Logo ASBAI

Revista oficial da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia ASBAI
Revista oficial da Sociedad Latinoamericana de Alergia, Asma e Inmunología SLaai

Número Atual:  Setembro-Outubro 2014 - Volume 2  - Número 5


TEMAS LIVRES

Temas Livres





TL001 - AVALIAÇAO PULMONAR DE CRIANÇAS ASMATICAS EM PRÉ-ESCOLARES

Franciane Paula Silva; Fernanda Medeiros da Silveira; Sandra Lisboa; Luanda Dias Silva; Abelardo Bastos Pinto Neto; Celso Epaminondas Ungier; Sandra Maria Epifanio Bastos Pinto

Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira FIOCRUZ/RJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

OBJETIVO: Determinar a viabilidade da realizaçao da espirometria em crianças asmáticas com idade pré-escolar na prática clínica.
MÉTODOS: Crianças asmáticas entre 3-6 anos de idade foram selecionadas do banco de dados do Setor de Prova de Funçao Pulmonar. Os critérios de aceitabilidade foram: curvas sem artefato na inspeçao visual, início satisfatório da expiraçao, evidência de esforço máximo, término adequado, obtençao de pico de fluxo e volume de retro extrapolaçao <12,5% da capacidade vital forçada (FVC) ou < 80 mL e <10% do pico de fluxo expiratório (EFP). Como critérios de reprodutibilidade, foram aceitas curvas nas quais os valores entre FVC e volume expiratório forçado no primeiro segundo (FEV1) nao excedessem 10% entre as curvas de acordo com American Thoracic Society (2007). Para aumentar a confiabilidade dos testes, foram obtidas pelo menos três curvas aceitáveis, sendo duas dessas reprodutíveis. Caso os critérios nao fossem atingidos após dez tentativas, optava-se pela interrupçao do teste. Proporçoes foram comparadas por teste qui-quadrado. Para comparaçao de dois grupos, teste t Student ou Mann-Whitney. O valor de P < 0,05 era considerado estatisticamente significativo. A análise dos dados no programa SPSS versao15.0.
RESULTADOS: Foram avaliadas 64 crianças (56.3% masc. e 43.8% fem.), com uma média de idade de 4.89 ±0,91 que realizaram espirometria durante a sua primeira visita ao nosso laboratório. Destas, 10,9% conseguiram um Tempo Expiratório Forçado (FET) > a 0.5s, 20,3% com um FET > a 0.75s e 68,8% com um FET > a 1s, após treinamento prévio.
CONCLUSAO: A utilizaçao dos parâmetros FEV0.5 e FEV0.75 permitiu a avaliaçao de mais de 31,2% das crianças desse estudo. Podemos afirmar que é possível realizar a espirometria nessa faixa étaria, com técnica e parâmetros adequados. Dessa forma, torna-se um exame indispensável na avaliaçao funcional e acompanhamento da terapêutica realizada em pacientes com asma.



 

TL002 - A EVOLUÇAO DA SIBILANCIA RECORRENTE PARA ASMA. A UTILIZAÇAO DO EISL COMO ESTUDO PROSPECTIVO

Carolina Sanchez Aranda1; Gustavo Falbo Wandalsen1; Ana Caroline Cavalcanti Dela Bianca2; Lilian Moraes3; Mercia Medeiros4; Dirceu Solé1

(1) UNIFESP, Sao Paulo, SP, Brasil
(2) UFPE, Recife, PE, Brasil
(3) UFMT, Cuiabá, MT, Brasil
(4) UFAL, Maceió, AL, Brasil

OBJETIVOS: A asma é uma das doenças crônicas mais precoces. Fatores ambientais podem interferir na patogênese dessa doença desde o início da vida. O Estudio Internacional de Sibilancias en Lactantes (EISL) foi elaborado com o objetivo de estudar o impacto da sibilância no primeiro ano de vida, determinando sua prevalência e os fatores a ela associados, utilizando um questionário escrito e padronizado (QE). O objetivo desse estudo foi avaliar os fatores associados à sibilância no primeiro ano de vida que sao preditores de asma futura.
MÉTODOS: Sao Paulo, Cuiabá e Maceió aplicaram o QE do EISL aos pais de lactentes de 12 a 15 meses (fase 1). Após 24 meses (fase 2), foi realizado randomizaçao da amostra total e um novo questionário foi aplicado para avaliar os fatores que apresentavam associaçao com a persistência da sibilância. A evoluçao da sibilância foi avaliada por grupos: pré-escolares que mantiveram o quadro de sibilância recorrente (persistentes), pré-escolares que iniciaram o quadro respiratório tardiamente, pré-escolares que nao sibilaram mais e ainda o grupo onde os participantes nunca sibilaram, através de regressao multinominal.
RESULTADOS: A randomizaçao incluiu 25% da amostra (n=802). Houve perda de 3,9% (n=125). Foram analisadas as informaçoes de 677 (21,1%) crianças que participaram da fase 1 (n=3208) dos três centros. Os lactentes que já apresentavam sibilância recorrente na fase 1 (n=111), apresentavam história de 4 ou mais resfriados (OR=6,58. IC95%=3,01-11,52), rinite alérgica (OR=3,11. IC95%=1,69-3,65) e pneumonia (OR=2,88. IC95%=2,24-4,06). Esses fatores continuaram relevantes, tanto no fenótipo de sibilância persistente (n=49) e também daqueles de início tardio (n=62), grupos de possíveis asmáticos.
CONCLUSOES: Os pré-escolares com suspeita de asma, já apresentavam no primeiro ano de vida, resfriados frequentes, diagnóstico de rinite alérgica e pneumonia. Dessa maneira, esses fatores podem ser preditores de asma futura nessa populaçao.



 

TL003 - AVALIAÇAO DA FUNÇAO PULMONAR PELA OSCILOMETRIA DE IMPULSO EM CRIANÇAS DE 03 A 06 ANOS PORTADORAS DE RINITE ALÉRGICA E ASMA

Décio Medeiros Peixoto; Rita de Cássia Silva Costa; Fernanda Veruska Correia Lima; Vanessa Limeira Lucena; Vinicius Gueiros Buenos Aires; Claudio Gonçalves Albuquerque; José Angelo Rizzo

Centro de Pesquisas em Alergia e Imunologia Clínica HC UFPE, Recife, PE, Brasil

As doenças respiratórias, como a rinite alérgica e a asma, sao responsáveis por impactos negativos na qualidade de vida, inclusive com comprometimento da funçao pulmonar. A oscilometria de impulso (impulse oscillometry system - IOS) é utilizada para medir as propriedades mecânicas do pulmao. Exige o mínimo de cooperaçao do paciente, com mediçoes rápidas e reprodutíveis.
OBJETIVO: Avaliar a funçao pulmonar de crianças portadoras de rinite alérgica e asma por meio do IOS.
MÉTODOS: Estudo transversal, realizado entre março e junho de 2014, no Hospital das Clínicas - UFPE, com crianças, atendidas em consulta de rotina, entre 3 e 6 anos separadas em dois grupos: crianças com diagnóstico de rinite alérgica e asma (critérios do ARIA e do GINA) e o grupo comparativo (crianças sem patologia respiratória alérgica). As crianças foram recrutadas no ambulatório de alergia infantil e no ambulatório de pediatria respectivamente e foram submetidas ao teste de funçao pulmonar pela oscilometria de impulso após a assinatura do TCLE pelo responsável.
RESULTADOS: Participaram do estudo 55 crianças, sendo 20 (37%) no grupo rinite alérgica e asma e 35 (63%) no grupo de comparaçao. Foram analisados os dados referentes à R5, R20, R5-R20, X5, AX e Fres (dados sobre a resistência e complacência do pulmao e da caixa torácica). Na avaliaçao intergrupos, todos os parâmetros do IOS apresentaram diferença entre as médias. Porém, houve significância apenas para o parâmetro X5 (p-valor = 0,047). Os índices relativos à resistência total de vias aéreas (R5) e resistência em vias aéreas periféricas (R5-R20) demonstraram ser maiores nos indivíduos portadores de rinite e de asma em relaçao ao grupo controle, porém sem significância.
CONCLUSAO: As crianças portadoras de rinite alérgica e asma apresentaram menor complacência pulmonar, aferido pelo parâmetro X5, quando comparadas às crianças sem patologia respiratória, demonstrando que pode haver comprometimento da funçao pulmonar nesse grupo.



 

TL004 - AVALIAÇAO DA FRAÇAO DE OXIDO NITRICO EXALADO (FENO) EM ADOLESCENTES COM HISTORIA DE ASMA E/OU RINITE ALÉRGICAS

Fernando Monteiro Aarestrup1; Beatriz Juliao V. Aarestrup2; Carolina Machado M. Felix2; Kenya Brugiolo Rodrigues2; Rosa Maria de Carvalho2

(1) UFJF, Fac. Medicina Suprema, Juiz de Fora, MG, Brasil
(2) UFJF, Juiz de Fora, MG, Brasil

A fraçao exalada de óxido nítrico (FeNO) é indicada para avaliar o grau de inflamaçao de vias aéreas, estando mais elevada em pacientes com atopia.
OBJETIVO: Avaliar, em adolescentes com suspeita de diagnóstico de asma e/ou rinite detectadas pelo questionário International Study of Asthma and Allergie in Childhood - ISAAC - sem tratamento medicamentoso regular, o grau de inflamaçao das vias aéreas inferiores e associaçao com a presença de positividade para o prick test para aeroalérgenos.
MÉTODOS: Estudo transversal em adolescentes com suspeita diagnóstica de asma e/ou rinite, nao submetidos a corticoterapia inalatória (CI). A FeNO (Niox Mino Aerocrine, USA) e o prick test com extratos alérgenos padronizados (FDA-Allergenic, Brasil) Dermatophagoides pteronyssinus, Dermatophagoides farinae e Blomiatropicalis foram realizados. Foi utilizado o pacote estatístico SPSS versao 15.0, sendo utilizados os testes t de Student, Mann-Whitney Ue Anova com post-hoc Bonferroni para comparaçao entre grupos e teste Qui-Quadrado para medida de associaçao; nível de significância quando α < 0,05.
RESULTADOS: Participaram 31 adolescentes (19 meninos e 12 meninas), 14,38 (±0,92) anos. 61% dos adolescentes apresentaram asma e rinite concomitantemente, 13% asma e 26% rinite. A FeNO se mostrou elevada (>25 ppb) em 60% dos adolescentes e 74% apresentaram prick test positivo para pelo menos um ácaro avaliado. Todos os participantes com prick test negativo apresentaram valores de FeNO normais (< 25 ppb) e, nos que tiveram prick test positivo, valores de FeNO foram mais elevados (p<0,001).
CONCLUSAO: A avaliaçao da FeNO deve ser incorporada à rotina de exame clínico em pacientes com suspeita de doenças atópicas respiratórias pois, além de contribuir para a orientaçao da terapêutica com CI, também pode ter um papel importante no diagnóstico de asma, particularmente em pacientes que apresentam prick test positivo para aeroalérgenos.



