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Revista oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI
Revista oficial da Sociedad Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunología SLaai

Número Atual:  Janeiro-Março 2025 - Volume 9  - Número 1


Editorial

Ciência e inovação a serviço da especialidade

Science and innovation at the service of specialty

Fátima Rodrigues Fernandes


Presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), gestão 2025-2026




É com entusiasmo e senso de missão renovado que apresentamos o primeiro número do ano da revista Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia (AAAI), periódico oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) e também da Sociedade Latino-americana de Alergia, Asma e Imunologia (SLaai). Esta publicação tem papel central e estratégico no compromisso da ASBAI com a promoção da excelência em assistência, ensino e pesquisa nas áreas de Alergia e Imunologia e sua importância vai muito além da simples divulgação de artigos - ela é um instrumento de integração, atualização e valorização da especialidade.

A AAAI vem ocupando um lugar de destaque como uma vitrine científica nacional da produção dos especialistas brasileiros, com foco em evidência científica aplicada à prática clínica. É um canal de livre acesso para a educação médica continuada, democratizando e atualizando o conhecimento, e está indexada à plataforma LILACS, podendo ser acessada no Google Acadêmico.

Perseguindo o propósito de produção e disseminação do conhecimento, a ASBAI, por meio de seus Departamentos Científicos e Comissões e em consonância com outras associações de especialidades, tem elaborado guias, consensos e recomendações, baseados em evidências adaptadas à realidade brasileira, que são publicados nos Arquivos.

Neste início de ano, a AAAI publica o documento Atualização em Alergia Alimentar 2025: posicionamento conjunto da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e Sociedade Brasileira de Pediatria, que servirá de referência para alergistas, pediatras, gastroenterologistas, nutrólogos e nutricionistas. Considerando o aumento da prevalência das alergias alimentares, bem como a variedade nas apresentações clínicas e o número crescente de alimentos implicados, este documento traz uma atualização das formas clínicas e mecanismos envolvidos, IgE ou não-IgE mediadas, além dos novos métodos diagnósticos e propostas terapêuticas1.

Outro artigo de destaque neste número aborda as alterações climáticas e suas repercussões no ambiente escolar. O artigo analisa três documentos atuais sobre o impacto das mudanças climáticas em vários aspectos. Este é um tema atual e com muitas intersecções entre as áreas da saúde e outras, como a educação2. Neste sentido, as pesquisas evoluem para o uso de ferramentas que permitem agregar e correlacionar dados de diferentes fontes e, com o uso de técnicas de aprendizado de máquina e aprendizado profundo, permitem estabelecer estimativas preditivas sobre determinado desfecho3.

Vivemos um momento de intensas transformações na Medicina, impulsionadas por novas tecnologias e pela incorporação crescente da inteligência artificial (IA) na prática clínica. Longe de substituir o julgamento médico, a IA desponta como uma ferramenta poderosa de suporte à decisão, capaz de ampliar a segurança, a eficiência diagnóstica e o cuidado personalizado ao paciente.

Na especialidade de Alergia e Imunologia, os primeiros frutos dessa revolução já são tangíveis. Modelos preditivos baseados em aprendizado de máquina vêm sendo aplicados com sucesso na antecipação de resultados de testes de provocação oral com alimentos, como leite, ovo e amendoim, utilizando variáveis como IgE específica, dados clínicos e testes cutâneos. Resultados recentes demonstram acurácia acima de 90%, reduzindo a necessidade de exposições de risco em ambiente controlado4. Em outro estudo, a IA demonstrou ser muito útil na triagem de casos mais graves de asma a partir da atenção primária, permitindo direcionamento aos especialistas por meio de análise de dados clínicos e espirométricos5,6. Mirando este futuro que já se faz presente, a ASBAI constituiu neste ano a Comissão de Tecnologia, Inovação e Inteligência Artificial a fim de tornar mais tangível este conhecimento aos nossos associados e estudar possibilidades de aplicações práticas.

