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Revista oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI
Revista oficial da Sociedad Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunología SLaai

Número Atual:  Novembro-Dezembro 2013 - Volume 1  - Número 6


CARTA AO EDITOR

Sibilância recorrente, ganho excessivo de peso e corticosteroides sistêmicos em lactentes

Dr. Joao Mário Mazzola (in memoriam)1; Eduardo Mundstock2; Dr. Pedro Celiny Ramos Garcia3


DOI: 10.5935/2318-5015.20130052

1. Médico Pediatra e Especialista em Alergia e Imunologia - ASBAI/AMB Doutorando do Departamento de Pós-graduaçao em Pediatria e Saúde da Criança da PUCRS
2. Profissional de Educaçao Física, Mestrando do Departamento de Pósgraduaçao em Pediatria e Saúde da Criança da PUCRS
3. Professor do Departamento de Pós-graduaçao em Pediatria e Saúde da Criança da PUCRS




Prezada Editora,

É com grande satisfaçao que recebemos o novo formato da revista de nossa especialidade. Além do grupo de editores, certamente nós, os leitores, também estamos de parabéns pelo brilhante salto de qualidade na apresentaçao do agora, Brazilian Journal of Allergy and Immunology.

Ao ler os diversos artigos, me chamou a atençao para o trabalho vencedor do Prêmio da Sociedade Luso-Brasileira durante o congresso de alergia e Imunopatologia em 2012, que aborda a associaçao entre o ganho de peso e a prevalência e gravidade de sibilância e asma no primeiro ano de vida. Inicialmente pelo tema e pelo brilhante grupo de autores, onde constam colegas de renome internacional, com abundante e qualificada produçao científica.

A temática, prevalente e sempre atual, sibilância em lactentes e ganho de peso acelerado e/ou excessivo nesta populaçao povoa nossos consultórios e clínicas com grande frequência, e os achados e conclusoes deste trabalho certamente incitam outras reflexoes que gostaria de dividir com o editor e com os leitores.

Ao citar que a obesidade está cada vez mais relacionada com asma e que há uma nítida associaçao entre o aumento da prevalência das duas doenças e, paralelamente, concluir que em lactentes com ganho de peso excessivo foi encontrado um maior número de associaçoes significantes com os desfechos de sibilância grave e também com o diagnóstico médico de asma, nao duvido destas constataçoes, mas questiono a via inversa desta ocorrência.

Sabemos que o fato destas crianças apresentarem sibilância recorrente e grave as leva a múltiplos atendimentos em postos de saúde e serviços de prontos-socorros. Sao crianças muito manipuladas farmacologicamente, atendidas por médicos nao especialistas com pouco domínio das doses e dos fármacos recomendados pelos consensos e guidelines. No intuito de dirimir as crises, via de regra, recebem múltiplas e elevadas doses de corticosteroides e anti-histamínicos.

Cito empiricamente o que vemos nos consultórios, ao avaliar encaminhamentos de lactentes que ao primeiro sinal de sibilância recebem corticoterapia sistêmica e outras terapias inadequadas para o caso, de forma indiscriminada e sem investigaçao clínica compatível. Além dos fatores genéticos e alimentares destas crianças, nao temos que considerar também a possibilidade do fator farmacológico ao excesso ou aceleraçao de peso, visto que tais grupos terapêuticos como anti-histamínicos e corticosteroides sao reconhecidamente relacionados ao aumento ponderal?

A ótima oportunidade de utilizar os dados e questionários da iniciativa EISL (Estudio Internacional de Sibilancias en Lactantes) possibilitou a ampliaçao da amostra e seu poder estatístico, porém engessou a possibilidade de ampliar a dimensao de outras investigaçoes como, por exemplo, a da influência farmacológica no excesso de peso dos lactentes sibilantes e asmáticos.

Sabemos que a obesidade e o sobrepeso se encontram em níveis de epidemia, tanto em adultos como em crianças, mas é importante investigarmos nao somente a relaçao entre eles, mas a gênese destes problemas e sabermos o quanto somos responsáveis por estes achados devidos aos fármacos que receitamos.

Esta investigaçao é complexa e difícil, mas fica a sugestao para linhas de pesquisa que podem abrir novos horizontes para o "consultório nosso de cada dia".

Causou-nos estranheza o fato deste trabalho ter sido publicado por duas revistas distintas, no Brasil e em Portugal, no mesmo período, e com citaçao de artigo original em ambas as revistas.

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