 

TL005 - AVALIAÇAO E VALIDAÇAO DA VERSAO TRADUZIDA DO QUESTIONARIO DE CONTROLE DA RINITE E ASMA "CONTROL OF ALLERGIC RHINITIS AND ASTHMA TEST FOR CHILDREN (CARATKIDS)"

Ana Cláudia Faria Carneiro; Jessica Loekmanwidjaja; Daniela Armonia Munhoes; Gustavo Falbo Wandalsen; Dirceu Solé

UNIFESP, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVOS: Avaliar e validar a versao traduzida do questionário "Control of Allergic Rhinitis and Asthma test for children"(CARATkids) para a populaçao brasileira.
MÉTODOS: O questionário CARATKids foi aplicado a 102 pacientes (6 a 12 anos) com diagnóstico de asma persistente e rinite alérgica persistente moderada-grave (RAPMG) acompanhados em serviço de referência. O CARATKids é um questionário composto de treze perguntas, sendo oito respondidas pela criança e cinco pelos pais, com pontuaçao variando de zero (melhor controle) a 13 (pior controle). Além do CARATKids, foram avaliados o escore de sintomas nasais (ESN), controle da asma (ACT ou C-ACT), pico de fluxo inspiratório nasal (PFIN), pico de fluxo expiratório (PFE), escala numérica de avaliaçao da asma (ENA) e rinite (ENR). Foram excluídos pacientes com doenças psiquiátricas e déficits cognitivos.
RESULTADOS: Foram avaliados 102 pacientes, sendo 57 (56%) do sexo masculino. A mediana da idade foi de 9 anos. A mediana do CARATKids foi de 3 (0 a 11). De acordo com CARATKids, 57 pacientes foram considerados controlados (escore < 4), 22 parcialmente controlados (escore = 4 ou 5) e 23 nao controlados (escore >5). O CARATKids apresentou correlaçao significante com: ESN (r=0,77; p<0,001), ACT (r=-0,76; p<0,001), PFNI (-0,31; p=0,001), PFE (-0,22; p=0,012), ENA (-0,51 ; p<0,001) e ENR (-0,58; p<0,001). Quando comparados com os pacientes parcialmente controlados e nao controlados, os pacientes considerados controlados pelo CARATKids apresentaram menores valores de ESN (mediana: 1 vs 5,5 vs 9; p < 0,001) e maiores valores do ACT (26 vs 23 vs 18; p < 0,001).
CONCLUSAO: A versao traduzida para o português do questionário CARATKids mostrou-se válida para avaliar o controle da asma e da rinite alérgica por um instrumento único. As notas do CARATkids apresentaram forte correlaçao com medidas objetivas de controle das duas doenças e foram capazes de discriminar pacientes com diferentes níveis de controle da rinite e da asma.



 

TL006 - AVALIAÇAO DO CONTROLE DA ASMA POR DIFERENTES CRITÉRIOS

Helena Fleck Velasco; Tatiane Pavan Ramos Oliveira; Dirceu Solé; Marcia Carvalho Malozzi; Gustavo Falbo Wandalsen

UNIFESP, Sao Paulo, SP, Brasil

A avaliaçao do controle da asma é um desafio para os médicos devido a dificuldade de percepçao e descriçao de sintomas pelas crianças e pelos pais.
OBJETIVO: comparar diversos critérios e instrumentos propostos para a avaliaçao do controle da asma em crianças e adolescentes.
MÉTODOS: Foram incluídas 100 crianças entre 6 anos e 17 anos com diagnóstico de asma de acordo com critérios da GINA 2014. Os critérios de exclusao foram nao compreender o questionário de controle, nao conseguir realizar prova de funçao pulmonar e/ou apresentar outras doenças respiratórias. Os pacientes e seus responsáveis responderam dois questionários de controle da asma (ACT ou C-ACT e ACQ) e questoes relativas aos seus sintomas para definiçao do controle da doença pela GINA (2014) e NAEPP (2007). Realizaram ainda espirometria foram avaliados em consulta por médico alergologista. Em todas as categorias, foram classificados em relaçao ao controle de sua asma como controlado, parcialmente controlado e nao controlado.
RESULTADOS: A porcentagem de pacientes classificados como controlados foi de: GINA: 37%, NAEPP: 13%, ACT: 62%, ACQ: 62%, avaliaçao médica (AM): 53%. Nas comparaçoes entre os critérios, a taxa de concordância e o valor do teste de Kappa foram, respectivamente, de: NAEPP vs GINA: 50% e 0,27; ACT X ACQ: 64% e 0,34; AM vs GINA: 55% e 0,31; AM vs NAEPP: 25% e 0,02; AM vs ACT: 56% e 0,26; AM vs ACQ: 63% e 0,36.
CONCLUSOES: A concordância entre os critérios utilizados para avaliar o controle da asma em crianças e adolescentes é baixa e muito variável. A definiçao do nível de controle da asma por consensos ou por questionários específicos muitas vezes é diferente da opiniao médica e o uso rotineiro destes instrumentos pode auxiliar o manejo dos pacientes.



 

TL007 - AVALIAÇAO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO COM OMALIZUMABE EM PACIENTES COM URTICARIA CRONICA ESPONTANEA RECALCITRANTE

Carolina Tavares de Alcântara; Kelly Yoshimi Kanamori; Pedro Giavina Bianchi; Jorge Kalil; Antônio Abílio Motta; Rosana Câmara Agondi

Disciplicina de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVO: A urticária crônica (UC) é definida como persistência dos sintomas por 6 semanas ou mais, sendo recalcitrante quando mesmo com a terapia anti-histamínica máxima nao há adequado controle dos sintomas. Avaliamos a resposta ao tratamento com omalizumabe em pacientes com diagnóstico de UC recalcitrante.
MÉTODOS: Análise de nove pacientes em acompanhamento no ambulatório especializado de um hospital terciário, com diagnóstico de UC recalcitrante em tratamento clínico com omalizumabe por um período de 1 a 6 meses. Foram avaliados critérios, como: qualidade de vida e medicaçoes pré e pós tratamento, valores de d-dímero e média de duraçao da doença.
RESULTADOS: Do total de 9 pacientes, 8 (88.9%) eram do sexo feminino. A média de idade atual do grupo era de 34,8 anos. O início dos sintomas de urticária ocorreram, em média, aos 25,3 anos, portanto com uma média de duraçao da doença em torno de 9,4 anos. No total, 66,7% realizaram 6 aplicaçoes de omalizumabe e pudemos observar uma reduçao, em média, nos critérios de qualidade de vida de 81,7 para 48,6. Em relaçao aos valores de d-dímero, encontramos uma média de 1443,3 ug/L. Quanto ao tratamento prévio, 100% faziam uso de anti-histaminicos, antileucotrieno e corticoides orais, enquanto que 44.4% também utilizavam cloroquina e/ou ciclosporina. Após o uso do omalizumabe, houve reduçao de 77,8%, 22,2%, 44,4% e 66,7% na necessidade de utilizaçao de anti-histaminicos, antileucotrieno e corticoides orais, respectivamente; e uma reduçao de 33,3% quanto ao uso de cloroquina e ciclosporina.
CONCLUSAO: O objetivo do tratamento da UC é o completo alívio dos sintomas, com uma substancial melhora na qualidade de vida dos pacientes. Contudo, naqueles que nao respondiam adequadamente ao tratamento, o uso do omalizumabe foi benéfico, visto sua eficácia comprovada na remissao dos sintomas, na maioria dos casos, em comparaçao com outros agentes.



 

TL008 - AVALIAÇAO DA QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTE COM URTICARIA CRONICA

Kelly Yoshimi Kanamori; Carolina Tavares de Alcântara; Jorge Kalil; Antônio Abílio Motta; Rosana Câmara Agondi

Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVO: Avaliar a qualidade de vida nos pacientes com urticária crônica através do questionário UC-Q2oL.
MÉTODOS: Foram avaliados os pacientes com urticaria crônica em acompanhamento em um hospital terciário, em um estudo transversal. O UC-Q2oL contém 23 questoes, com notas de 1 a 5 (sendo 1 sem queixas e 5 muitas queixas). Consideramos a média > 3 como má qualidade de vida. Foram classificados dois grupos: grupo A aquele que respondiam a anti-histamínicos (AH1) e grupo B que necessitavam de medicaçoes além dos AH1 (denominado recalcitrante). Consideramos que a diferença > 1 em cada questao, entre os grupos, como relevante.
RESULTADOS: Sessenta e um pacientes participaram do estudo. Destes, 58 (95%) eram do sexo feminino e a média de idade foi de 41 anos. A média de idade de início da urticária foi de 32,6 anos e tempo de doença 9,8 anos. A média do valor total do questionário dos grupos foi de 72,5 no grupo B e de 57,2 no grupo A. Quando avaliamos a frequência de tempo de doença > 10 anos, no grupo A encontramos 37% e no grupo B, 55,9%. A frequência de questoes com avaliaçao > 3 foi de 60,8% no grupo B e 21,7% no grupo A. A diferença foi de > 1 no grupo B em relaçao ao A nas seguintes questoes: 1, 15, 17, 19, 20, 21.
CONCLUSAO: Urticária crônica é uma condiçao que se acompanha de grande impacto na qualidade de vida. Neste estudo encontramos que a UC recalcitrante possuia um tempo de doença mais prolongado e com queixas graves mais prevalentes. Dentre as questoes abordadas aquelas que tiveram maior importância foram aquelas relacionadas a relaçao social, hábitos alimentares e efeitos colaterais aos medicamentos.



 

TL009 - MUTAÇOES NO GENE SERPING1 EM PACIENTES BRASILEIROS COM ANGIOEDEMA HEREDITARIO

Luana Sella Motta Maia1; Mariana Paes Leme Ferriani1; Marina Mendonça Dias1; Solange Oliveira Rodrigues Valle2; Pérsio Roxo Junior3; Luísa Karla de Paula Arruda1; Adriana Santos Moreno4

(1) Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirao Preto, USP, Ribeirao Preto, SP, Brasil
(2) Departamento de Imunologia Clínica, Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
(3) Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirao Preto, USP, Ribeirao Preto, SP, Brasil
(4) Faculdade de Medicina de Ribeirao Preto, Ribeirao Preto, SP, Brasil

OBJETIVOS: Identificar mutaçoes no gene SERPING1, que codifica o inibidor de C1 (C1-INH), em pacientes com angioedema hereditário (AEH) no Brasil.
MÉTODOS: Os pacientes foram selecionados dentre aqueles atendidos em serviço especializado, ou que foram referidos para nossa instituiçao para análise genética por seus médicos, ou ainda através da colaboraçao com a Associaçao Brasileira de Portadores de AEH (ABRANGHE), com diagnóstico clínico de AEH por deficiência de C1-INH. As concentraçoes de C1-INH, C3 e C4 foram determinadas por nefelometria, e a atividade funcional do C1-INH foi avaliada por método cromogênico. O DNA foi analisado por PCR para amplificar os oito exons e sequências de intrônicas adjacentes do gene SERPING1.
RESULTADOS: Dezoito pacientes com diagnóstico clínico de AEH por deficiência do C1-INH, pertencentes a treze famílias, e quatro familiares assintomáticos foram avaliados. Dezesseis pacientes apresentaram AEH tipo I e dois pacientes apresentaram AEH tipo II. Foram identificadas treze mutaçoes e dois polimorfismos, incluindo sete mutaçoes missense previamente descritas: c.689T>C, c.728T>C, c.889G>A, c.1010A>G, c.1396C>T e c.1397G>A (AEH tipo II), c.1431C>G, e c.1480C>T. Foram identificadas quatro novas mutaçoes: c.730T> G e c.871A>T no exon 5; c.939T>G no exon 6; e duas novas deleçoes: c.995delT no exon 6 e c.1334delC no exon 8, que causam stop códons prematuros. Além de mutaçoes patogênicas, os polimorfismos c.1438G>A no exon 8 e c.1030-20A> G no íntron 6 foram encontrados no gene SERPING1 de nove pacientes.
CONCLUSOES: Novas mutaçoes, bem como mutaçoes previamente descritas foram identificadas no gene SERPING1 como causa do AEH tipos I e II em pacientes brasileiros. A identificaçao de mutaçoes no gene SERPING1 pode ajudar no diagnóstico precoce do AEH e no aconselhamento genético de famílias de pacientes com AEH.



