Fatores de risco associados à rinite alérgica e à asma em crianças
Risk factors associated with allergic rhinitis and asthma in children
Sílvia Paschoalini Azalim1; Antonio Leite Alves Radicchi2; Paulo Augusto Moreira Camargos3; José Dirceu Ribeiro4; Eliane Dias Gontijo2
1. MD, MSc. Universidade Presidente Antonio Carlos, Araguari, MG
2. MD, PhD. Departamento de Medicina Preventiva e Social, Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), Belo Horizonte, MG
3. MD, PhD. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal de Sao Joao Del Rei(Professor Visitante), Divinópolis, MG
4. MD, PhD. Departamento de Pediatria, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP
Endereço para correspondência:
Sílvia Paschoalini Azalim
E-mail: silviaazalim@uol.com.br
Submetido em 03.06.2012.
Aceito em 19.03.2013.
Nao foram declarados conflitos de interesse associados à publicaçao deste artigo.
RESUMO
O objetivo deste artigo é apresentar os resultados de estudos sobre os fatores de risco intradomicilares e extradomiciliares associados à rinite alérgica e/ou a asma em crianças e adolescentes. Utilizaram-se bancos de dados eletrônicos do MEDLINE, LILACS e do HIGHWIRE e busca direta para a seleçao de artigos publicados entre 1990 e 2011. Os fatores intradomiciliares associados à prevalência de rinite alérgica e asma foram o tabagismo materno durante a gestaçao (valores médios de OR em torno de 1,8), tabagismo passivo (OR em torno de 1,6) e a presença de mofo visível nas paredes das residências (OR em torno de 1,3). Resultados contraditórios foram encontrados quanto à associaçao dos poluentes ambientais, PM10, SO2, O3, NO2 e CO, pois o OR variou de 0,7 a 1,3. Como a exposiçao a poluentes ambientais mostrou-se contraditória com as doenças estudadas, parece prudente a adoçao de medidas de controle ambiental direcionadas principalmenteparaa cessaçao dotabagismomaterno duranteagestaçaoe reduçaoda exposiçao ao mofo nas residências. Outros estudos sao necessários para se estabelecer o papel de outros aeroalérgenos e dos poluentes ambientais na prevalência da rinite alérgica e da asma..
Descritores: Rinite alérgica, asma, prevalência, fatores de risco, poluentes do ar, poluiçao por fumaça de tabaco.
INTRODUÇAO
Rinite alérgica e asma sao doenças crônicas prevalentes em crianças e adolescentes1-3 e é amplamente reconhecido que fatores genéticos e ambientais intervêm em sua patogênese. Estima-se que 60% a 78% dos asmáticos tenham rinite alérgica4,5 e por esta razao o impacto epidemiológico e socioeconômico destas doenças nao pode ser negligenciado6.
Em estudos epidemiológicos de base populacional obteve-se variaçao de 10 a 20 vezes na prevalência da rinite alérgica e da asma entre os países localizados em diferentes latitudes nas duas últimas décadas. Como é improvável que a expressao de mutaçoes genéticas contribuiria para o aumento da prevalência da rinite alérgica e da asma neste curto período de tempo7, fatores ambientais poderiam ser os mais importantes para justificar tal variaçao1.
Fatores genéticos concorreriam com cerca de 48% a 79% na heritabilidade da asma8. Porém, a prevalência crescente da rinite alérgica e da asma verificada nas últimas décadas em vários países nao pode ser explicada somente pela predisposiçao genética9. As razoes exatas desse aumento em alguns e reduçao em outros países nao foram ainda totalmente esclarecidas. Provavelmente estariam relacionadas com fatores ambientais, com destaque para as mudanças relacionadas à adoçao do estilo de vida ocidentalizado, entre eles, a maior permanência no interior das casas e com ela a exposiçao de crianças de forma contínua à poeira doméstica e as características da moradia, como é o caso da ventilaçao reduzida, que, por sua vez, favorece o desenvolvimento de fungos e ácaros. Também sao descritas outras razoes como o novo perfil das infecçoes virais na infância, o tabagismo materno durante a gestaçao, o tabagismo passivo na primeira infância e a exposiçao a poluentes atmosféricos10-12. Sugere-se também que a diminuiçao da frequência das infecçoes bacterianas e/ou a reduçao da exposiçao às endotoxinas ambientais possam ter contribuído para o aumento da prevalência da asma nas últimas décadas12,13.
A identificaçao dos fatores de risco relacionados ao desenvolvimento e agravamento da rinite alérgica e asma, como afecçoes isoladas ou associadas, é fundamental para a compreensao da patogênese dessas doenças, pela possibilidade de adoçao de medidas de prevençao e consequentemente a reduçao das exacerbaçoes, reduçao do impacto epidemiológico e socioeconômico e a melhora da qualidade de vida. Contudo, a real contribuiçao dos fatores ambientais, intra e extradomiciliares tem sido de difícil demonstraçao científica e ainda é motivo de controvérsias, uma vez que os estudos ainda nao demonstraram eficácia das medidas de controle ambiental na reduçao da prevalência atual ou do agravamento dos sintomas1.
