Perfil de sensibilização molecular de doentes com síndrome de proteínas de transferência lipídica e associação com características clínicas
Molecular sensitization profile of patients with lipid transfer protein syndrome and associated clinical characteristics
Marisa Paulino1; Célia Costa1; Elisa Pedro1; Maria Conceição Pereira-Santos2,3
1. Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Serviço de Imunoalergologia - Lisboa, Lisboa, Portugal
2. Instituto de Medicina Molecular, Universidade de Lisboa, Clinical Immunology Unit, Faculdade de Medicina - Lisboa, Lisboa, Portugal
3. Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Clínica Universitária de Imunoalergologia - Lisboa, Lisboa, Portugal
Endereço para correspondência:
Marisa Paulino
E-mail: marisapaulino.90@gmail.com
RESUMO
INTRODUÇÃO: As proteínas de transferência lipídicas (LTP) são causa de uma variedade de fenótipos de alergia alimentar globalmente definidos como síndrome LTP. Objetivo: O nosso objetivo é caracterizar o perfil molecular destes doentes e avaliar associação com os fenótipos clínicos.
METODOLOGIA: Estudo retrospectivo em que foram selecionados doentes com síndrome de LTP e sensibilização ao alergênio molecular pru p 3 em ImmunoCAP ISAC® (Phadia, Thermo Fisher Scientific, Suécia) realizados de abril de 2011 a abril de 2019. A análise estatística foi realizada através do software IBM SPSS® v20.
RESULTADOS: Cem doentes, 64% do sexo feminino, com média de idades à data do exame de 27,2±11,8 anos (idade pediátrica - 15%). A média de idades da primeira reação foi de 19,9±10 anos. Foram constituídos dois grupos com base na apresentação clínica à data da realização do exame: local (LR) n = 28; sistêmica (SR) n = 72. Os seguintes parâmetros foram avaliados em relação ao grupo SR: perfil de sensibilização a LTP, co-sensibilização com profilinas ou PR-10, presença de atopia e gênero.Na análise univariada foi encontrada associação positiva com grupo SR para sexo feminino (Odds ratio (OR) 2,8, p = 0,02) e presença de Jug r 3 (OR 2,60, p = 0,03). Associaram-se negativamente à doença sistêmica a presença de Par j 2 (OR 0,16, p < 0,01) e de profilinas (OR 0,11, p < 0,01). Na análise multivariada apenas manteve significado estatístico a presença de par j 2 (OR 0,023, p < 0,01).
CONCLUSÕES: A caracterização do perfil molecular pode ser útil como preditos da expressão da doença, sendo uma importante ferramenta no seguimento destes doentes. A presença de Par j 2 parece ser fator protetor de reação grave.
Descritores: Hipersensibilidade alimentar, rosaceae, alérgenos.