 

TL010 - AVALIAÇAO DA QUALIDADE DE VIDA EM DERMATITE ATOPICA GRAVE APOS IMUNOSSUPRESSORES SISTEMICOS

Caroline Peev; Luiz Fernando Bacarini Leite; Wilma Carvalho Neves Forte; Paula Bauer Litovchenco; Maria da Conceiçao Santos de Menezes

ISCMSP, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVO: Avaliar a qualidade de vida de pacientes com dermatite atópica grave refratária ao tratamento convencional, após o uso de imunossupressores sistêmicos.
MÉTODOS: Foram selecionados pacientes portadores de dermatite atópica classificada como grave segundo o método SCORAD, considerando-se grave a graduaçao maior ou igual a 50. Todos os pacientes apresentavam quadro clínico refratário ao uso de corticosteroides e imunossupressores tópicos por longo prazo. Foram excluídos pacientes portadores de imunodeficiências, com infecçoes sistêmicas de repetiçao e neoplasias. Para avaliaçao da qualidade de vida foram utilizados os questionários CDLQI (Children's dermatology life quality index) e DLQI (Dermatology life quality index). A avaliaçao foi realizada antes do uso dos agentes imunossupressores e 21 semanas após a introduçao. A escolha do medicamento foi baseada na gravidade do quadro e na condiçao econômica dos pacientes e/ou responsáveis. Foi feito controle laboratorial dos efeitos colaterais entre 15-45 dias, dependendo do imunossupressor utilizado.
RESULTADOS: Foram selecionados 11 pacientes: sete crianças entre 5-13 anos e quatro adultos entre 18-35 anos. Utilizaram-se em ordem de frequência: Azatioprina, Metotrexate e Ciclosporina. A avaliaçao dos índices do Escore de qualidade de vida mostrou reduçao percentual numérica entre 20-67%, principalmente em relaçao à interaçao psicossocial e às atividades laborativas. Esses resultados foram observados para todos os medicamentos.
CONCLUSAO:O estudo mostrou uma importante melhora na qualidade de vida dos pacientes com dermatite atópica grave resistente a corticosteroides e imunossupressores tópicos após o uso de agentes imunossupressores sistêmicos.Os resultados deste estudo comprovam que agentes imunossupressores sistêmicos melhoram a qualidade de vida de pacientes com dermatite atópica grave refratária a tratamentos convencionais, levando-se sempre em consideraçao os possíveis efeitos adversos desses medicamentos.



 

TL011 - AVALIAÇAO DA RESPOSTA CLINICA DA ANTI-IGE NO TRATAMENTO DA DERMATITE ATOPICA REFRATARIA: UMA SÉRIE DE CASOS

Phelipe dos Santos Souza; Janaína Michelle Lima Melo; Thais Nociti de Mendonça; Lucas Reis Brom; Juliana Augusta Sella; Renata Nahas Cardili; Luísa Karla de Paula Arruda

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirao Preto, Ribeirao Preto, SP, Brasil

OBJETIVOS: Descrever a eficácia do omalizumabe em pacientes com dermatite atópica (DA) refratária à terapêutica habitual.
MÉTODOS: Estudo descritivo de cinco pacientes com DA refratária ao tratamento habitual, eleitos para realizaçao de omalizumabe como terapia adjunta, acompanhados no serviço especializado de Alergia e Imunologia. Foram avaliadas 91 doses realizadas e realizadas comparaçoes quanto ao uso de anti-histamínicos e corticosteroides sistêmicos; SCORAD; correlaçao do prurido, descamaçao e interferência no sono através de escore subjetivo, graduando de zero (ausência de sintomas) a dez (piores sintomas); escore do Indice de Qualidade de Vida em Dermatologia (DLQI), anterior e posterior ao início do omalizumabe. Definiçao da resposta global ao tratamento, pelo paciente, relatada como Ausência de Melhora, Pouca Melhora, Melhora Parcial, Boa Melhora ou Melhora Total, com relaçao aos sintomas gerais.
RESULTADOS: A média de idade foi de 33 anos e 80% dos pacientes do gênero masculino. Os cinco pacientes receberam dose de 300mg do omalizumabe ao mês e nenhuma reaçao adversa foi descrita. Todos faziam uso prévio de corticosteroides sistêmicos, e apenas um manteve o uso após o início do omalizumabe. Quatro reduziram a dose contínua de anti-histamínicos e um nao faz mais uso regular. Quanto à evoluçao do prurido, todos obtiveram reduçao de 50 a 100% da intensidade. Reduçao da intensidade da descamaçao de 33 a 100% e da interferência do sono de 60 a 100% foram observadas. Quatro pacientes relataram pelo menos uma Boa Melhora no estado geral com uso de omalizumabe. Houve uma reduçao no SCORAD de três pacientes, e de 16 a 50% no escore do DLQI.
CONCLUSOES: Apesar do uso do omalizumabe ainda ser controverso na DA, 80% dos pacientes no presente estudo apresentaram uma boa resposta ao uso complementar desta medicaçao, sem nenhuma reaçao adversa descrita, indicando que esta terapia adjuvante pode representar uma alternativa segura e eficaz para pacientes selecionados.



 

TL012 - ICATIBANTO EM ANGIOEDEMA HEREDITARIO (AEH): ESTUDO OBSERVACIONAL NO BRASIL

Anete Sevciovic Grumach1; Sandra Mitie Ueda Palma1; Rosemeire Navickas Constantino-Silva1; Shirley Komninakis1; Ana Paula da Silva Melo1; Vincent Fabien2; Irmgard Andresen2

(1) Faculty of Medicine ABC, Santo André, SP, Brasil
(2) Shire, Zug, Suíça

OBJETIVOS: O AEH é uma doença autossômica dominante cujo mediador principal é a bradicinina. O icatibanto atua como antagonista dos receptores B2 da bradicinina e é indicado para tratar crises de pacientes com AEH. A eficácia deste fármaco está sendo avaliada em um estudo observacional multicêntrico (IOS) (49 centros/11 países) patrocinado pela Shire. O objetivo desta análise é avaliar os tratamentos realizados com Icatibanto no Brasil.
MÉTODOS: Sao coletados dados prospectivos sobre os ataques tratados, a segurança e resposta clínica em pacientes que recebem pelo menos uma dose de icatibanto.
RESULTADOS: Até de fevereiro de 2015, 875 pacientes estavam inscritos no IOS, 28 (25F:3M) do Brasil e 16/28 com AEH com déficit de inibidor de C1 (dC1-INH). A idade média dos primeiros sintomas e do diagnóstico foram 8 e 29,5 anos, respectivamente, com uma demora para o diagnóstico em média de 16,3 anos. Doze pacientes apresentam AEH com C1-INH normal (sdC1-INH) e a idade média de 16,5 e 41,8 anos para os primeiros sintomas e idade do diagnóstico, respectivamente, com uma demora média de 24,0 anos para o diagnóstico. Em 13 pacientes com AEH dC1-INH registrou-se 42 ataques tratados com icatibanto, 27 deles graves ou muito graves. Os tempos médios para o tratamento e duraçao do ataque foram de 5,8 e 13,6 hs. Dos 19 ataques tratados em 9 pacientes com AEH sdC1-INH, 8 foram graves ou muito graves. Os ataques foram tratados e solucionados em menos de 1 hora.
CONCLUSOES: Os pacientes do Brasil com AEH sdC1-INH apresentaram sintomas e foram diagnosticados mais tardiamente que os pacientes com AEH com dC1-INH, porém, houve uma resoluçao mais rápida dos ataques tratados.



 

TL013 - EVOLUÇAO CLINICA DE PACIENTES COM IMUNODEFICIENCIA COMUM VARIAVEL DURANTE A GRAVIDEZ

Lorena Crispim; Myrthes Anna Maragna Toledo Barros; Cristina Maria Kokron; Octavio Grecco; Anna Karolina Marinho; Mila Macedo Almeida; Luiza Maria Damásio da Silva

Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVOS: Descrever a evoluçao clínica de pacientes com Imunodeficiência Comum Variável (ICV) durante o período gestacional, acompanhadas no Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, detalhando a maneira como o tratamento foi conduzido, a evoluçao e o desfecho das gestaçoes.
MÉTODO: Foram selecionadas pacientes com diagnóstico de ICV que ficaram grávidas durante o seguimento ambulatorial. Os dados clínicos e laboratoriais foram coletados por meio de prontuário eletrônico, contato telefônico e consulta de resultados laboratoriais no sistema online hospitalar.
RESULTADO: Foram selecionadas 16 pacientes. A idade do diagnóstico de ICV foi entre 7 e 35 anos e a idade que engravidaram variou de 26 a 35 anos. A maioria das gestaçoes evoluiu sem intercorrências e com a manutençao do tratamento de reposiçao de gamaglobulina humana por via endovenosa. Duas pacientes da pesquisa foram a óbito, sendo que uma delas devido a complicaçoes no puerpério imediato decorrentes de pneumopatia grave. Apenas uma paciente apresentou abortamento espontâneo sem complicaçoes. Dos recém-nascidos apenas um foi prematuro e todos receberam vacinaçao com BCG sem complicaçoes. Um dos filhos de uma paciente foi diagnosticado com Deficiência de IgA e Doença Celíaca e dois filhos de uma segunda paciente diagnosticados com Deficiência de IgA e Lupus.
CONCLUSAO: A ICV é a imunodeficiência primária sintomática mais prevalente em adultos, manifestando-se com infecçoes bacterianas graves e recorrentes, doenças autoimunes e neoplasias. O diagnóstico precoce, a utilizaçao de antibióticos profiláticos e a infusao de gamaglobulina humana aumentou substancialmente a expectativa e a qualidade de vida dessas pacientes. Em grávidas o tratamento com gamaglobulina faz-se seguro e fundamental para uma gestaçao sem intercorrências infecciosas graves, além de permitir a transferência placentária de anticorpos para o feto, gerando crianças saudáveis.



 

TL014 - AVALIAÇAO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM IMUNODEFICIENCIAS PRIMARIAS E SUA RELAÇAO COM COMPONENTES DA SINDROME METABOLICA

Ivie Reis Maneschy; Cristina Miuki Abe Jacob; Mayra de Barros Dorna; Ana Paula Beltran Moschione Castro; Glauce Hiromi Yonamine; Antonio Carlos Pastorino

FMUSP, Sao Paulo, SP, Brasil

As IDPs compreendem múltiplos distúrbios resultantes de diferentes defeitos hereditários do sistema imunológico, que tornam os portadores destas doenças mais suscetíveis a infecçoes. Estes pacientes merecem atençao diferenciada, com especial cuidado quanto às infecçoes de repetiçao e suas complicaçoes, outras doenças associadas e sua condiçao nutricional. Os estados de inflamaçao crônica, presentes em muitos pacientes com diferentes IDPs, podem elevar a taxa metabólica basal (TMB) que, associada à inapetência presente nos períodos de agudizaçao da doença, causam uma inadequada ingestao de nutrientes, podendo acarretar uma deficiência nutricional.
OBJETIVOS: Avaliar o estado nutricional, perfis lipídico e glicêmico além de marcadores inflamatórios de pacientes com IDPs e descrever possíveis distúrbios metabólicos associados.
METODOLOGIA: Estudo descritivo transversal, realizado com 24 pacientes imunodeficientes (10 Doença Granulomatosa Crônica -DGC; 6 Ataxia-Telangiectasia - AT; 5 Agamaglobulinemia - A; 3 Hiper IgM - HIgM) entre 20 meses a 18 anos acompanhados no ambulatório de Alergia e Imunologia do Instituto da Criança - HCFMUSP, Sao Paulo. Foram realizadas avaliaçoes bioquímicas e antropométricas, longe de processos infecciosos, incluindo peso, altura, dobra cutânea tricipital (DCT), circunferência muscular do braço (CMB) e circunferência do braço (CB) (software WHO Antro e WHO Antro Plus e classificados por Frisancho). A desnutriçao ocorreu em 39,2%, 69,5%, 47,9% e 43,5% quando analisadas por IMC, CMB, CB, DCT respectivamente, observando-se maior prevalência nos pacientes com DGC e AT. 50% dos pacientes apresentaram alguma dislipidemia, sendo HDL baixo o mais prevalente.
CONCLUSAO: O estudo concluiu que todos os grupos de IDPs avaliados apresentaram algum grau de comprometimento nutricional ou metabólico. Novos estudos de intervençao nutricional em pacientes com IDPs podem determinar uma conduta nutricional individualizada para estes pacientes.