Objetiva-se apresentar, neste artigo de revisao, a análise dos fatores de risco intradomiciliares e dos poluentes ambientais associados à prevalência atual e ao agravamento da rinite alérgica, da asma e da comorbidade constituída pela rinite alérgica e asma.
MÉTODOS
Utilizaram-se bancos de dados eletrônicos do MEDLINE, LILACS e do Highwire e, de forma complementar, realizou-se a busca direta para a seleçao de artigos publicados entre 1990 e 2011. Utilizaram-se os seguintes descritores MeSH com operadores booleano: Asthma/epidemiology OR Bronchitis/epidemiology OR Rhinitis/epidemiology OR Rhinitis, Allergic, Perennial/epidemiology OR Comorbidity/epidemiology AND Risk Factors AND Environmental Pollution OR Air Pollution OR Air Pollution, Indoor OR Tobacco Smoke Pollution OR cigarette.
Foram localizados 332 trabalhos, sendo 73 revisoes. Os critérios para a seleçao dos artigos compreenderam artigos de revisao, metanálises, estudos de coorte, transversais e caso-controle, de base populacional, independente do tamanho amostral, que avaliaram os fatores de risco intra e extradomiciliares, associados à rinite alérgica e/ou à asma em crianças e adolescentes e ao agravamento dos respectivos sintomas, dando preferência a artigos mais recentes relacionados ao tema. Foram excluídos artigos correspondentes aos fatores de risco intra ou extradomiciliares associados às doenças em estudo, relacionados porém, a outra faixa etária que nao crianças e adolescentes.
RESULTADOS E DISCUSSaO
Associaçao de fatores intradomiciliares com a prevalência e o agravamento da rinite alérgica, asma e da comorbidade rinite alérgica e asma
Os alérgenos intradomiciliares mais comuns sao os ácaros (Dermatophagoides pteronyssinus, Dermatophagoides farinae e Blomia tropicalis), esporos de fungos (Aspergillus fumigatus, Alternaria alternata, Cladosporium herbarum), baratas (Blattella germanica e Periplaneta americana), epitélio de caes e gatos e pólens derivados do ambiente externo (por exemplo, Lolium multiflorum)13-15.
A associaçao da exposiçao e possível sensibilizaçao aos alérgenos intradomiciliares é dependente da interaçao de vários aspectos, entre eles, os genéticos, a idade, grau da exposiçao e o tipo do alérgeno Dermatophagoides pteronyssinus2. Rowe et al. avaliaram recém-nascidos que nao tinham nenhuma evidência de sensibilizaçao pré-natal. A reavaliaçao destas crianças aos dois anos de idade apontou sensibilizaçao à poeira domiciliar, o que demonstra o papel da interaçao dos fatores ambientais neste período (OR = 6,9; p < 0,001)16. Da mesma forma, quando crianças foram expostas a ácaros nos primeiros meses de vida a sensibilizaçao ocorreu de forma estatisticamente significativa aos quatro anos (OR = 3,0; p = 0,01) e a convivência com gato esteve associada à sensibilizaçao aos seis anos de idade (OR = 4,4; p < 0,001)17. Contudo, a exposiçao aaltas concentraçoes de alérgenos deste animal doméstico nao levou à sensibilizaçao em vista do mecanismo de tolerância imunológica17,18.
Estudos de base populacional têm demonstrado a associaçao entre rinite alérgica easma ea sensibilizaçao a aeroalérgenos da poeira domiciliar, ao passo que, convivência com cao (OR = 2,2; p < 0,05)19 e presença de mofo nas paredes das residências (OR = 3,8; p < 0,05) estiveram associados à rinite alérgica20. Na gênese da asma, observou-se forte associaçao à sensibilizaçao ao D. pteronyssinus (OR = 8,1; p < 0,001)15 e, em outro estudo prospectivo, associaçao da exposiçao à poeira domiciliar nos primeiros anos de vida com risco de asma aos sete anos (OR = 3,0; p < 0,05)15. Em crianças sensibilizadas aos alérgenos de gato(OR =5,3; p = 0,02) e cao (OR =5,2; p = 0,03)22, estimou-se que 32% dos novos casos de asma poderiam ser atribuídos à convivência com estes animais23. Outros fatores dizem respeito à exposiçao na primeira infância a alérgenos da barata (OR = 1,2; p < 0,05)24 e ao mofo e sua associaçao com asma (OR = 1,3; p < 0,001)25.
Em estudo epidemiológico com 14.729 crianças chinesas, os fatores ambientais intradomiciliares, tais como a presença de mofo nas paredes do domicílio (OR = 1,9), a exposiçao das crianças nos dois primeiros anos de vida à fumaça de cigarro (OR = 1,9), e a convivência com gato (OR = 2,6) ou cao (OR = 1,6) apresentaram associaçao estatisticamente significativa com a asma (p < 0,05)26. No Brasil, Moraes et al. observaram que a sensibilizaçao a baratas (OR = 9,3), a animais de estimaçao - cao ou gato - (OR = 3,9) e a ácaros (OR = 3,7) também foram fatores de risco associados estatisticamente à asma14.
