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Revista oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI
Revista oficial da Sociedad Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunología SLaai

Número Atual:  Fevereiro- 2015 - Volume 3  - Número 1


CARTA AO EDITOR

Telemedicina, uma questao de hábito

Telemedicine: a matter of habit

Carlos Eduardo Cassiani Camargo


MD. Brasil Telemedicina, Campinas, SP


Endereço para correspondência:

Email: drcarloscamargo@brasiltelemedicinas.com.br




Prezada Editora,

O desenvolvimento de tecnologias que trazem agilidade e conveniência para a populaçao vem sendo responsável por grandes transformaçoes sociais. Sao evoluçoes que alteram hábitos e comportamentos da sociedade e ditam, por consequência, os rumos de diversos mercados de consumo. Foi assim com o varejo e com o sistema financeiro, por exemplo, que evoluíram seus modelos de negócios agregando serviços pela Internet, o e-commerce e internet banking.

Evidentemente que, há menos de 20 anos, quando as primeiras lojas virtuais começaram a se popularizar e os primeiros bancos começaram a ofertar serviços on-line no Brasil, os receios eram muitos, desde a confiança na prestaçao dos serviços até a resistência natural para as geraçoes menos habituadas às comunicaçoes digitais. Mas já imaginou se estes setores ficassem parados ou se rendessem às avalanches pessimistas de críticos e leigos? Se isso ocorresse, o Brasil - que, segundo estudo da T-Index, crescerá 43,3% no e-commerce mundial este ano, conquistando a quarta colocaçao no ranking de maior mercado do setor no mundo - nao alcançaria tal destaque que, certamente, movimenta a economia e gera emprego e renda, coisa rara atualmente, aliás.

Este movimento de inquietaçao vivido lá atrás pelas empresas dos segmentos mencionados também precisa ocorrer com outros setores, como o de saúde, que tem no avanço tecnológico e conveniência da Internet a possibilidade de democratizar o acesso a serviços de saúde atualmente restritos a grandes centros urbanos. Ou, ainda, otimizar recursos financeiros que poderiam ser economizados também nos grandes centros com a adoçao de serviços e orientaçoes à saúde pela telemedicina. É preciso lutar para que este assunto seja amplamente discutido, dando a oportunidade para que a populaçao receba informaçoes mais claras e desmistifique o atendimento à saúde realizado a distância.

No Brasil, com regulamentaçao ainda restrita pelo Conselho Federal de Medicina, a Telemedicina pode ser aplicada em iniciativas como a capacitaçao profissional complementar, em estudos e pesquisas e na emissao de laudos a distância. Este último com grande representaçao na saúde financeira de clínicas médicas e de saúde ocupacional, por exemplo, que podem reduzir em até 30% o seu custo operacional graças à praticidade e agilidade que a terceirizaçao deste serviço consegue obter com os laudos remotos.

Recentemente estive num evento internacional de Telemedicina, a 20ª Feira Internacional de Telemedicina, promovida pela Associaçao Internacional de Telemedicina, ocorrida em maio deste ano em Los Angeles, Califórnia (EUA), e pude comprovar que, em comparaçao a outros mercados, o Brasil ainda tem muito que avançar neste segmento. Mas entre tantas iniciativas inovadoras, modernas e incontestavelmente importantes para o avanço da medicina, que pude presenciar na exposiçao, é nos serviços básicos de atendimento à saúde da populaçao que a telemedicina poderia ajudar de imediato as lacunas do sistema brasileiro.

A premissa do setor é ampliar a assistência e também a cobertura dos cuidados à saúde. Se avaliarmos este princípio no contexto da extensao territorial do Brasil, temos um grande desafio. Porém, também temos uma grande oportunidade, pois a aplicaçao da telemedicina passa a ser uma forma muito mais viável para que a populaçao possa ter um profissional de saúde constantemente ao seu lado.

É preciso que o empenho em debater o assunto e ampliar os horizontes da telemedicina no Brasil seja assumido por todas as frentes envolvidas e interessadas neste avanço: as empresas que prestam serviços de telemedicina e que devem comprovar a confiabilidade da metodologia; as operadoras, seguradoras e cooperativas de saúde, com vistas a ofertar cuidado humanizado com menor custo operacional; os Conselhos de Medicina para garantir o interesse público; toda classe médica para vencer paradigmas e a sociedade civil, maior interessada em evoluçoes sociais significativas. Pagar contas pelas Internet é hoje uma questao de hábito. Obter orientaçao médica confiável on-line também pode ser.

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