 

TL015 - ANALISE RETROSPECTIVA DE 14 PACIENTES ADULTOS COM AGAMAGLOBULINEMIA LIGADA AO X EM UM HOSPITAL TERCIARIO EM SAO PAULO, BRASIL

Fabiana Mascarenhas Souza Lima; Karla Di Latella Boufleur; Pablo Torres; Myrthes Anna Maragna Toledo Barros; Andrea Cohon; Jorge Kalil; Cristina Maria Kokron

Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil

A agamaglobulinemia ligada ao X (XLA) é uma doença causada pelo desenvolvimento anormal dos linfócitos B devido à mutaçoes no gene da tirosina-quinase de Bruton (BTK), resultando em uma deficiência predominantemente de anticorpos. A melhoria na expectativa de vida tem levado a um melhor conhecimento sobre a história natural da doença, permitindo um seguimento mais eficiente, resguardadas as complicaçoes na evoluçao dos pacientes.
MÉTODOS: Uma análise retrospectiva de dados clínicos e laboratoriais dos prontuários de 14 pacientes com diagnóstico de agamaglobulinemia acompanhados no hospital da Universidade de Sao Paulo, de 1984 a 2015, foi realizada. O diagnóstico foi estabelecido acordo com a história clínica de infecçoes recorrentes na infância, severa reduçao dos isotipos de imunoglobulinas séricas, e células B diminuídas ou ausentes no sangue periférico. Mutaçoes do gene BTK foram documentadas.
RESULTADOS: Todos os pacientes eram do sexo masculino, e a idade de início dos sintomas foi de 16,3 (2-48) meses. Pneumonia recorrente foi a apresentaçao clínica inicial mais prevalente (8 pacientes), seguida de sinusite recorrente (5) e otite média aguda recorrente (4). A maioria dos pacientes desenvolveram bronquiectasias. Durante o seguimento, alguns deles manifestaram candidíase oral e pulmonar, varicela, dengue, meningoencefalite, apendicite, celulite, conjuntivite crônica, uveíte e trombocitopenia. A análise laboratorial mostrou linfócitos T CD4+ reduzidos em pacientes com uveíte, altos níveis de linfócitos T CD8 + em 5 pacientes, e células NK reduzidas em 2 pacientes.
CONCLUSAO: Embora a produçao de anticorpos seja o principal defeito da fisiopatologia da doença, os pacientes com agamaglobulinemia ligada ao X devem ser pesquisados também para deficiências da imunidade inata e celular, achados presentes em nossa coorte de pacientes e que determinaram manifestaçoes clínicas e laboratoriais atípicas.



 

TL016 - ANALISE RETROSPECTIVA DE 31 PACIENTES ADULTOS COM DEFICIENCIA SELETIVA DE IGM

Pablo Torres; Fabiana Mascarenhas Souza Lima; Karla Di Latella Boufleur; Octavio Grecco; Jorge Kalil; Myrthes Anna Maragna Toledo Barros; Cristina Maria Kokron

Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVOS: A deficiência seletiva de IgM (SIgMD) é uma disgamaglobulinemia com mecanismo desconhecido, caraterizado por valores diminuídos de IgM sérica (< 2 DS para idade). A prevalência é de 0.03-1% em estudos limitados e 0.1%-3.8% em pacientes hospitalizados. Estes pacientes podem apresentar várias caraterísticas clínicas como infeçoes recorrentes, atopia, autoimunidade e malignidade. O objetivo deste estudo é caracterizar os pacientes com SIgMD do ambulatório de imunodeficiências primarias do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo.
MÉTODOS: Através de uma revisao retrospectiva, foram avaliadas caraterísticas clínicas e imunológicas de pacientes adultos com o diagnóstico de SIgMD, com valores séricos de IgM < 40 mg/dl. Foram excluídas causas secundárias de hipogammaglobulinemia. Caraterísticas imunológicas, sintomas, diagnóstico, idade e sexo foram revisados.
RESULTADOS: Foram avaliados 31 pacientes com SIgMD acompanhados nos últimos 10 anos, sendo 13 mulheres e 18 homens. A média de idade foi 54.12 anos, destes, 19 pacientes tinham > 50 anos. O valor médio de IgM sérica foi 24.8 mg/dl, 6 pacientes apresentaram valores < 20 mg/dl e 25 pacientes > 20 mg/dl. Foram descritos em ordem de frequência: infecçoes recorrentes (67.73%), atopia (45.16%), sintomas gastrointestinais (25.8%), autoimunidade (19.35%) e malignidade (16.12%).
CONCLUSOES: De acordo a literatura, os pacientes com deficiência de IgM apresentam um grupo heterogêneo de manifestaçoes clínicas, com mecanismo desconhecido. O papel desta deficiência permanece incerto, o que desperta maior interesse em entender seu papel como imunodeficiência.



 

TL017 - DIMINUIÇAO TRANSITORIA DA FAGOCITOSE POR NEUTROFILOS DURANTE EXPOSIÇAO A PRODUTOS QUIMICOS - RELATO DE CASO

Sylvia Thomaz Leoncio1; Luiz Fernando Bacarini Leite2; Paula Bauer Litovchenco1; Franciane Bruschi Almonfrey1; Wilma Carvalho Neves Forte1

(1) Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Sao Paulo e Setor de Alergia e Imunodeficiências, Sao Paulo, SP, Brasil
(2) Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVO: Relatar caso de paciente com abscessos de repetiçao e diminuiçao da etapa de ingestao da fagocitose por leucócitos polimorfonucleares neutrofílicos (PMN) durante exposiçao a etanol, gasolina e diesel.
MÉTODOS: Acompanhamento e revisao do prontuário estabelecendo relaçao temporal entre exposiçao ambiental a produtos químicos e abscessos. Avaliaçao da quimiotaxia e das etapas de ingestao (células com 3 ou mais vacúolos fagocíticos) e digestao (NBT) da fagocitose por PMN.
RELATO: Paciente de 49 anos, gênero masculino, acompanhado no ambulatório de Alergia e Imunodeficiências com abscessos de repetiçao desde os 22 anos. O primeiro abscesso surgiu em membro inferior, seguido de inúmeros outros na regiao ilíaca e lombar. Foi submetido a aproximadamente 15 drenagens cirúrgicas, sendo outros abscessos drenados em casa, pelo próprio paciente. Foi mecânico em uma oficina dos 13 aos 36 anos, mantendo trabalhos frequentes na mesma área nos anos seguintes. Tinha contato direto com etanol, gasolina e diesel, inclusive ingerindo, pela falta de equipamentos apropriados para retirada de combustível. A investigaçao imunológica mostrou valores diminuídos para a etapa de ingestao da fagocitose por PMN, em coletas repetidas, com demais exames normais. No primeiro episódio de abscesso já exercia a profissao há sete anos, e estes se tornaram cada vez mais frequentes: no início uma vez por ano e, após 15 anos, mais de uma vez por mês. Após se aposentar, nao mais apresentou abscessos, coincidindo com a normalizaçao da etapa de ingestao por neutrófilos, mantendo tais resultados normais nos últimos quatro anos.
CONCLUSAO: Os dados do relato mostraram diminuiçao da etapa de ingestao da fagocitose por PMN durante exposiçao ambiental contínua a etanol, gasolina e diesel. Cessada a exposiçao, paciente nao mais apresentou abscessos e a atividade de neutrófilos tornou-se normal. Até o momento, há poucos trabalhos na literatura sobre estudos imunológicos e etanol, gasolina e diesel.



 

TL018 - MENINGITES MENINGOCOCICAS ASSOCIADAS A DEFICIENCIA DO COMPONENTE C5 DO COMPLEMENTO EM CINCO MEMBROS DE UMA FAMILIA

Wilma Carvalho Neves Forte1; Tainá Mosca1; Vitor Augusto Petrili Mazon1; Elias Jean Eid Ghosn1; Raphael José Pilhares Fins1; Carlos Alberto Longui1; Maria da Conceiçao Santos de Menezes2

(1) Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil
(2) Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVO: O presente estudo teve como objetivo quantificar o sistema complemento de paciente com infecçao meningocócica grave e de seus familiares.
MÉTODOS: A partir de uma paciente índice foram selecionados 22 familiares (irmaos, pais, primos e tios). Foram quantificados a via clássica do complemento total por CH50 (50% de hemólise) e os componentes C3, C4 e C5 por imunodifusao radial. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituiçao, sob o protocolo 20710.
RESULTADOS: A paciente aos 11 anos apresentava história de infecçoes meningocócicas graves, com internaçoes em UTI, sequelas de perda de hálux e de queloides nos locais de infecçoes de pele. Entre as 23 amostras analisadas, 5 apresentaram CH50 zero e C5 abaixo de 22,2 mg/L. Entre estes 5 familiares, 2 haviam tido infecçoes meningocócicas: a paciente índice e a prima. O irmao apresentou meningite meningocócica após o diagnóstico da IDP, quando recebeu plasma fresco, apresentando ótima evoluçao. Os exames iniciais da paciente índice foram dirigidos para a avaliaçao do complemento e de imunoglobulinas séricas, as quais foram normais, enquanto CH50 apresentou valor zero em três amostras colhidas e normalidade de C3 e C4 séricos, quando foi feita a quantificaçao de C5.
CONCLUSOES: Concluímos que a paciente com história de infecçao meningocócica grave apresentou deficiência do componente C5 do complemento, assim como quatro de seus familiares. Acreditamos ser necessária avaliaçao do sistema complemento em portadores de infecçoes meningocócicas e em familiares próximos para identificar e orientar pacientes de risco. Para a defesa imunológica contra Neisseria meningitidis há necessidade que o sistema complemento esteja íntegro e em perfeita funcionalidade. A formaçao do complexo de ataque à membrana (MAC), constituído pelos componentes terminais C5b6789, leva à alteraçao funcional dos fosfolipídios da membrana, levando à entrada de água na célula a ser destruída, resultando em intumescimento e lise bacteriana.



 

TL019 - DIFICULDADES NO DIAGNOSTICO E TRATAMENTO DOS PACIENTES COM ANAFILAXIA A VESPAS: REATIVIDADE CRUZADA GENUINA OU VIA CCDS?

Karine Marafigo de Amicis1; Alexandra Sayuri Watanabe2; Daniele Danella Figo1; José Roberto Aparecido dos Santos Pinto3; Fabio Morato Castro2; Gabriele Gadermaier4; Keity Santos1

(1) Faculdade de Medicina da USP FMUSP - Lim60, Sao Paulo, SP, Brasil
(2) Hospital das Clínicas da Universidade de Sao Paulo - HCFMUSP, Sao Paulo, SP, Brasil
(3) Universidade Estadual Paulista UNESP, Rio Claro, SP, Brasil
(4) University of Salzburg, Salzburg, Austria

OBJETIVO: Investigar dupla sensibilizaçao por diferentes vespas e/ou reatividade cruzada via proteínas homólogas ou CCDs (cross-reactive carbohydrate determinants) para auxílio ao diagnóstico e imunoterapia de pacientes com alergia a vespas.
MÉTODOS: Dez pacientes com história clínica de anafilaxia a vespas foram incluídos após anamnese. Destes, 8 foram submetidos a prick test (SPT) e intradérmico (ID) com veneno de Polistes e para todos foi realizado ImmunoCAPr (i4) para Polistes. Para visualizaçao das bandas proteicas IgE-reativas foi realizado WB 1D. A presença de IgE contra CCDs foi investigada por ImmunoCAPr para bromelina MUXF3 (o214) e ELISA com extrato de bromelina e HRP. Foram utilizados venenos comercial de Polistes sp. e de Polybia paulista produzido por nosso grupo.
RESULTADOS: Os pacientes apresentaram desde urticária, angioedema, diarreia até perda de consciência. O SPT foi negativo para todos os pacientes e a alergia foi confirmada pelo teste intradérmico em todos os casos realizados. O ImmunoCAPr para Polistes foi positivo para 9/10 pacientes sendo que o paciente negativo foi positivo no ID. Todos os pacientes foram duplo positivos no WB nao havendo um padrao de reconhecimento de bandas comum entre os pacientes. Dois pacientes foram positivos no ImmunoCAP para CCD mas no ELISA foram detectados mais dois pacientes positivos que provavelmente reagem com outros epítopos de CCDs presentes nos extratos de bromelina e HRP. Logo, 4 pacientes apresentaram IgE para CCDs e 6 pacientes nao.
CONCLUSAO: Os pacientes que nao possuem IgE para CCDs podem apresentar dupla sensibilizaçao aos venenos e naqueles que possuem IgE para CCDs pode tratar-se de real dupla positividade ou reatividade cruzada via CCD, que geralmente nao tem relevância clínica. Testes de inibiçao com CCD elucidarao essa dúvida. A disponibilizaçao de um extrato de veneno de Polybia seria fundamental para o teste cutâneo a fim de confirmar o diagnóstico e fazer a IT específica quando indicada.