Outros trabalhos avaliaram a exposiçao de crianças e adolescentes a ácaros (OR = 2,9; p = 0,04), alérgenos do gato (OR = 2,4; p < 0,05) e do cao (OR = 2,1; p < 0,05) e o agravamento dos sintomas de rinite alérgica e asma27. Semelhante ao observado em outras revisoes da literatura, verifica-se evidências significativas da associaçao entre fatores de risco intradomiciliares e a morbidade da asma28,29.
Por outro lado, há estudos que chegaram a resultados conflitantes em relaçao ao papel de tais fatores. Em estudos prospectivos de base populacional, como foi o caso daqueles conduzidos por Torrent et al., onde nao foi observada a associaçao entre sensibilizaçao precoce a ácaros e asma aos seis anos (OR = 0,7; p < 0,001)17, e por von Mutius et al., que igualmente nao encontraram associaçao entre a sensibilizaçao aos alérgenos do gato e asma (OR = 0,9) e rinite alérgica (OR = 0,7)30. Em outro trabalho, observou-se associaçao negativa entre convivência com mais de dois animais de estimaçao (cao ou gato) no primeiro ano de vida e risco de atopia aos seis anos (OR = 0,2; p = 0,003)31.
Os efeitos da exposiçao às endotoxinas ambientais, parte integrante da parede celular de algumas bactérias, devem ser igualmente avaliados. Celedon et al. observaram que a exposiçao precoce a altas concentraçoes de endotoxinas ambientais foi associada ao aumento do risco de asma aos sete anos (OR = 3,5; p < 0,05), ao passo que a exposiçao a pequenas concentraçoes nao teve associaçao com asma aos sete anos (OR = 0,3)21. Isso se deve provavelmente ao efeito de irritaçao da mucosa respiratória por elevadas concentraçoes de endotoxinas ambientais que contribuiriam para o aparecimento de asma, enquanto as pequenas concentraçoes teriam efeito protetor, de acordo com as proposiçoes da Teoria da Higiene.
Em dois estudos europeus, denominados PARSIFAL (Prevention of Allergy - Risk Factors for Sensitization in Children Related to Farming and Anthroposophic Lifestyle) e GABRIELA (Multidisciplinary Study to Identify the Genetic and Environmental Causes of Asthma in the European Community [GABRIEL] Advanced Study) que avaliaram os fatores de risco para asma, os autores observaram que a exposiçao a bactérias em meio rural esteve relacionada de forma estatisticamente significativa ao menor risco da doença (OR = 0,6 e OR = 0,8, respectivamente)32.
Os efeitos das diferentes formas de tabagismo merecem consideraçao especial. Estudo realizado por Tsai et al., em Taiwan, mostrou que o tabagismo materno durante a gestaçao esteve associado ao agravamento da asma, pois houve aumento da frequência dos episódios de exacerbaçao (OR = 3,2)33. Em outro trabalho, esta forma de tabagismo esteve associada à sua instalaçao (OR = 1,8)34. Por sua vez, o tabagismo passivo durante os primeiros anos de vida mostrou-se associado à asma (OR = 1,4)31 e à rinite alérgica (OR = 2,7; p < 0,05)34.
No Brasil, dois estudos demonstraram que a asma esteve associada ao tabagismo passivo(OR =1,6;p < 0,01 e OR = 2,0; p = 0,03)35,36. Em um terceiro estudo, em crianças acompanhadas do nascimento aos seis anos de vida, obteve-se associaçao entre o tabagismo materno durante a gestaçao e asma (RR = 1,7; p = 0,05)37.
Deve-se igualmente levar em consideraçao o número de cigarros consumidos por dia, já que o risco de asma foi maior (OR = 2,5; p < 0,01) em lactentes cujas maes fumavam mais de 10 cigarros por dia38. Outro estudo revelou que a convivência de crianças com fumante que consumia mais de 20 cigarros por dia esteve associado à rinite alérgica já no primeiro ano de vida (OR = 2,7; p < 0,05)34.
Na Tabela 1 estao incluídos os principais trabalhos de base populacional que avaliaram os fatores ambientais intradomiciliares associados à rinite alérgica e à asma, as características gerais das amostras estudadas e os principais resultados neles encontrados.
A Tabela 1 mostra que foram adotados diferentes delineamentos com predominância daqueles de coorte, ampla variaçao quanto ao tamanho amostral e aos critérios diagnósticos para asma e rinite alérgica. Observou-se associaçao inconsistente e nao repetitiva de fatores de risco intradomiciliares na patogênese passivo, convivência com gato, convivência com cao, da rinite alérgica e asma, cujos OR variaram de 1,3 a exposiçao a baratas e à presença de mofo nas paredes 8,1, como foi o caso da exposiçao a ácaros, tabagismo das residências.
