Comunicado sobre o uso de Omalizumabe em pacientes com Urticária Crônica Espontânea e a COVID-19
Report on the use of Omalizumab in patients with Chronic Spontaneous Urticaria and COVID-19
Luís Felipe Ensina1; Alfeu Tavares França1; Gabriela Andrade Coelho Dias1; Janaína Michelle Lima Melo1; Leila Vieira B. T. Neves1; Rosana Câmara Agondi1; Solange O. R. Valle1; Régis A. Campos1; Roberta F. Criado2; L. Karla Arruda2; Régis A. Campos2; Rosana Câmara Agondi2; Solange O. R. Valle2; Luís Felipe Ensina2
1. Departamento Científico de Urticária da ASBAI
2. Rede Urticária Brasil (RUBRA)
Não foram declarados conflitos de interesse associados à publicação desta carta.
Considerando as informações que possuimos até o presente momento, vimos por meio desta trazer informações referentes ao tratamento da urticária crônica espontânea com omalizumabe em relação ao novo coronavírus SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19.
Deste modo, considerando que as publicações atuais mostram que:
1) na fisiopatologia da infecção pelo vírus SARS-COV-2 não foi demonstrada até o momento a participação de anticorpos da classe IgE1;
2) frequência aumentada de casos de maior gravidade da doença COVID-19 não foi reportada até o momento em pacientes portadores de urticária crônica espontânea em uso de omalizumabe. Sendo a prevalência mundial de urticária crônica espontânea de 0,5 a 1,0% da população, e a doença COVID-19 de progressão geométrica, acredita-se que uma maior predisposição às formas graves de COVID-19 já teria sido identificada neste grupo de pacientes, entretanto é importante o monitoramento contínuo dos pacientes2,3;
3) Omalizumabe não tem atividade imunossupressora2.
Recomendamos aos médicos alergistas:
- manter o tratamento com omalizumabe na dose recomendada em bula (300 mg a cada 4 semanas), para os pacientes portadores de urticária crônica espontânea não responsivos às doses otimizadas de anti-histamínicos H1 de segunda geração;
- orientar seus pacientes com urticária crônica espontânea em uso de omalizumabe a comunicar-se imediatamente com o seu médico se apresentarem febre. A princípio não sugerimos a retirada do omalizumabe;
- caberá ao médico responsável avaliar sobre a retirada do omalizumabe em casos de agravamento do quadro clínico da infecção COVID-19.
Estamos acompanhando de perto as informações sobre a COVID-19 em pacientes com urticária crônica espontânea em uso de omalizumabe. Quaisquer alterações a estas recomendações serão imediatamente divulgadas.
São Paulo, 19 de março de 2020.
REFERÊNCIAS
1. Qin C, Zhou L, Hu Z, et al. Dysregulation of immune response in patients with COVID-19 in Wuhan, China [published online ahead of print, 2020 Mar12]. Clin Infect Dis. 2020; ciaa248. doi: 10.1093/cid/ciaa248.
2. Zuberbier T, Aberer W, Asero R, Abdul Latiff AH, Baker D, Ballmer- Weber B, et al. The EAACI/GA²LEN/EDF/WAO Guideline for the Definition, Classification, Diagnosis and Management of Urticaria. The 2017 Revision and Update. Allergy. 2018;73:1393-414.
3. www.who.int/ [site da Internet]. Acesso em: 19.03.2020.