 

TL020 - VALIDAÇAO DE MÉTODO IMUNOQUIMICO PARA CONTROLE DE POTENCIA DE EXTRATOS ALERGENICOS DE POLENS DE GRAMINEAS TROPICAIS NO BRASIL

Victor do Espírito Santo Cunha; Tielli Magnus; Ruppert L. Hahnstadt

FDA Allergenic, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

OBJETIVO: Validar método ELISA de Competiçao utilizado para controle de potência dos extratos alergênicos (EA) de polens de gramíneas tropicais no Brasil. A potência de um eA é o resultado do somatório da atividade biológica de cada alérgeno presente no extrato. O controle de potência lote a lote possibilita um diagnóstico confiável e um tratamento com vacinas alergênicas seguro e eficaz.
MÉTODOS: Para validaçao, foram contemplados os parâmetros especificidade (1), linearidade (2), precisao (3) e robustez (4). Para o item 1 foram testados dois lotes de EA de Lolium multiflorum, um de epitélio de gato e controle negativo (tampao de diluiçao de amostra - TDA). Para o item 2, foi testado um lote de EA de L. multiflorum em três diluiçoes (1:12, 1:35 e 1:105). Para o item 3 foram realizadas seis placas idênticas e consecutivas, cada uma contendo três lotes de L. multiflorum (ET1; ET2; ET3). Para o item 4 foram realizadas sete leituras de uma mesma placa, com intervalos de 4 minutos, totalizando 28 minutos.
RESULTADOS: os resultados positivos encontrados nos dois extratos de L. multiflorum associado ao resultado negativo do TDA e do EA de epitélio de gato demonstram a especificidade (1) do método. O coeficiente de correlaçao (R2 = 0,96) obtido no item 2 demonstrou a linearidade do método. Os coeficientes de variaçao (CV) obtidos das placas para avaliaçao da precisao (3) foram 9,5% (ET1), 6,2% (ET2) e 8,3% (ET3), portanto, ficaram abaixo dos 10%, demonstrando que o método apresenta precisao satisfatória. Os CVs obtidos das leituras da placa para avaliaçao da robustez (4) foram 0,8% (ET1), 0,46% (ET2) e 1,17% (ET3), indicando que um tempo de até 28 minutos após a paralisaçao das reaçoes nao interfere nos resultados.
CONCLUSAO: o método utilizado pela FDA Allergenic para avaliaçao de potência é apropriado para controlar novos lotes de EA de polens utilizados para diagnóstico e imunoterapia alergênica.



 

TL021 - ALERGIA AO POLEN DO CAJUEIRO (ANACARDIUM OCCIDENTALE L.) EM FORTALEZA

Daniele Danella Figo1; Karine Marafigo de Amicis1; Denise Neiva Santos de Aquino2; Fabio Morato Castro3; Jorge Kalil4; Fabiane Pomiencinsky2; Keity Santos1

(1) Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo - FMUSP - Alergia e Imunopatologia - Lim 60, Sao Paulo, SP, Brasil
(2) Universidade de Fortaleza, Fortaleza, CE, Brasil
(3) Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Sao Paulo - Divisao de Alergia, Sao Paulo, SP, Brasil
(4) Instituto do Coraçao da Universidade de Sao Paulo - Lim 19, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVOS: Produzir um extrato de pólen do cajueiro para utilizaçao in vitro e utilizá-lo para confirmar a sensibilizaçao de pacientes com manifestaçoes alérgicas exacerbadas na época de floraçao do cajueiro.
MÉTODOS: Com base na história clínica, foram selecionados 19 pacientes do Ambulatório de Alergia da Universidade de Fortaleza com rinite alérgica e piora dos sintomas na época de floraçao do cajueiro. O soro desses pacientes foi testado por ELISA com o extrato produzido utilizando extraçao fenólica e precipitaçao por acetato de amônio em metanol. Os soros que apresentaram resultados positivos no ELISA foram selecionados para realizaçao de Western Blotting (WB) 1D individuais e o pool destes soros foi utilizado em um WB 2D. Os spots reconhecidos pelas IgE-específicas dos pacientes serao submetidos a uma abordagem proteômica para identificaçao das proteínas alergênicas por espectrometria de massas.
RESULTADOS: Dos pacientes testados, 12 foram positivos no ELISA. Destes, 60% residem próximo a cajueiros, 65% tem rinite, 60% conjuntivite e apenas um relatou dermatite. O WB 1D revelou diferentes bandas proteicas sendo reconhecidas por cada paciente nao havendo um padrao de reconhecimento. O WB 2D revelou 28 spots IgE-específicos entre 22 e 75kDa e ponto isoelétrico entre 4 e 10. Os spots selecionados foram excisados do gel 2D e digeridos para posterior identificaçao por espectrometria de massas.
CONCLUSOES: Trata-se da primeira descriçao de alergia ao pólen do cajueiro mostrando a reatividade IgE específica de pacientes com manifestaçoes alérgicas que apresentam piora do quadro durante o período de floraçao. Os resultados mostraram que existem várias proteínas IgE-específicas sendo reconhecidas que serao identificadas. A caracterizaçao imunológica e estrutural de novos alérgenos, além de auxiliar no diagnóstico e tratamento de alergias nao descritas oferece ferramentas para prediçao de epítopos e produçao de moléculas hipoalergênicas no futuro.



 

TL022 - REATIVIDADE CLINICA E LABORATORIAL ENTRE CRUSTACEOS E TROPOMIOSINA DO CAMARAO

Fabiane Pomiencinsky1; Bárbara Matos Almeida Queiroz1; Flavia Timbó Albuquerque1; Maria Beatriz da Silva Cavadas1; Lia Maria Bastos Peixoto Leitao1; Leilah de Alencar Medeiros Neta1; Ariana Campos Yang2

(1) UNIFOR, Fortaleza, CE, Brasil
(2) HCFMUSP, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVOS: O objetivo deste trabalho é comparar resultados de ImmunoCAP de pacientes alérgicos apenas a camarao e pacientes alérgicos apenas a caranguejo para avaliar reatividade cruzada.
METODOLOGIA: Foram considerados alérgicos a camarao pacientes com história de reaçao tipo I imediata e que já comeram caranguejo após este episódio sem reaçoes, e foram considerados alérgicos a caranguejo os pacientes com história típica de reaçao tipo I que já ingeriu camarao após sem reaçoes. Foram avaliados os resultados de ImmunoCAP para os crustáceos e a tropomiosina do camarao.
RESULTADOS: De um total de 52 pacientes alérgicos a crustáceos, escolhemos os que eram alérgicos apenas a camarao e apenas a caranguejo (N=15). Dos pacientes que tinham história de alergia a camarao, 6 (75%) tinham ImmunoCAP positivo para camarao, e 1 (20%) ImmunoCAP positivo para tropomiosina de camarao. E, dos paciente alérgicos a caranguejo, 7 (100%) tinham ImmunoCAP positivo para caranguejo, e 3 (42,8%) tinha ImmunoCAP para tropomiosina positivo. Dos alérgicos a camarao, 6 (75%) tinham Prick positivo para ácaros, 7 (87,5%) apresentaram sintomas de rinite alérgica e, desses, apenas um paciente tinha Tropomiosina do camarao positiva.
CONCLUSAO: Segundo o trabalho de Yang et al, que utilizou o padrao ouro para diagnóstico que é o Teste de Provocaçao Oral, a especificidade do ImmunoCAP para tropomiosina do camarao (92,8%) foi maior que o que o ImmunoCAP para camarao (75%) e que o prick test (64,2%). Porém em nosso estudo, a maioria dos pacientes tinham ImmunoCAP para o crustáceo referido na história mas nao tinha Tropomiosina positiva. Assim, suspeitamos que no Nordeste do Brasil, os pacientes estejam sensibilizados a outras proteinas diferentes da Tropomiosina.



 

TL023 - INFLUENCIA DA IGE ANTI-ASCARIS SOBRE A POSITIVIDADE DO TESTE CUTANEO DE HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA EM CRIANÇAS DA REGIAO METROPOLITANA DE RECIFE, BRASIL

Wheverton Correia Nascimento1; Victor Torres Teodosio1; Cássia Oliveira Nóbrega1; Décio Medeiros Peixoto2; Constança Simoes Barbosa3; Valdenia Oliveira Souza1

(1) Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami UFPE, Recife, PE, Brasil
(2) Centro de Pesquisas em Alergia e Imunologia Clínica HC-UFPE, Recife, PE, Brasil
(3) Centro de Pesquisas Aggeu Magalhaes (CPQAM) FIOCRUZ, Recife, PE, Brasil

OBJETIVO: Avaliar a influência da IgE anti-Ascaris (IgE-Asc) e a infecçao por geohelmintos sobre a positividade para o teste cutâneo em crianças de 2 a 14 anos e asma alérgica na regiao metropolitana de Recife, Pernambuco.
MÉTODOS: Realizou-se um estudo transversal com aplicaçao do questionário ISAAC e parasitológico de fezes através dos métodos de Kato-Katz e Hoffman, Pons e Janer. O teste cutâneo foi realizado com os extratos de Dermatophagoides pteronyssinus, Blomia tropicalis, Blatella germânica, Periplaneta americana. A resposta afirmativa para as questoes 2 e 6 do ISAAC foi utilizada para categorizaçao em asmáticos e nao asmáticos. Coletou-se amostra de sangue para mensuraçao de IgE-Asc, eosinófilos e IL-4, IL-10 e INF-gama.
RESULTADOS: Realizou-se exame parasitológico e aplicaçao do ISAAC em 368 indivíduos, sendo 76 (20,7%) classificados como asmáticos e 292 (79,3%) como nao asmáticos. Dentre os asmáticos, 48 realizaram coleta de sangue e foram submetidos ao teste cutâneo, sendo 38 (79,2%) nao infectados e 10 (20,8%) infectados com geohelmintos (Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura e Ancylostomideos). A dosagem da IgE-Asc dividiu os pacientes negativos em 21 (43,75%) IgE-Asc negativos e 17 (35,42%) IgE-Asc positivos (> 0,35kU/L). A presença da IgE-Asc demonstrou Odds Ration de 14,4 (IC 95%=2,88-71,81) para a positividade ao teste cutâneo. A média de eosinófilos foi maior no grupo com IgE anti-Asc positiva - 1102 (Desvio Padrao=774.9), com diferença significativa em relaçao ao controle, mas nao ao grupo de infectados. Os níveis de IL-10 e IFN-gama foram maiores no grupo IgE-Asc positivo, mas sem diferença significativa em relaçao aos outros grupos. A IL-4 foi detectada apenas nos pacientes parasitados com média de 8,7ng/mL (Dp 3,4).
CONCLUSAO: Conclui-se que a presença da IgE-Asc aumentou o risco para a positividade do teste cutâneo em crianças asmáticas. Nao se observou evidências de envolvimento das IL-4, IL-10 e IFN-gama.