A presença de mofo nas paredes das casas onde moravam as crianças, estudada em quatro dos trabalhos20,24-26, revelou-se como fator de risco consistente, sendo possível que esta situaçao tenha contribuído para a proliferaçao de fungos e ácaros12. A exposiçao aos alérgenos da barata mostrou-se significativa para a associaçao com asma24,26.
Observam-se, contudo, outros estudos em que nao se obteve associaçao entre os alguns dos fatores de risco anteriormente mencionados, tais como poeira domiciliar com rinite alérgica e asma17,18,40. Fato semelhante pode ser observado com os resultados sobre a convivência com gato e asma em que Lau et al. e Takkouche et al. nao encontraram associaçao significativa40,41.
A importância do fator genético na interaçao com os fatores de risco intradomiciliares pôde ser observada em dois estudos, tais como aqueles conduzidos por Jaakkola et al. e Polk et al., nos quais constatou-se aumento da força de associaçao de fatores como o tabagismo passivo e a convivência com gato com a asma, quando havia história familiar de atopia18,39.
A revisao bibliográfica nao identificou nenhum trabalho que tivesse avaliado a associaçao dos fatores de risco intradomiciliares com a comorbidade constituída pela rinite alérgica e asma.
Associaçao de poluentes ambientais com a prevalência e o agravamento da rinite alérgica, asma e da comorbidade rinite alérgica e asma
Entende-se como poluente atmosférico qualquer forma de matéria ou energia cuja intensidade, quantidade, concentraçao e outras características estejam em desacordo com os níveis estabelecidos por organismos nacionais ou internacionais afins e que torne ou possa tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar da comunidade, danoso à fauna e flora, prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades habituais da populaçao42. No Brasil, em 1990, o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) adotou padroes de qualidade do ar, ou seja, concentraçao de limites máximos tolerados acima dos quais a populaçao exposta sofreria danos à saúde42. Níveis acima de 150 µg/m3para a concentraçao de material particulado de 10 µm (PM10) sao considerados impróprios para a saúde. Os padroes de qualidade do ar adotados pela Organizaçao Mundial de Saúde sao mais rigorosos, com valores aceitáveis de PM10 menor que 50 µg/m3, inferior, portanto, àquele proposto pelo CONAMA43.
O aumento expressivo na frota de veículos automotores acarreta elevaçao dos níveis de gás carbônico (CO2) e de material particulado (PM) na atmosfera. Este último é composto por uma mistura de poluentes dependente da fonte emissora, tamanho e características físico-químicas das partículas. Partículas com diâmetro aerodinâmico menor que 10 µm sao denominadas inaláveis por sua característica de depositar e causar danos potenciais às vias aéreas inferiores e por possuir meia vida que varia de alguns dias até poucos anos. As partículas menores que 2,5 µm sao denominadas partículas finas, causadoras, portanto, de danos potenciais mais acentuados nos alvéolos43.
Alguns autores sugerem que os poluentes ambientais promoveriam também a sensibilizaçao pelo fato de modularem a alergenicidade dos alérgenos inaláveis44. Estudos sugerem que a lesao na mucosa das vias aéreas e a diminuiçao do clearence mucociliar induzidos pelos poluentes poderiam facilitar a penetraçao tissular e o acesso de aeroalérgenos nas células do sistema imunológico45,46. Tal conjunto de alteraçoes contribuiria para um aumento da prevalência de rinite alérgica e asma em locais onde a concentraçao de poluentes ambientais excede aquele considerado aceitável para a saúde respiratória.
A associaçao dos poluentes ambientais com a gênese e/ou agravamento da rinite alérgica e asma constitui tema ainda controverso, pois que sao limitados os estudos prospectivos e ainda inconclusivos os resultados disponíveis. Há trabalhos que descreveram os efeitos nocivos dos poluentes ambientais na rinite alérgica e asma, primariamente por levar a um aumento dos episódios de exacerbaçao de ambas47-49. No Reino Unido, por exemplo, Hajat e al. mostraram um aumento de 24,5% nas consultas por rinite alérgica ( p < 0,01) em crianças e adolescentes quando quatro dias antes da mesma houve elevaçao da concentraçao de dióxido de enxofre (SO2 13 a 31 µg/m3) e 37,6% de aumento nas consultas médicas por rinite alérgica (p < 0,001) com a elevaçao do ozônio (O3, 6 a 29 ppb) no dia ou até três dias anteriores à consulta47. White et al. demonstraram que o aumento do número de visitas a serviço de emergência por asma aguda em Atlanta, Estados Unidos da América era 37% maior nos dias em que a concentraçao máxima de O3 excedia 11 ppb50.
Observa-se também, em trabalho realizado em Taiwan, a associaçao da exposiçao ao SO2 (OR = 1,4; p < 0,05) e a prevalência atual da rinite alérgica51, e em estudo de Rios et al. com crianças brasileiras residentes no Rio de Janeiro observou-se relaçao direta entre a prevalência de asma atual em adolescentes e poluiçao atmosférica, com prevalência de 19% e 15% em aéreas mais e menos poluídas, respectivamente (p = 0,002)52.
