Clin Immunol. 2006;117(2):463-4.

4. Latt MD, George S, Ngo P, Brown JA, Mehr S. Accidental self-injection with adrenaline auto-injectors occurs frequently but is under-reported. J Paediatr Child Health. 2017;53(7):724-5.

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