 

TL024 - AVALIAÇAO DO PATCH TEST DE ALIMENTOS E AEROALÉRGENOS NOS PACIENTES PORTADORES DE DERMATITE ATOPICA DO HOSPITAL DO SERVIDOR PUBLICO ESTADUAL DE SAO PAULO

Ana Julia Ribeiro Teixeira; Carolina Zotelle de Almeida; Karla Michely Inacio de Carvalho; Luciana Kase Tanno; Veridiana Aun Rufino Pereira; Joao Ferreira de Mello; Wilson Carlos Tartuce Aun

IAMSPE, Sao Paulo, SP, Brasil

A dermatite atópica é uma doença que afeta muitas pessoas, com queda na qualidade de vida de pacientes e familiares. A Alergia Alimentar está presente em 1/3 dos pacientes com Dermatite Atópica. A indicaçao do patch test na dermatite atópica baseia-se na fisiopatologia da doença,foram observado que as células apresentadoras de antígenos tem em sua superfície receptores de alta afinidade pra IGE que facilitam a captura e internalizaçao dos alergénos através da pele.
OBJETIVOS: Avaliar a sensibilizaçao através do patch test para alimentos e aeroalérgenos em pacientes com dermatite atópica.
METODOS: Foram incluídos pacientes portadores de dermatite atópica moderada/grave com idade entre 5 e 60 anos. Os pacientes foram submetidos à dosagem de IgE total,específica,teste cutâneos de leitura imediata e teste de contato atópico com alimentos frescos e extratos do prick test para alimentos e aeroalérgenos. Aplicamos o teste em pacientes sadios usando os mesmos como controle.
RESULTADOS: Foram realizados patch test em 29 pacientes e 9 controles, com média de idade 12 anos, 65,3% dos pacientes eram do sexo feminino,sendo que 37% dos pacientes apresentaram resultados positivos. Dentre os pacientes quase 50% apresentaram positividade na leitura de 48 horas, e 37% na leitura de 96 horas. Todos os pacientes apresentavam IgE específicos e prick test para aeroalérgenos positivos, desses somente 25,9% apresentaram patch test positivo, além disso 19% dos pacientes apresentavam IgE específica para alimentos positivo, sendo que nenhum desses pacientes apresentou patch test positivo para alimentos, e 18,5% do total de pacientes apresentaram patch positivo para alimentos.
CONCLUSAO: Considerando o resultado de patch test, mais de 1/3 dos pacientes apresentou positividade para algum alimento ou aeroalérgenos,o que aumenta a possibilidade de diagnostico da alergia alimentar e reaçao tardia a aeroalérgenos. Haverá ainda continuidade do trabalho para ver a relevência clínica dos resultados.



 

TL025 - ALTERAÇOES IMUNOLOGICAS QUE OCORREM DURANTE A IMUNOTERAPIA ORAL PARA LEITE DE VACA (LV)

José Luiz Rios1; Alfredo Alves Neto1; Fabio Chigres Kuschnir2; Marilucia Alves da Venda1; Flavia Carvalho Loyola1; Cristiane Akemi Iraha1; Joao Bosco Magalhaes Rios1

(1) Policlínica Geral do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
(2) Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

OBJETIVOS: O manejo da Alergia às Proteínas do Leite de Vaca (APLV) vem sofrendo uma mudança de paradigma com o surgimento dos protocolos de Induçao de Tolerância Oral (OIT). Pacientes com anafilaxia apresentam níveis elevados e persistentes de IgE específica para as proteínas do LV. O objetivo dessa pesquisa foi acompanhar a evoluçao desses parâmetros e dos níveis séricos de IgG4 total durante diferentes fases da OIT para LV.
MÉTODOS: Série de casos envolvendo 30 crianças (> 4 anos) e adolescentes com anafilaxia ao LV. Os níveis de IgE específica para as principais proteínas do LV e de IgG4 total foram avaliados em 3 etapas: antes da 1a sessao de tratamento (Etapa 1); quando o paciente atingia a concentraçao 1:1 de LV (Etapa 2); e ao final da induçao, quando o paciente ingeria 150 mL de leite in natura (Etapa 3). As diferenças entre os níveis de IgE específica e IgG4 foram analisadas pelo teste t de Student pareado. O nível de significância adotado foi < 0,05.
RESULTADOS: A idade média foi de 8,9 anos (min: 4, max: 20), 14 eram do sexo feminino. Na Etapa 1 as médias de IgE específica para LV, caseína, α-albumina e β-lactoglobulina foram respectivamente: 57,05 kU/L (Min:9,0 - Max: >100,0); 48,54 KU/L (Min:7,0 - Max: >100); 27,10 KU/L (Min:1,0 - Max: >100) e 16,48 KU/L (Min:2,3 - Max: 86,7). A média de IgG4 foi 141,76 KU/L (Min:6,25-Max: 966,0).Na Etapa-3, esses valores foram respectivamente: 32,12 KU/L (Min:0,32,12-Max: >100); 24,05 KU/L (Min:0,10 - Max: 77,3); 21,01 KU/L (Min:0,10 - Max: >100) e 11,08 KU/L (Min:0,10 -Max: 46,5). Nesta etapa a média de IgG4 foi 234,87 KU/L (Min:0,10 -Max: 1020,0). As diferenças entre as médias de IgE específica e de IgG4 entre as Etapas 1 e 3 alcançaram significância estatística para LV (p < 0,001), caseína (p < 0,001) e β-lacto albumina (p = 0,04); além da IgG4 (p = 0,03).
CONCLUSOES: A OIT para APLV reduziu os níveis de IgE específica para as proteínas do LV junto com o desenvolvimento de tolerância clínica para a ingesta de grandes volumes de LV. Em paralelo, observa-se aumento dos níveis séricos de IgG4 total, provavelmente traduzindo o aumento da IgG4 específica para as proteínas do leite de vaca. Este pode ser um marcador fiel e simples do sucesso da OIT para anafilaxia a leite de vaca.



 

TL026 - DETERMINAÇAO DA FREQUENCIA DE EOSINOFILIA ESOFAGIANA EM CRIANÇAS SUBMETIDAS A ENDOSCOPIA DIGESTIVA EM UM SERVIÇO TERCIARIO

Daniel Strozzi1; Marília Adriano Mekdessi1; Marco Aurélio Silveira Botacin1; Pedro Henrique de Paula Silva2; Lysa Bernardes Minasi1; Gesmar Rodrigues Silva Segundo1; Aparecido Divino da Cruz1

(1) PUC Goiás, Goiânia, GO, Brasil
(2) James Cook University, Townsville, Australia, Townsville City, Australia

OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi de avaliar a frequência da eosinofilia esofágica em pacientes pediátricos, que foram submetidos à endoscopia digestiva alta em um serviço terciário na regiao central do Brasil.
MÉTODOS: foram examinados prontuários médico de 2.425 pacientes submetidos à endoscopia digestiva alta com biópsia. Para inclusao destes pacientes foram consideradas biopsias > 15 eosinófilos CGA. Posteriormente foram calculadas a prevalência e incidência da eosinofilia esofágica nesta populaçao pediátrica. A frequência da eosinofilia esofágica foi entao comparada com as variáveis demográficas e os diagnósticos endoscópicos. Adicionalmente, os casos de eosinofilia esofágica foram associados a condiçoes ambientais como a variaçao de temperatura em diferentes meses do ano.
RESULTADOS: Dos 2.425 pacientes avaliados, 126 pacientes (prevalência de 5,2%) foram diagnosticados com eosinofilia esofágica, confirmada através da análise histológica das biópsias esofágicas em pacientes que apresentaram >15 eosinófilos por campo de grande aumento. Comparando os dados demográficos, a porcentagem de pacientes do sexo masculino foi 2.5 vezes maior do que o percentual de pacientes do sexo feminino. Além disso, a análise CART mostrou uma interaçao entre todas estas variáveis, determinou o diagnóstico endoscópico como variável independente mais importante seguido pelo sexo e idade dos pacientes com esofagite eosinofílica. A análise CART mostrou também que a maioria dos pacientes diagnosticados com esofagite eosinofílica tinham idade acima de 7 anos, do sexo masculino e com esofagite erosiva. Em contraste, os pacientes mais jovens, do sexo feminino com esofagite nao erosiva ou esôfago normal apresentaram o menor percentual de pacientes diagnosticados com esofagite eosinofílica. Concluindo, este estudo confirma que eosinofilia esofágica é uma condiçao frequente em uma populaçao pediátrica na regiao central do Brasil, que apresentou sintomas associados a doenças gastroesofágicas.



 

TL027 - PERFIL CLINICO E IMUNOLOGICO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES SUBMETIDOS A INDUÇAO DE TOLERANCIA ORAL (OIT) PARA LEITE DE VACA (LV)

Alfredo Alves Neto1; José Luiz Rios1; Fabio Chigres Kuschnir2; Marilucia Alves da Venda1; Flavia Carvalho Loyola1; Bruno Delbona Couto1; Joao Bosco Magalhaes Rios1

(1) Policlínica Geral do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
(2) Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

OBJETIVOS: Formas graves de Alergia às Proteínas do Leite de Vaca (APLV) têm ensejado novas formas de abordagem e manejo clínico, dentre elas o surgimento de protocolos de Induçao de Tolerância Oral (OIT). Pacientes com anafilaxia apresentam níveis elevados e persistentes de IgE específica para as proteínas do LV. O objetivo dessa pesquisa foi descrever as características clínicas e imunológicas dos pacientes com APLV que se submeteram a OIT, para traçar um perfil desses pacientes.
MÉTODOS: Série de casos envolvendo 30 crianças e adolescentes com anafilaxia ao LV. Foram estudados suas características sócio-demográficas, perfil das manifestaçoes clínicas e os dados imunológicos.
RESULTADOS: A idade média foi de 8,9 anos (min: 4, max: 20), 14 eram do sexo feminino. Os primeiros sintomas foram antes de 1 ano de idade em 96,6% da amostra e em 43,3% antes dos 6 meses.Urticária foi a manifestaçao mais frequente na 1a exposiçao ao LV (63,3%), alguns evoluindo para anafilaxia, que foi o evento inicial em 26,7% dos casos. Mais de 1/3 dos pacientes reagiram ao contato com quantidades mínimas de LV, quase a metade na forma crua (46,7%). Em 86,7% da amostra os sintomas apareceram em menos de 1 hora. Até o início do tratamento 63,3% dos pacientes tinha apresentado 1 a 5 episódios de anafilaxia, e 36,7% mais de 5. Os níveis de IgE específica estavam elevados em todos os pacientes. A média de IgE específica para LV: 57,05 KU/L e a mediana 54,5 (9.0 ->100 KU/L), para caseína a média foi 48,5 KU/L e a mediana 30,1 KU/L (7,0 - >100). Para α-lacto albumina e β-lactoglobulina, foram respectivamente 27,10 KU/L (1,0- >100 KU/L) e 16,48 KU/L (2,3 - 86,7 KU/L).
CONCLUSAO: As formas graves de APLV iniciam-se precocemente (1º ano de vida) e podem persistir até a adolescência. A maifestaçao inicial mais frequente é urticária, que aparece menos de 1 hora após a ingestao de pequenas quantidades de leite. Os níveis de IgE específica para as Proteínas do LV sao muito altos, especialmente a caseína.