Contudo, em estudo transversal realizado na Alemanha, em 1992, para avaliar a associaçao entre a prevalência de asma e os níveis de poluentes ambientais em Leipzig, com maior nível de poluiçao e Munich, com níveis menores, foram avaliadas 6.081 crianças de 9 a 11 anos por meio de questionário padronizado, nao houve diferença para a prevalência de rinite alérgica (OR = 0,8), ou asma ativa (OR = 0,7)53. Os autores sugeriram que outros fatores, distintos da poluiçao ambiental, estariam envolvidos na prevalência da asma.
No International Study of Asthma and Allergies in Childhood1, que envolveu 721.601 crianças, maior poluiçao ambiental nao esteve associada ao aumento da prevalência de rinite alérgica e asma. Países ou regioes com alto nível de poluiçao ambiental, como é o caso da China e Leste Europeu mostraram prevalências baixas (4,2% e 9,2%, respectivamente), enquanto outras regioes com baixos níveis de poluiçao, como é o caso da Nova Zelândia, tiveram alta prevalência (24,5%) dessas doenças1. Estudo ecológico, realizado por Anderson et al. que avaliou 105 centros em 51 países participantes da fase I do ISAAC, totalizando 513.153 crianças, nao demonstrou associaçao entre concentraçao média de 35 µg/m3 de PM10 a que essas crianças eram expostas e a prevalência da rinite alérgica e asma ativas (OR = 0,9; p < 0,001)54.
Na Tabela 2, estao incluídos os principais trabalhos que avaliaram a associaçao dos poluentes ambientais com a rinite alérgica e a asma, características das amostras e principais resultados encontrados.
A Tabela 2 mostra que os estudos tiveram delineamentos diferentes com predominância dos estudos transversais e poucos estudos de coorte prospectiva. Variaram também quanto ao tamanho amostral, aos critérios diagnósticos para rinite alérgica e asma e ao tipo de poluentes analisados, o que pode limitar as conclusoes acerca de resultados conclusivos para a associaçao entre a exposiçao a poluentes ambientais com rinite alérgica e asma54,55. No entanto, verificam-se outros estudos que encontraram associaçoes positivas entre esta exposiçao e o aumento das exacerbaçoes por ambas as enfermidades47,51,57.
Observa-se que o SO2 mostrou-se como um importante fator em relaçao à rinite alérgica51,53 e seu agravamento47, assim como a maior concentraçao de PM10 levou à associaçao com a prevalência56,58 e agravamento58 da asma. Rios et al. apontaram que a prevalência de asma esteve diretamente relacionada à poluiçao atmosférica em adolescentes do Rio de Janeiro52, diferentemente do estudo alemao em que nao se observou variaçao na prevalência da asma segundo o grau de exposiçao a poluentes ambientais55.
Os principais poluentes ambientais associados à rinite alérgica e à asma nos estudos descritos acima, foram o SO2, NO2, CO, PM2,5 e PM10, e o OR variou de 1,1 a 1,8, com limite inferior do intervalo de confiança próximo de 1,0 na grande maioria dos estudos, o que revela uma força de associaçao menor ou até mesmo inexistente55 quando se compara com os fatores intradomiciliares no desenvolvimento e agravamento dos sintomas da rinite alérgica e da asma (ver Tabela 1). A Tabela 3 resume os principais fatores de risco intra domiciliares e extra domiciliares associados a rinite alérgica e/ou a asma.
Por outro lado, determinar se os poluentes ambientais estao associados à rinite alérgica e/ou asma é tarefa difícil, pois sao múltiplos os fatores que interagem na patogênese de ambas. É imperativo que estudos prospectivos sobre o tema, apesar de onerosose complexos, sejam conduzidos para avaliar a associaçao da poluiçao ambiental na patogênese dessas enfermidades.
Associaçao entre a exposiçao simultânea a fatores de risco intradomiciliares e a poluentes ambientais com a prevalência e agravamento de rinite alérgica, asma, comorbidade rinite alérgica e asma
Como os demais seres humanos, crianças e adolescentes estao expostos, simultânea e cotidianamente, tanto a fatores de risco intra como extradomiciliares e por isso torna-se relevante verificar se a exposiçao concomitante a esses diferentes ambientes e seus múltiplos agentes irritativos, substâncias e alérgenos teria (ou nao) associaçao com a instalaçao e com o agravamento da rinite alérgica e/ou asma.
Após ampla pesquisa bibliográfica, foram identificados apenas dois estudos que avaliaram, de forma simultânea, a associaçao da asma com fatores intra e extradomiciliares. O primeiro deles, de corte transversal, foi realizado em Taiwan e envolveu 35.036 crianças de seis a quinze anos, no qual os autores avaliaram a prevalência da asma e fatores domiciliares relatados pelos pais, por meio de questionário, e a concentraçao de poluentes ambientais mais comuns (SO2, NO2, O3, CO e elevada concentraçao de PM10) registrada em estaçoes de monitoramento e posteriormente comparadas com a percepçao dos pais quanto à poluiçao ambiental. Neste estudo a prevalência de asma esteve relacionada à exposiçao a baratas (OR = 1,3, p < 0,01), mofo visível nas paredes dos domicílios (OR = 1,2, p < 0,05) e à poluiçao ambiental (OR = 1,4, p < 0,01). Assim, a exposiçao aos fatores intra e extradomiciliares aumentou o risco de asma em crianças, apesar de os autores concluírem que o fator hereditário apresentou maior força de associaçao (OR = 2,5; p < 0,01) que os demais59.
