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Revista oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI
Revista oficial da Sociedad Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunología SLaai

Número Atual:  Julho-Setembro 2019 - Volume 3  - Número 3


Editorial

Imunobiológicos na Imunologia Clínica e Alergia

Immunobiological agents in Clinical Immunology and Allergy

Pedro Giavina-Bianchi


DOI: 10.5935/2526-5393.20190049

Editor dos Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia. Prof. Livre Docente Associado da Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP - São Paulo, SP, Brasil




A Imunologia Clínica e Alergia identifica-se por ser uma disciplina que estuda um sistema do organismo humano, o sistema imune, diferenciandose de especialidades órgão-específicas, como a Pneumologia, a Otorrinolaringologia e a Dermatologia. Caracteriza-se ainda por pesquisar a fisiopatologia, objetivar diagnóstico etiológico preciso e promover a imunomodulação das doenças que envolvem o sistema imune. Muitos autores consideram que nossa especialidade nasceu como um ramo da Microbiologia, com o desenvolvimento da vacinação contra a varíola por Edward Jenner, em 1798. Surge o termo profilaxia, "a favor da proteção". Pouco mais de 100 anos depois, os experimentos de Richet e Portier mostraram que nem toda resposta imune é protetora e benéfica, quando surge o termo anafilaxia, "contra a proteção".

A asma é um bom exemplo de como o tratamento das enfermidades imunoalérgicas têm evoluído. Primeiramente, o principal objetivo do tratamento da asma era aliviar o broncoespasmo, facilitando o fluxo de ar pelas vias aéreas; foram desenvolvidos broncodilatadores cada vez mais seletivos e de melhores características farmacocinéticas e farmacodinâmicas. Os dispositivos inalatórios também se tornaram mais eficientes. Porém, o grande avanço no tratamento da doença foi baseado no conceito de que subjacente ao broncoespasmo existe um processo inflamatório que precisa ser tratado. Os corticosteroides, um marco no tratamento da asma, mudaram a evolução natural da doença, inclusive de sua mortalidade. Mais recentemente, o advento dos imunobiológicos tem permitido o tratamento de pacientes com formas mais complexas e graves da doença (Figura 1).

 


Figura 1 Evolução do tratamento medicamentoso da asma

 

Nas últimas décadas, observamos redução de cerca de 75% no número de internações por asma; hoje é raro encontramos pacientes em unidades de terapia intensiva em decorrência de crises de asma. Entretanto, a mortalidade não diminuiu, e cerca de 7 pessoas ainda morrem diariamente pela doença (Figura 2). Há mais de um fenótipo de asma grave; algumas formas decorreriam de anos de tratamento inadequado da doença, mas outras apresentariam maior gravidade intrínseca. O uso de agentes biológicos é fundamental e muda o prognóstico nestes pacientes, permitindo o controle da doença, inclusive com a diminuição de internações por exacerbações e melhoria na qualidade de vida. Há evidências científicas abundantes mostrando a eficácia e segurança destas medicações. A tônica da discussão deve ser: custo, acesso, população-alvo, critérios de resposta terapêutica, critérios para retirada da medicação e criação de centros de referência.

 


Figura 2 Hospitalizações anuais por asma no Brasil Fonte: www.datasus.gov.br

 

Na presente edição dos Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia, Dirceu Solé e colegas da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia analisam o estado da arte do uso de medicamentos imunobiológicos na nossa especialidade, elaborando um Guia Prático que orienta a utilização dos mesmos. Na era da Medicina de Precisão, a terapia personalizada com o uso de imunobiológicos vai se estabelecendo, e apresenta grande perspectiva de crescimento. O futuro está entre nós.

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