 

TL028 - ANALISE DOS PACIENTES COM ALERGIA A PROTEINA DO LEITE DE VACA EM AMBULATORIO DE ALERGIA DE UM HOSPITAL TERCIARIO

Tatianna Leite Saraiva; Daniele de Sena Brisotto; Estela Berti Risso; Karla Michely Inacio de Carvalho; Fatima Rodrigues Fernandes; Wilson Carlos Tartuce Aun; Joao Ferreira de Mello

HSPE, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVOS: Avaliar o perfil clínico e epidemiológico dos pacientes com história sugestiva de Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) atendidos no Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital do Servidor Público Estadual de Sao Paulo.
MÉTODOS: Estudo prospectivo de pacientes com história clínica sugestiva de APLV, incluindo realizaçao de testes cutâneos e/ou dosagem de IgE específica sérica e/ou de provocaçao oral, de acordo com o quadro clínico de cada paciente. Os dados foram obtidos através do preenchimento de um questionário estruturado e acompanhamento dos pacientes.
RESULTADOS: Foram incluídos 45 pacientes com história sugestiva de APLV. Destes 25 (55%), eram do sexo masculino. Analisando por faixa etária encontramos 19 (42%) entre 0 a 2 anos, 12 (26%) de 2 a 6 anos, 6 (13%) de 7 a 10 anos, 3 (6%) de 10 a 18 anos e 5 (11%) acima de 18 anos. 11% (5) dos que apresentaram sintomas eram lactentes em aleitamento materno exclusivo e 82% (37) tiveram sintomas claramente relacionados à ingestao de leite de vaca. Os sintomas mais frequentes foram os cutâneos: angioedema, urticária, rash e prurido, ocorrendo em 53% dos pacientes. As queixas do aparelho gastrointestinal e respiratório tiveram a mesma frequência de 28%. Quatro pacientes manifestaram anafilaxia, todos na faixa etária pediátrica. Em 16 pacientes o leite de vaca foi substituído pela fórmula de soja, e nestes, 11 tiveram remissao dos sintomas. Entretanto, em 5 nao houve resposta satisfatória e foram introduzidas fórmulas hidrolisadas com boa evoluçao.
CONCLUSAO: Nesta casuística, observamos que a maioria dos pacientes é lactente e apresenta reaçoes do tipo IgE mediadas. Destacamos que um número considerável de pacientes (5/45), apresentou sensibilizaçao ao leite durante o uso de aleitamento materno exclusivo, dificultando a suspeita clínica. Encontramos uma frequência relevante de casos graves de anafilaxia.



 

TL029 - AVALIAÇAO DO PERFIL EPIDEMIOLOGICO, CLINICO E LABORATORIAL DOS PACIENTES COM ALERGIA ALIMENTAR SUBMETIDOS AO TESTE DE PROVOCAÇAO ORAL EM SERVIÇO TERCIARIO DO CEARA

Janaira Fernandes Ferreira1; Patricia Barros Nunes2; Gislane Sousa Juliao2; Aron Castro Aguiar1; Lucile Beserra Sena1; Renan Ferreira Melo1; Mayara Verissimo Vasconcelos1

(1) UECE, Fortaleza, CE, Brasil
(2) Hospital Infantil Albert Sabin, Fortaleza, CE, Brasil

OBJETIVOS: Traçar o perfil epidemiológico dos pacientes acompanhados por alergia alimentar (AA) submetidos ao teste de provocaçao oral (TPO) acompanhados no ambulatório de alergologia do Hospital Infantil Albert Sabin (HIAS).
METODOLOGIA: Estudo descritivo retrospectivo baseado na análise de prontuários médicos de pacientes que realizaram o TPO de janeiro de 2014 a janeiro de 2015 no ambulatório referido.
RESULTADOS: Foram analisados 90 prontuários, entretanto apenas 56 prontuários foram utilizados na análise. Dos 56 prontuários, 27 eram feminino e 29 masculino. A maioria era procedente de Fortaleza, 46 (82,1%). A idade de início dos sintomas variou de 3 dias de vida a 1 ano e a média foi de 4,4 meses. A idade do início do acompanhamento no HIAS variou de 15 dias de vida a 14 anos, a média foi de 18 meses. A idade em que foi realizado o TPO variou de 9 meses a 14 anos, média aos 3,3 anos. Os alimentos envolvidos foram leite de vaca, 54 (96%), ovo, 8 (14%) e soja, 6 (10%). Das reaçoes alérgicas relatadas, a manifestaçao cutânea foi a mais prevalente, 51 (91%). A rinite alérgica foi a principal comorbidade, encontrada em 14pacientes (25%), seguida pela asma, 8 (14%) e dermatite atópica, 6 (10%). Dos pacientes submetidos ao TPO, 35 (62,5%) apresentaram tolerância ao alimento. O tempo entre o início dos sintomas e a tolerância ao alimento após realizaçao do TPO variou de 1 a 14 anos, a média foi de 3,3 anos.
CONCLUSAO: Os dados encontrados condizem com outros estudos realizados. Há demora para chegada dos pacientes com AA nos serviços públicos, o leite é o principal alérgeno na infância, o TPO em geral é realizado mais tardiamente. Embora o TPO ainda nao faça parte do rol de procedimentos diagnósticos para A.A utilizados rotineiramente pelos sistemas de saúde público e privado, é um procedimento extremamente importante, tanto para confirmaçao do diagnóstica quanto da aquisiçao de tolerância.



 

TL030 - ESOFAGITE EOSINOFILICA: REVISAO DOS CASOS ACOMPANHADOS NO SERVIÇO DE IMUNOLOGIA CLINICA E ALERGIA DO HOSPITAL DAS CLINICAS DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO

Nathalia Siqueira Robert de Castro; Rosilane dos Reis Pacheco; Mayra Coutinho Andrade; Jorge Kalil; Ariana Campos Yang

Serviço de Imunologia Clínica e Alergia do Hospital das Clínicas da Universidade de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil

A Esofagite eosinofílica (EE) é uma doença inflamatória crônica, na qual ocorre infiltraçao de eosinófilos na mucosa esofágica. Tem patogênese indefinida. Há importante associaçao com doenças alérgicas. Os sintomas principais sao disfagia e impactaçao alimentar. O diagnóstico é estabelecido através de endoscopia digestiva alta (EDA) e análise histológica da mucosa do esôfago. O tratamento mais eficaz tem sido a corticoterapia tópica esofágica. Em pacientes com alergia à proteína do leite de vaca (APLV), é necessário o diagnóstico prévio da condiçao para a tentativa de dessensibilizaçao.
OBJETIVOS: Levantamento de dados dos pacientes acompanhados, comparando com a literatura.
MÉTODO: Análise dos prontuários e dos exames laboratoriais dos pacientes com EE em seguimento no serviço.
RESULTADOS: Dos 40 pacientes analisados, 28 sao do sexo masculino (70%). Onze (27,5%) nao apresentavam sintomas de trato gastrointestinal (TGI). Dos que tinham alguma queixa, os sintomas mais comuns foram disfagia e impactaçao alimentar. O diagnóstico realizado com EDA mostrou um caso de estenose (2,5%), 4 de estrias longitudinais (10%), 4 de abscessos eosinofílicos (10%) e 2 de traqueizaçao esofágica (5%). Em 38 pacientes (95%) foi identificada eosinofilia em esôfago distal. Dos 11 pacientes que tiveram reversao da EE, a média de tratamento foi de 3,6 anos. Dezesseis pacientes (40%) tiveram positividade em exames de sensibilidade IgE mediados (prick e ImunnoCap) e 2 para testes de contato para alimentos. Sao 14 pacientes com APLV. Há associaçao de atopias em 30 pacientes (75%), sendo destes, 25 com asma e rinite alérgicas (83,3% dos atópicos).
CONCLUSOES: Há semelhança da prevalência de doenças atópicas com relaçao ao descrito na literatura. A quase totalidade dos pacientes analisados apresentaram eosinofilia em esôfago distal. Um percentual alto dos pacientes analisados nao apresentava sintomas de TGI, tendo o diagnóstico durante a investigaçao prévia à dessensibilizaçao para APLV.



 

TL031 - TERAPIA DE REPOSIÇAO ENZIMATICA (TRE) EM DOENÇAS LISOSSOMICAS E PADRONIZAÇAO DO MANEJO DAS REAÇOES ASSOCIADAS AS INFUSOES (RAI)

Carolina Sanchez Aranda; Luís Felipe Chiaverini Ensina; Alex Eustáquio de Lacerda; Inês Cristina Camelo Nunes; Marcia Carvalho Malozzi; Ana Maria Martins; Dirceu Solé

UNIFESP, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVOS: Padronizar um protocolo para o diagnóstico e tratamento das reaçoes adversas relacionadas a terapia de reposiçao enzimática (TRE) nas doenças lisossômicas (DL).
MÉTODOS: Pacientes com mucopolissacaridose, doenças de Gaucher, Fabry e Pompe, em TRE, acompanhados na UNIFESP, entre 2011 e 2014, foram incluídos no estudo. Na presença de sinais compatíveis com reaçao adversa, a TRE foi interrompida e testes cutâneos foram realizados. Nos pacientes com sintomas de infecçao aguda relacionado à reaçao, e com testes cutâneos negativos, a TRE foi mantida com a mesma velocidade de infusao. No paciente sem história de infecçao e com testes negativos, a TRE foi mantida, com aumento da velocidade de infusao em duas vezes. Nos pacientes com testes cutâneos positivos, e naqueles que mantiveram reaçao com a modificaçao da velocidade de infusao, um protocolo individualizado de dessensibilizaçao rápida em 12 etapas foi proposto.
RESULTADOS: Setenta e cinco pacientes com DL receberam TRE, sendo que 12 (16%) apresentaram alguma reaçao adversa durante a infusao. Urticária foi a manifestaçao mais prevalente (40%), seguida por febre (20%), tremores (20%), tosse (13%) e anafilaxia (13%). Cinco pacientes (42%) apresentaram testes cutâneos positivos. Destes, quatro foram submetidos com sucesso à dessensibilizaçao rápida em 12 etapas.
CONCLUSOES: Poucos sao os estudos relacionados às reaçoes durante TRE nas DL. Embora os mecanismos exatos nao sejam totalmente esclarecidos, a investigaçao é fundamental para a definiçao da melhor conduta terapêutica, que permita a continuaçao do tratamento.



 

TL032 - TRATAMENTO DA SIFILIS GESTACIONAL COM PENICILINA BENZATINA EM PACIENTES COM HISTORIA DE HIPERSENSIBILIDADE A BETALACTAMICOS

Juliana Bianchini Garcia; Ana Laura Melo Teixeira Spengler; Pablo Torres; Laila Sabino Garro; Marcelo Vivolo Aun; Pedro Giavina Bianchi; Antônio Abílio Motta

Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado de Sao, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVO: O tratamento da sífilis gestacional inclui o uso da penicilina benzatina (PB) devido à biodisponibilidade para o feto e a ausência de outra opçao terapêutica. Descrevemos a abordagem de gestantes com sífilis e história de alergia a betalactâmicos (BL).
MÉTODO: Análise de prontuários de gestantes encaminhadas ao ambulatório especializado, entre janeiro de 2010 e maio de 2015, com sorologia positiva para sífilis e história de reaçao de hipersensibilidade a BL.
RESULTADOS: Avaliamos 31 gestantes, sendo que 18/31 (58%) apresentavam história sugestiva de hipersensibilidade a BL e 13/31 (42%), história duvidosa. Dentre as pacientes que apresentavam história sugestiva, 10/18 perderam o acompanhamento. As outras 8, realizaram prick test, sendo todos negativos, e, posteriormente, Teste Intradérmico, sendo 6/8 (75%) negativos e 2/8 (25%) positivos. Todas as 8 foram encaminhadas para a realizaçao de dessensibilizaçao rápida com penicilina devido à historia clínica sugestiva, independente dos resultados dos testes cutâneos, sendo que 7 já foram submetidas. Quatro concluíram o procedimento sem reaçoes e 3 apresentaram reaçoes, sendo 1 leve e 2 graves. Apenas 1 paciente interrompeu o procedimento por indicaçao obstétrica. Dentre as 13/31 que apresentavam história clínica duvidosa, 5 abandonaram seguimento e as outras 8 receberam PB sem necessidade de dessensibilizaçao e sem intercorrências ou reaçoes tardias após a alta.
CONCLUSAO: Existe um superdiagnóstico de alergia às penicilinas. Dada a indicaçao absoluta da penicilina na sífilis gestacional e a contra-indicaçao de procedimentos na gestante ser apenas relativa, a dessensibilizaçao deve ser indicada para garantir o tratamento definitivo, com riscos controlados e baixa taxa de falência.