O segundo trabalho foi realizado na Polônia com 1.130 adolescentes de 13 a 15 anos, no qual observou-se associaçao da asma com tabagismo passivo (OR = 1,4; IC 95% 1,05 - 1.96 p <0,05), exposiçao a mofo nas paredes das residências (OR = 1,95; IC95% 1,08-3,53 p < 0.05) e residência próxima a estradas com trânsito intenso (OR = 1,93; IC95% 1,09-3,41 p < 0,05)60.
Uma vez que as crianças e adultos estao expostos a ambientes intra e extradomiciliares com riscos potenciais, sob uma condiçao genética individual, a interaçao de todos estes fatores contribuiria para a associaçao com a rinite alérgica e asma, e com o agravamento de seus sintomas, demonstrando a relevância de estudos de investigaçao simultânea de riscos.
CONSIDERAÇOES FINAIS
A adoçao de medidas de controle ambiental para a prevençao primária durante a gestaçao, como a cessaçao do tabagismo materno e reduçao ou aboliçao do tabagismo passivo, devem ser incentivados pelos profissionais de saúde envolvidos no atendimento de gestantes.
Se por um lado os resultados obtidos nos estudos analisados no presente estudo, de maneira similar a outras revisoes da literatura28,29 corroboram aspectos importantes da patogênese da rinite alérgica e/ou asma que orientam a adoçao de medidas preventivas para a reduçao da morbidade e melhora da qualidade de vida, observa-se, entretanto, a escassez de estudos com análises sobre a exposiçao simultânea a fatores de risco intra domiciliares e a poluentes ambientais que refletem com mais clareza o cotidiano das crianças e adolescentes. Surge entao a necessidade de realizaçao de estudos epidemiológicos longitudinais que demonstrem com mais clareza os fatores de risco associados à rinite alérgica, à asma, à rinite alérgica e à asma concomitante e ao agravamento de seus sintomas para posterior adoçao, se for o caso, de medidas de prevençao primária, secundária e terciária.
REFERENCIAS
1. ISAAC Steering Committee: Worldwide variations in the prevalence of ashma symptoms: the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC). Eur Respir J. 1998;12:315-35.
2. Ait-Khaled N, Pearce N, Anderson HR, Ellwood P, Montefort S, Shah J, etal. Global map of the prevalence of symptoms of rhinoconjunctivitis in children: The Intenational Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) Phase Three. Allergy. 2009;64:123-48.
3. Solé D, Wandalsen GF, Nunes ICC, Naspitz CK, ISAAC - Grupo Brasileiro. Prevalence of symptoms of asthma, rhinitis, and atopic eczema among Brazilian children and adolescents identified by the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) - Phase 3. J Pediatr (Rio J). 2006;82:341-6.
4. Bousquet J, van Cauwenberge P. Allergic rhinitis and its impact on asthma (ARIA) In collaboration with the World Health Organisation. Prim Care Respir J. 2002;11:18-9.
5. Annesi-Maesano L. Epidemiological evidence of the occurrence of rhinitis and sinusitis in asthmatics. Allergy. 1999;54(57):7-13.
6. Neffen H, Baena-Cagnani CE, Malka S, et al. Asthma mortality in Latin America. J Investig Allergol Clin Immunol. 1997;7:249-53.
7. Howarth PH. Is allergy increasing? - early life influences. Clin Exp Allergy. 1998;28:2-7.
8. Pinto LA, Stein RT, Kabesch M. Impact of genetics in childhood asthma. J Pediatr (Rio J). 2008;84:568-75.
9. Anandan C, Nurmatov U, van Schayck OC, Sheikh A. Is the prevalence of asthma declining? Systematic review of epidemiological studies. Allergy. 2010;65:152-76.
10. Schafer T, Ring J. Epidemiology of allergic diseases. Allergy. 1997;52:14-22.
11. Cullinan P, Taylor AJN. Asthma in children: environmental factors. BMJ. 1994;308:1585-6.
12. Arshad, SH. Does exposure to indoor allergens contribute to the development of asthma and allergy? Curr Allergy Asthma Rep. 2010;10:49-55.
13. Etzel RA. How environmental exposures influence the development and exacerbation of asthma. Pediatrics. 2003;112:233-9.
14. Moraes LSL, Barros MD, Takano OA, Assami NMC. Fatores de risco, aspectos clínicos e laboratoriais da asma em crianças. J Pediatr (Rio J). 2001;77:447-54.
