Regressão da polipose nasal induzida pelo dupilumabe
Regression of dupilumab-induced nasal polyps
Raísa Borges de Castro1; Diderot Rodrigues Parreira2; Pedro Giavina-Bianchi1
1. Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - São Paulo, SP, Brasil
2. Clínica Eleve Brasília - Brasília, DF, Brasil
Endereço para correspondência:
Raisa Borges de Castro
E-mail: raisadcastro@gmail.com
Submetido em: 20/07/2023
Aceito em: 28/07/2023.
RESUMO
Relato de caso de paciente com rinossinusite crônica com polipose nasal em tratamento com dupilumabe. São descritos os aspectos clínicos e o impacto na qualidade da vida do paciente. Imagens tomográficas evidenciam a melhora do processo inflamatório e a regressão dos pólipos nasais.
Descritores: Imunobiológico, rinossinusite crônica com polipose nasal, anticorpo monoclonal, interleucina-4, interleucina-13, dupilumabe.
Relato de caso
Paciente masculino, 64 anos, procurou atendimento médico com alergista devido a quadro de anosmia há 10 anos, associado a asma moderada, controlada, e história de hipersensibilidade a AINEs. Refere diversas idas ao pronto-socorro fazendo uso de corticoide sistêmico para alívio de sintomas respiratórios, principalmente da anosmia e secreção nasal. Relatava diversas infeções intestinais prévias por não sentir cheiro de alimentos estragados. Além disso, paciente já realizou duas polipectomias, a primeira a 20 anos e a segunda há um ano. Referia cardiopatia, hipertensão e diabetes. Ao exame físico, a nasoscopia revelou alargamento da pirâmide nasal mostrando pólipos bilateralmente. O restante do exame físico dentro da normalidade. O paciente apresentava IgE total de 37,4, e testes cutâneos e IgE sérica específica para aeroalérgeos negativos. As Figuras 1 e 2 mostram as tomografias computadorizadas de seios da face iniciais.
Após avaliação do paciente, foi sugerido o uso de dupilumabe devido à rápida recidiva dos pólipos, aos efeitos adversos associados aos corticosteroides sistêmicos, e ao risco cirúrgico, visto que o paciente apresenta diversas comorbidades. Iniciado tratamento com dose inicial de dupixent 400 mg e doses seguintes de 200 mg de 14 em 14 dias. Paciente refere que na terceira aplicação retornou com olfato e melhora da respiração. Não teve mais infecções intestinais por não detectar o cheiro de alimentos estragados, teve controle de sua diabetes, e não utilizou mais corticoides sistêmicos.
As Figuras 3 e 4 mostram as tomografias computadorizadas de seios da face após três meses de uso de dupilumabe.
Em conclusão, relatamos o caso de um paciente com rinossinusite crônica com polipose nasal grave, com comorbidades associadas e com recidivas dos pólipos em menos de um ano após procedimento cirúrgico. Iniciado tratamento com dupilumabe e apresentado controle quase que total dos sintomas após a primeira aplicação do medicamento, garantindo assim melhor qualidade de vida ao paciente e menor impacto nas demais comorbidades pelo uso de corticosteroide sistêmico.