 

TL033 - AVALIAÇAO DE PACIENTES COM HISTORIA DE REAÇOES ADVERSAS A ANTIBIOTICOS: CARACTERISTICAS EPIDEMIOLOGICAS, TESTES CUTANEOS E DE PROVOCAÇAO EM SERVIÇO ESPECIALIZADO DE ALERGIA E IMUNOLOGIA

Ulissis de Pádua Menezes; Janaína Michelle Lima Melo; Lucas Reis Brom; Clara Lima Santis; Isabela Mina; Pérsio Roxo Junior; Luísa Karla de Paula Arruda

Hospital das Clínicas da FMRP-USP, Ribeirao Preto, SP, Brasil

Reaçoes de hipersensibilidade (RH) a fármacos podem envolver mecanismos imunes com produçao de anticorpos IgE e ativaçao de linfócitos T. Antibióticos sao fármacos frequentemente implicados em RH, e o diagnóstico baseia-se na história clínica, testes cutâneos e in vitro, e testes de provocaçao oral (TPO).
OBJETIVO: Avaliar aspectos epidemiológicos, e resultados de testes cutâneos e de provocaçao para o diagnóstico e escolha de um fármaco alternativo seguro, em pacientes com história sugestiva de reaçao adversa a antibióticos.
METODOLOGIA: Estudo prospectivo de 45 pacientes (62% do sexo masculino), com história de reaçoes adversas a antibióticos, no período de outubro de 2010 a junho de 2015. Pacientes foram avaliados através de questionários e testes diagnósticos realzados de acordo com as recomendaçoes do European Network for Drug Allergy (ENDA).
RESULTADOS: Dos 45 pacientes com suspeita clínica de RH a antibióticos, antecedentes pessoais de alergia foram encontrados em 58% dos casos, e história familiar de alergia esteve presente em 46% dos pacientes. Os fármacos implicados foram: antibióticos betalactâmicos em 58 reaçoes, macrolídeos em 8, quinolona em 1, clindamicina em 1, e tetraciclina em 1 reaçao. As reaçoes mais frequentes foram: cutâneas em 81% dos casos, anafilaxia em 13% e respiratórias em 6% dos casos. As reaçoes imediatas predominaram, ocorrendo em 53,5% dos episódios. Foram realizados 88 testes cutâneos, sendo 5 testes intradérmicos positivos, e 53 TPO com 9 testes positivos. Nao ocorreram reaçoes graves aos testes de provocaçao oral.
CONCLUSOES: A presença de antecedentes de alergia foi frequente neste estudo. O diagnóstico das RH foi confirmado através de testes cutâneos e de provocaçao em apenas 30% dos casos suspeitos. O TPO mostrou ser um método seguro para o diagnóstico e eficaz na escolha de uma opçao terapêutica alternativa.



 

TL034 - USO DE OMALIZUMABE EM PACIENTES COM URTICARIA CRONICA ESPONTANEA REFRATARIA AO TRATAMENTO COM ANTI-HISTAMINICOS

Lucas Reis Brom; Phelipe dos Santos Souza; Luciana Maraldi Freire; Mariana Paes Leme Ferriani; Thais Nociti de Mendonça; Janaína Michelle Lima Melo; Luísa Karla de Paula Arruda

USP - Ribeirao Preto, Ribeirao Preto, SP, Brasil

OBJETIVO: Demonstrar eficácia e segurança do omalizumabe em pacientes com Urticária crônica espontânea refratária ao uso de anti-histamínicos (UCR).
MÉTODO: Estudo descritivo incluindo 12 pacientes com UCR, acompanhados em ambulatório especializado de Alergia e Imunologia, em uso de omalizumabe (Xolairr), indicado por falha de controle dos sintomas apesar de dose quadruplicada de anti-histamínicos e uso de fármacos adicionais como corticosteroide oral, de acordo com consensos europeus e americano.
RESULTADOS: A média de idade dos pacientes foi de 41 anos (31 a 65 anos), sendo 11/12 (91,7%) do sexo feminino. A média de tempo do início dos sintomas foi de 5 anos e 7 meses (8 meses a 15 anos). A média de IgE total foi de 424,52 UI/mL, variando entre 2,14 UI/mL e 3.085 UI/mL. Dois dos 12 pacientes estudados (16,7%) apresentavam autoanticorpos positivos (anti-TPO e/ou teste autólogo positivo). A dose inicial de omalizumabe foi de 300 mg/mês em 8 pacientes; 150 mg/mês em 3 pacientes; e de 450 mg a cada 15 dias em uma paciente. Todos os pacientes apresentaram remissao dos sintomas em menos de seis semanas; 16,7% conseguiram fazer retirada completa das medicaçoes adicionais ao longo das aplicaçoes de omalizumabe. Houve aumento da dose de 300 mg/mês para 375 mg a cada 15 dias em uma paciente. Uma paciente descontinuou o tratamento devido a desejo de engravidar. Nenhum paciente apresentou efeitos adversos durante o tratamento, e houve um caso de abortamento em uma paciente com UCR e anafilaxia ao frio, nao relacionado a omalizumabe.
CONCLUSAO: No presente estudo, omalizumabe mostrou-se uma opçao terapêutica segura e eficaz em pacientes com UCR. O uso do omalizumabe como terapia adicional resultou em melhora acentuada da qualidade de vida dos pacientes, e em alguns casos, permitiu a retirada gradual de algumas das medicaçoes em uso, incluindo corticosteroide oral e anti-histamínicos.



 

TL035 - FARMACODERMIAS GRAVES: EXPERIENCIA DE 13 ANOS DO SERVIÇO DE ALERGIA E IMUNOLOGIA DO HOSPITAL DO SERVIDOR PUBLICO DO ESTADO DE SAO PAULO

Daniele de Sena Brisotto; Lara Pinheiro Baima; Priscila Moraes; Fatima Rodrigues Fernandes; Maria Elisa Bertocco Andrade; Wilson Carlos Tartuce Aun; Joao Ferreira de Mello

Hospital Servidor Público Estadual de Sao Paulo, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVO: Avaliar a frequência, medicamento implicado, evoluçao e tratamento das reaçoes cutâneas graves a medicamentos (RCGM).
MÉTODO: Estudo de casos de RCGM realizado nos períodos de 2002 a 2015, baseado no acompanhamento clínico durante fase de internaçao e seguimento ambulatorial neste serviço. Consideramos como RCGM a DRESS (Drug Reaction with Eosinophilia and Systemic Symptoms), Síndrome de Stevens Johnson (SSJ), Necrólise Epidérmica Tóxica (NET) e Pustulose Exantemática Aguda Generalizada (PEGA).
RESULTADOS: Estudamos 55 pacientes, com idades compreendidas entre 9 meses e 83 anos (mediana 55 anos). Esta casuística compreende 37 pacientes no período de 2002 a 2012 (3,7 pacientes/ ano) e 18 pacientes de 2012 a 2015 (6 pacientes/ano). Caracterizamos 26 casos (47,3%) de DRESS, 19 (34,5%) SSJ, 5 (9,1%) NET e 5 (9,1%) PEGA. Os medicamentos suspeitos mais implicados foram: antibióticos (20 casos; 36,3%), anticonvulsivantes (18 casos; 32,7%), anti-inflamatórios nao hormonais (16 casos; 29,1%) e alopurinol (5 casos; 9,0%). O acometimento sistêmico ocorreu em 98,1% dos pacientes, sendo o hepático o mais relevante (31 casos; 56,3%), seguido do renal (16 casos; 29%). O tempo médio de internaçao foi superior a 15 dias em 68% dos pacientes. A grande maioria recebeu corticosteroides sistêmicos (98,1%). O uso de gamaglobulina intravenosa foi indicado em 8 pacientes (14,5%), sendo estes 4 com SSJ, 3 com NET e 1 com DRESS. A mortalidade foi de 16,3% (9 pacientes), incluindo causas relacionadas às RCGM ou à doença de base.
CONCLUSAO: Os casos de DRESS e SSJ foram os mais frequentes e antibióticos e anticonvulsivantes foram os medicamentos mais implicados. O envolvimento hepático se mostrou o mais relevante. O tempo médio de internaçao foi prolongado. O aumento na frequência dos casos por ano foi atribuído à uma melhor abordagem e integraçao multidisciplinar.



 

TL036 - ESOFAGITE EOSINOFILICA (EOE) EM PEDIATRIA: DESAFIOS NA VIDA REAL

Laisa Oliveira Baptista; Briza Oliveira Botelho; Priscilla Rios Macedo; Ana Paula Beltran Moschione Castro; Cleonir de Moraes Lui Beck; Andrea Fujinami Gushken; Antonio Carlos Pastorino

USP - ICR, Sao Paulo, SP, Brasil

OBJETIVO: Descrever a evoluçao clínico, laboratorial e endoscópica de 20 pacientes, com diagnóstico de Esofagite Eosinofílica (EoE) acompanhados em ambulatório de referência de alergia alimentar.
MÉTODO: Estudo retrospectivo incluindo pacientes com sintomas clínicos e/ou achados endoscópicos de EoE, com tempo de seguimento de no mínimo 2 anos no serviço, com avaliaçao inicial, 6, 12 e 24 meses.
RESULTADOS: Dos 20 pacientes 4 apresentavam sintomas clínicos sugestivos, sendo vômito o mais frequente. Alteraçoes endoscópicas foram observados em 17/20, e a associaçao mucosa espessada e esbranquiçada, sulcos longitudinais e pontos de fibrina a mais comum (13/20). A média do número de eosinófilos foi de 35,6 (± 20,5) por campo de grande aumento. 4/20 iniciaram terapia com dieta de exclusao, 6/20 com dieta + corticoterapia deglutida e 10/20 apenas com corticoterapia deglutida. O inibidor de bomba de prótons foi usado em 15/20 pacientes. Após 6 meses de tratamento, observou-se melhora dos sintomas gerais em 7 pacientes. A endoscopia de controle mantinha alteraçoes em 9/20, com média do número de eosinófilos de 20,7(± 18,9). Houve necessidade de mudança de tratamento em 11/20, sendo o aumento da dose e/ou introduçao de corticoterapia deglutida a variaçao mais frequente. A taxa de adesao ao tratamento foi de 70%. Após 1 ano de tratamento houve variaçao dos sintomas em 15 pacientes, sendo que 9 melhoraram e 6 pioraram. Em 57% dos pacientes a endoscopia foi discordante dessa variaçao. Após 2 anos de tratamento os sintomas variavam em 18 /20, a endoscopia permaneceu alterada em 13 e a medicaçao mantida em 9. A média do número de eosinófilos entre os 7 alterados foi de 45,7 (±26,5).
CONCLUSAO: EoE é uma doença crônica de difícil manejo que apresenta uma dissociaçao clínico-histológica e necessidade de seguimento contínuo, com necessidade de controle endoscópico e clínico regulares e vigilância estrita na adesao ao tratamento.

2024 Associação Brasileira de Alergia e Imunologia

Rua Domingos de Morais, 2187 - 3° andar - Salas 315-317 - Vila Mariana - CEP 04035-000 - São Paulo, SP - Brasil - Fone: (11) 5575.6888

GN1 - Sistemas e Publicações