15. Arshad SH, Tariq SM, Matthews S, Hakim E. Sensitization to common allergens and its association with allergic disorders at age 4 years: a whole population birth cohort study. Pediatrics. 2001;108(8)e33.
16. Rowe J, Kusel M, Barbara BJ, et al. Prenatal versus postnatal sensitization to environmental allergens in a high-risk birth cohort. J Allergy Clin Immunol. 2007;119:1164-73.
17. Torrent M, Sunyer J, Garcia R, Harris J, Iturriaga MV, Puig C, et al. Early-life allergen exposure and atopy, asthma and wheeze up to 6 years of age. Am Respir Crit Care Med. 2001;176:446-53.
18. Polk S, Sunyer J, Munoz-Ortiz L, Barnes M, Torrent M, Figuero C, et al. A prospective study of Fel d 1 and Der p1 exposure in infancy and childhood wheezing. Am J Respir Crit Care Med. 2004;170:273-8.
19. Wirght AL, Holberg Cj, Halonen M, Martinez FD, Morgan W, Taussing LM. Epidemiology of physician-diagnosed allergic rhinitis in childhood. Pediatrics. 1994; 6:895-901.
20. Jaakkola JJK, Hwang BF, Jaakkola MS. Home dampness and molds as determinants of allergic rhinitis in childhood: a 6 year, population-based cohort study. Pediatrics. 2001;108:1149-54.
21. Celedon JC, Milton DK, Ramsey CD, Litonjua AA, Ryan L, Platts-Mills TAE, et al . Exposure to dust mite allergen and endotoxin in early life and asthma and atopy in childhood. J Allergy Clin Immunol. 2007;120:144-9.
22. Korppi M, Hyvrinen M, Kotaniemi-Syrjnen A, Piipo-Savolainen E, ReijonenT. Early exposure and sensitization to cat and dog: different effects on asthma risk after wheezing in infancy. Pediatr Allergy Immunol. 2008;19:696-701.
23. McConnell R, Berhane K, Gilliland F, Islam T, Gauderman WJ, London SJ, et al. Indoor risk factors for asthma in a prospective study of adolescents. Epidemiology. 2002;13:288-95.
24. Han YY, Lee YL, Guo YL. Indoor environmental risk factors and seasonal variation of childhood asthma. Pediatr Allergy Immunol. 2009;20:748-56.
25. Antova T, Pattenden S, Brunekreef B, Heinrich J, Rudnai P, Forastiere F,etal. Exposure to indoor mould and children's respiratory health in the PATY study. J Epidemiol Community Health. 2008;62:708-14.
26. Dong GH, Ding HL, Ma YN, Jin J, Cao Y, Zhao Y, et al. Housing characteristics, home environmental factors and respiratory health in 14.729 Chinese children. Rev Epidemiol Sante Publique. 2008;56:97-107.
27. Gent JF, Belanger K, Triche EW, Bracken MB, Beckett WS, Leaderer BP, et al. Association of pediatric asthma severity with exposure to common household dust allergens. Environ Res. 2009;109:768-74.
28. Ahluwalia SK, Matsui EC. The indoor environment and its effects on childhood asthma. Curr Opin Allergy Clin Immunology 2011;11:137-43.
29. Bloomberg G. The influence of environment, as represented by diet and air pollution, upon incidence and prevalence of wheezing illnesses in young children. Curr Opin Allergy Clin Immunology. 2011;11:144-9.
30. von Mutius E, Schmid S, PASTURE Study Group. The PASTURE project: EU support for the improvement of knowledge about risck factors and preventive factors for atopy in Europe. Allergy. 2006;61:407-13.
31. Ownby DR, Johnson CC, Peterson E. Exposure to dogs and cats in the first year of life and risck of allergic sensitization at 6 to 7 years of age. JAMA. 2002;288:963-72.
32. Ege MJ, Mayer M, Normand AC, Genuneit J, Cookson WOCM, Phil D, et al. Exposure to environmental microorganisms and childhood asthma. N Engl J Med. 2011;364:701-9.
33. Tsai, CH, Huang JH, Hwang BF, Lee YL. Household environmental tobacco smoke and risks of asthma, wheeze and bronchitic symptoms among children in Taiwan. Respir Res. 2010;11-20.
34. Biagini JM, LeMasters GK, Ryan PH, Levin L, Reponen T, Bernstein DI, et al. Environmental risk factors of rhinitis in early infancy. Pediatr Allergy Immunol. 2006;17:278-84.
35. Silva RMVG, Valente JG, Santos MGFL, Sichiere R. Tabagismo no domicílio edoença respiratória emcrianças menoresdecinco anos. Cad Saúde Pública. 2006;22:579-86.
36. Casagrande RRD, Pastorino AC, Souza RGL, Leone C, Solé D, Jacob CMA. Prevalência de asma e fatores de risco em escolares da cidade de Sao Paulo. Rev Saúde Pública. 2008;42:517-23.
37. Chatkin MN, Menezes AMB. Prevalência e fatores de risco para asma em escolares de uma coorte no sul do Brasil. J Pediatr (Rio J). 2005;81:411-6.