Em relação ao pilar da pesquisa, a AAAI oferece espaço para a divulgação de estudos multicêntricos e pesquisas nacionais, aumentando a visibilidade da nossa produção e contribuindo para a construção de dados epidemiológicos próprios, essenciais para políticas públicas e diretrizes clínicas adequadas à população brasileira. Neste número encontramos uma pesquisa descritiva sobre alergia ocular, entidade ainda pouco estudada em termos epidemiológicos em nosso meio, alertando para uma doença alérgica com grande potencial de sequelas oculares7. Esta edição traz, ainda, a descrição de um caso clínico de angioedema hereditário com profilaxia bem sucedida para execução de procedimento dentário com uso de inibidor de C1 esterase, exemplificando a importância do compartilhamento de experiências práticas de diferentes grupos na condução de casos mais difíceis8.

Nesse cenário de evolução galopante da ciência, a revista AAAI assume um papel fundamental: divulgar avanços científicos e tecnológicos com linguagem acessível, integrando saberes da prática clínica com a produção acadêmica nacional e internacional. A cada número queremos que a AAAI seja a ponte entre a ciência e o consultório, entre a inovação e a formação continuada de especialistas, servindo de estímulo à pesquisa e abrindo portas para novos autores e grupos multicêntricos.

Convidamos toda a comunidade da ASBAI a contribuir com esse projeto editorial - como leitores, autores, revisores e fomentadores do debate técnico e científico. Acreditamos que, assim como a inteligência artificial, o conhecimento compartilhado é capaz de transformar realidades.

Boa leitura!

 

Referências

1. Oliveira LCL, Silva LR, Franco JM, Watanabe AS, Pinto Júnior AB, Capelo A, et al. Atualização em Alergia Alimentar 2025: posicionamento conjunto da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia e Sociedade Brasileira de Pediatria. Arq Asma Alerg Imunol. 2025;9(1):5-96.

2. Constantino CF, Urrutia-Pereira M, Baldaçara RPC, Corrêa MP, Barros MIA, Araújo EMPA, et al. Alterações climáticas, qualidade do ar e suas repercussões sobre o desempenho escolar de crianças e adolescentes: o que 2024 nos reservou? Arq Asma Alerg Imunol. 2025;9(1):97-105.

3. Xiao N, Huang X, Wu Y, Li B, Zang W, Shinwari K, et al. Opportunities and challenges with artificial intelligence in allergy and immunology: a bibliometric study. Front Med (Lausanne). 2025 Apr 9;12:1523902. doi: 10.3389/fmed.2025.1523902.

4. Zhou Y, Du Z, Chopra R, Gupta RS, Ruczinski I, Wood RA. Artificial intelligence models for predicting food allergy outcomes. arXiv preprint arXiv:2208.08268. 2022.

5. Kaplan A, Cao H, FitzGerald JM, Iannotti N, Yang E, Kocks JWH, et al. Artificial Intelligence/Machine Learning in Respiratory Medicine and Potential Role in Asthma and COPD Diagnosis. J Allergy Clin Immunol Pract. 2021 Jun;9(6):2255-2261. doi: 10.1016/j.jaip.2021.02.014.

6. Goktas P, Damadoglu E. Future of allergy and immunology: Is artificial intelligence the key in the digital era? Ann Allergy Asthma Immunol. 2025 Apr;134(4):396-407.e2. doi: 10.1016/j.anai.2024.10.019.

7. Galvão CES, Marim RG, Battagello GH, Agondi RC, Castro FFM, Kalil J, et al. Características demográficas e clínicas de pacientes com alergia ocular em ambulatório de hospital universitário em São Paulo. Arq Asma Alerg Imunol. 2025;9(1):106-14.

8. Almeida SKA, Bisson GB, Ferraz FW, Aun MV, Kalil J, Giavina-Bianchi P. Profilaxia de curto prazo com inibidor de C1 e normalização do C4 em paciente com angioedema hereditário: relato de caso. Arq Asma Alerg Imunol. 2025;9(1):115-8.

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