38. Martinez FD, Cline M, Burrows B. Increased incidence of asthma in children of smoking mothers. Pediatrics. 1992;89:21-6.
39. Jaakkola JJK, Nafstad P, Magnus P. Environmental tobacco smoke, parental atopy, and childhood asthma. Environ Health Perspect. 2001;109:579-82.
40. Lau S, Illi S, Sommerfeld C, Niggemann B, Bergmann R, Von Mutius E, et al. Early exposure to house-dust mite and cat allergens and development of childhood asthma: a cohort study. Multicentre Allergy Study Group. Lancet. 2000;356:1392-97.
41. Takkouche B, González-Barcala FJ, Etminan M, FitzGerald M. Exposure to furry pets and the risk of asthma and allergic rhinitis: a metaanalysis. Allergy. 2008;63:857-64.
42. Conselho Nacional do Meio Ambiente, 1990. Resoluçao CONAMA 003/ 90. Brasília, 1990.
43. Committee on Environmental Health. Ambient air pollution: hazards to children. Pediatrics. 2004;114:1699-707.
44. Devalia JL, Rusznak C, Davies RJ. Allergen /irritant interaction - its role in sensitization and allergic disease. Allergy. 1998;53:335-45.
45. Breysse PN, Buckley TJ, Williams D, Beck CM, Jo Sj, Merriman B, et al. Indoor exposure to air pollutants and allergens in the homes of asthmatic children in iner-city Baltimore. Environ Res. 2005;98:167-76.
46. D'Amato G, Cecchi L, D'Amato M, Liccardi G. Urban air pollution and climate change as environmental risk factors of respiratory allergy: an update. J Invest Allergol Clin Immunol. 2010;20:95-102.
47. Hajat S, Haines A, Atkindon RW, Bremmer SA, Anderson HR, Emberlin J. Association between air pollution and daily consultations with general practitioners for allergic rhinitis in London, United Kingdom. Epidemiol. 2001;153:704-14.
48. Bakonyi SMC, Danni-Oliveira IM, Martins LC, Braga ALF. Poluiçao atmosférica e doenças respiratórias em crianças na cidade de Curitiba, PR. Rev Saúde Pública. 2004;38:695-700.
49. Moura M, Junger WL, Mendonça GAS, De Leon AP. Qualidade do ar e transtornos respiratórios agudos em crianças. Rev Saúde Pública. 2008;42:503-11.
50. White MC, Etzel RA, Wilxos WD, Loyd C. Exacerbations of childhood asthma and ozone pollution in Atlanta. Environ Res. 1994;65:56-68.
51. Hwang BF, Jaakkola JJK, Lee YL, Lin YC, Guo YL. Relation between air pollution and allergic rhinitis in Taiwanese schoolchildren. Respir Res. 2006;9:7-23.
52. Rios JL, Boechat JL, Sant'Anna CC, França AT. Atmospheric pollution and the prevalence of asthma: study among schoolchildren of 2 areas in Rio de Janeiro, Brazil. Ann Allergy Asthma Immunol. 2004;92:629-34.
53. von Mutius E, Fritzsch C, Weiland SK, Roll G, Magnussen H. Prevalene of asthma and allergies disorders among children in united Germany: a descriptive comparison. BMJ. 1992;305:1395-99.
54. Anderson HR, Ruggles R, Pandey KD, Kapetanakis V, Brunekreef B, Lai CKW, et al. Ambient particulate pollution and the world-wide prevalence of asthma, rhinoconjunctivitis and eczema in children: Phase One of the International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC). Occup Environ Med. 2010;67:293-300.
55. von Mutius E, Sherrill DL, Fritzsch C, Martinez FD, Lebowitz MD. Air pollution and upper respiratory symptoms in children from East Germany. Eur Respir J. 1995;8;723-8.
56. Morgenstern V, Zutavern A, Cyrys J, Brockow I, Koletzko S, Kramer U, et al. Atopic diseases, allergic sensitization, and exposure to traffic-related air pollution in children. Am J Respir Crit Care Med. 2008;177:1331-7.
57. Hwang BF, Lee YL. Air pollution and prevalence of bronchitic symptoms among children in Taiwan. Chest. 2010;138:956-64.
58. Gehring U, Wijga AH, Brauer M, Fischer P, de Jongste JC, Kerkhof M, et al. Traffic-related air pollution and the development of asthma and allergies during the first 8 years of life. Am J Respir Crit Care Med. 2010;181:596-603.
59. Lee YL, Lin YC, Hsiue TR, Hwang BF, Guo YL. Indoor and outdoor environmental exposures, parental atopy and physician diagnosed asthma in Taiwanese schoolchildren. Pediatrics. 2003;112:e389.
60. Kasznia-Kocot J, Kowalska M, Górny RL, Niesler A, Wypych-Ślusarska A. Environmentalrisk factorsfor respiratory symptoms andchildhood asthma. Ann Agric Environ Med. 2010;17:221-9.